ESPECIAL! Oeste, da ascensão à queda

Oeste Futebol Clube, equipe que teve sua ascensão na década passada, atualmente encontra-se sem divisão nacional para disputar em 2023

Dos sucessos, entre títulos, classificações, acessos, até proposta da Red Bull, para rebaixamentos e sem calendário

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Torcida do Oeste protestando contra jogos fora de Itápolis (Foto: Reprodução/PFC)

Campinas, SP, 08 (AFI) – O Oeste Futebol Clube (ou simplesmente, Oeste de Barueri, e anteriormente, Oeste de Itápolis), um clube centenário, que já figurou na elite do futebol paulista e Série B do futebol nacional, hoje se encontra em queda livre, sem nenhuma divisão nacional para disputar em 2023. 

Conquistou o sucesso na década passada, sendo campeão do Brasileiro da Série C do ano de 2012, figurando a Série B no ano seguinte, disputando-a, então, por oito anos seguidos. Assim, perdurou até o seu rebaixamento no ano de 2020, com a pior campanha daquele ano.

Em meio à ascensão, o clube conquistou o título do Troféu do Interior, em 2011, e do Brasileiro da Série C, em 2012. Teve grandes aparições no cenário nacional, como a melhor campanha na Série B do Brasileiro de 2017, onde acabou em sexto lugar, brigando nas últimas rodadas pelo acesso à série A. O Oeste também foi um dos clubes procurados pelo Grupo Red Bull para formação de uma franquia, mas recusou-a, e posteriormente o grupo fechou tal negociação com o Bragantino.

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Elenco do Oeste, campeão da Série C de 2012 (Foto: Arquivo Prefeitura de Itápolis)

Até seu rebaixamento, em 2020, o Oeste fazia parte do seleto grupo de clubes tradicionais que não conhecia a palavra rebaixamento. Contracenando, na época, ao lado de São Paulo, Santos, Internacional, Cruzeiro, Flamengo e Chapecoense. Atualmente, somente São Paulo, Santos e Flamengo permanecem na lista de não rebaixados.

O Oeste é um exemplo de clube prejudicado pela pandemia do Coronavírus, quando se viu, aos poucos, já sem recursos e sem apoio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), iniciar uma queda livre, culminando sem calendário nacional no ano de 2023. Em tal ano, restaram-lhe apenas para a disputa do Campeonato Paulista da Série A2 e Copa Paulista.

Em meio à ascensão do Rubrão, o clube optou por deixar a cidade de Itápolis, após 95 anos, quando se mudou para Barueri, na grande São Paulo, mandando seus jogos na Arena da cidade. Esta, até então, era palco de outro clube, o Grêmio Barueri, que também teve uma ascensão meteórica, chegando a Série A do Brasileiro em 2010, porém uma série de rebaixamentos fez com que o clube fechasse as portas no ano de 2017.

O Oeste, tradicional de Itápolis, deixou órfãos 43.586 habitantes, pois segundo Ernesto Garcia, presidente na época, o até então Estádio dos Amauros não teria mais capacidade para receber os jogos da Série B. Seriam necessárias reformas, mas a prefeitura da cidade barrou tais investimentos em infraestrutura.  A mudança para Barueri teve um retorno de um ano, quando o Rubrão terminou o campeonato da Série B em sexto lugar, com 59 pontos, cinco a menos que o Paraná, que ascendeu à Série A com 64 pontos ganhos. Mas, pouco tempo depois, a falta de identificação com a cidade fez com que o clube tivesse uma queda livre.

ASCENSÃO

Voltaremos, porém, a alguns anos atrás. A ascensão do Oeste começou na temporada de 2010. Comandado por Paulo Comelli, o clube terminou a primeira fase do Campeonato Paulista com 26 pontos, ocupando a nona colocação, resultado que o  classificou para as semifinais do Campeonato do Interior daquele ano.  A equipe, porém, acabou sendo eliminada pelo São Caetano, após vencer na ida pelo placar mínimo em Itápolis, e sofrer o revés por 2 a 0 em São Caetano. Apesar da desclassificação, a campanha garantiu o Oeste na Série D daquele ano.

Na quarta divisão, não obteve sucesso, sendo eliminado na primeira fase, ocupando a última colocação do Grupo A9. A temporada seguinte foi mais bem sucedida. Após boa campanha no Paulistão, o Oeste caiu nas Quartas de Finais para o Corinthians, quando foi derrotado em jogo único por 2 a 1. E novamente disputou o Troféu do Interior.

CAMPEÃO DO INTERIOR E ACESSO

Nas semifinais, o Oeste eliminou o Mirassol e disputou a final com a Ponte Preta. Após perder em Campinas por 2 a 1, reverteu o placar em Itápolis, superando a Macaca por 3 a 0. Com gols de Anselmo Ramon e Fernandinho, sagrou-se campeão no mesmo ano em que completou 90 anos de existência.

RELEMBRE: Oeste 3 x 0 Ponte Preta – Rubrão é o campeão do Interior de 2011

O título deu, novamente, a chance ao clube de disputar o Brasileiro da Série D naquele ano, no qual obteve grande êxito. O Oeste terminou a fase de grupos líder do Grupo A7, com 14 pontos somados. Nas oitavas e nas quartas, eliminou o Cianorte-PR e o Mirassol, respectivamente, nos pênaltis, avançando em ambas as disputas por 4 a 3. Nas semifinais, já com o acesso garantido, acabou perdendo para o Tupi-MG.

SÉRIE C DE 2012

No ano de 2012, em sua primeira participação, sagrou-se campeão da terceira divisão nacional. Na campanha, o Oeste terminou a 1ª fase em quarto lugar do Grupo B, com 29 pontos somados, avançando à segunda fase. Assim, o time (até então de Itápolis) eliminou o Fortaleza, empatando o jogo de ida por 1 a 1, no Amaros. E superando na volta o Leão do Pici, por 3 a 1, dentro do estádio Presidente Vargas, na capital cearense. Com isso, o Rubrão já estava na Série B de 2013.

Na semifinal, encarou a Chapecoense, quando venceu o primeiro jogo por 1 a 0, na Arena Condá, e empatou sem gols, no Amaros, conquistando sua vaga para final. Na finalíssima, enfrentou o Icasa-CE, onde no estádio Mauro Sampaio, segurou o 0 a 0. Merecidamente, por fim, levantou o caneco após bater o rival por 2 a 0, no Amaros, em Itápolis.

RELEMBRE: Oeste 2 x 0 Icasa – Rubrão domina, vence e é campeão da Série C!

CAMPANHAS NA SÉRIE B

Antes de seu primeiro ano na Série B, o Oeste acabaria rebaixado no Campeonato Paulista, disputando a Série A2, no ano seguinte. Já na sua estreia na segunda divisão, o clube terminou em 15º lugar, com 46 pontos, a cinco da zona de rebaixamento. Um feito e tanto para o clube, que permaneceu na segunda divisão nacional. Na temporada seguinte, repetiu a dose, terminando no mesmo 15º lugar, porém com 48 pontos. Na temporada de 2015 e 2016, um susto: o clube terminou na porta do Z4, ocupando a 16ª colocação, com 44 e 41 pontos, respectivamente.

Em 2017, seu melhor ano. Como dito no começo da reportagem, o Oeste terminou em sexto lugar, com 59 pontos, à frente de times tradicionais, como Juventude, Goiás, Santa Cruz, Guarani, Náutico, Figueirense, Criciúma e Vila Nova. 

No ano seguinte, pesou a falta de identificação do clube com a atual cidade, e o Oeste voltou a brigar contra o rebaixamento. Terminou a temporada de 2018 na 16ª colocação, com 46 pontos, três a mais que o Paysandu, que foi rebaixado naquele ano. Repetiu a dose na temporada de 2019, quando acabou em 15º com 41 pontos, mesma pontuação do Figueirense, porém com uma vitória a mais: 8 a 7. Safou-se, assim, por muito pouco do rebaixamento também daquele ano.

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Oeste e Internacional pela Série B de 2017 (Foto Ricardo Duarte/Internacional)

PROPOSTA DA RED BULL

No ano de 2019, o Grupo Red Bull negociou a compra de alguns clubes, nos mesmos moldes de franquias como o New York Red Bull, dos Estados Unidos; o Red Bull Leipzig, da  Alemanha; e o Red Bull Salzburg, da Áustria.

Na época, o então presidente, Ernesto Garcia, recusou a venda do clube, que posteriormente acabou fechando com o Bragantino, de Bragança Paulista.

A reportagem procurou o ex-mandatário do Rubrão para saber se, caso tivesse aceitado a proposta do grupo, o Oeste estaria, atualmente, desfrutando de alguns benefícios na elite nacional, ou por exemplo, disputando a Copa Libertadores, assim como a negociação proporcionou ao Red Bull Bragantino. Porém, até o fechamento desta matéria, Ernesto não respondeu às perguntas.

PRIMEIRO REBAIXAMENTO

No ano de 2020, a mudança de cidade cobrou seu preço. Com a pior campanha, o Rubrão foi rebaixado, após oito temporadas na segunda divisão, decretando o primeiro rebaixamento de sua história. Sim, o Oeste fazia parte daquele seleto grupo de times que nunca havia conhecido um descenso em seu currículo. Com apenas 29 pontos, o clube acabou àquele campeonato em último lugar. Foi o início da queda livre…

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Oeste rebaixado na Série B de 2020 (Foto: Jefferson Vieira/Oeste FC)

NA SÉRIE C NOVAMENTE

No ano de 2021, ainda em Barueri, o Oeste amargou seu segundo rebaixamento. E, novamente, com a pior campanha. Figurando o Grupo B, o Oeste foi rebaixado, ocupando o último lugar entre 10 times, com apenas sete pontos ganhos e uma vitória. Vale lembrar que o rebaixamento de 2020 e 2021 ocorreu durante a pandemia do Corona Vírus, que estraçalhou as finanças do clube.

NA SÉRIE D DE 2022

Neste ano, o Oeste integrou o Grupo A7, classificando-se entre os quatro primeiros dentre oito times. Com  20 pontos, o Rubrão, conquistou o avanço para a segunda fase, em quarto lugar. Na sequência, o time de Barueri enfrentou o Caxias-RS, empatando os dois jogos por 1 a 1, tanto na Arena Barueri, quanto no Estádio Centenário, em Caxias do Sul. Na decisão por pênaltis, o Rubrão acabou sendo eliminado pelo placar de 6 a 5, dando adeus à competição.

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Oeste eliminado na Copa Paulista (Foto: Iago Rodrigues/Oeste)

NA COPA PAULISTA DE 2022

Em sua partição, o Oeste tinha como objetivo o título, para voltar  a disputar o Brasileiro da Série D do ano seguinte, o que não aconteceu. Apesar de lutar, acabou em quarto lugar do Grupo 3, com 14 pontos somados, sendo eliminado ainda na fase de grupos da competição.

Agora sem divisão, o Oeste tenta juntar os cacos e sonhar novamente em protagonizar nas divisões nacionais. Para isso, o clube terá o ano de 2023, através da Copa Paulista, em busca de uma nova vaga.

Em contato com a reportagem, nenhum dirigente quis se manifestar sobre a atual situação em que o Oeste se encontra… Deixando seus torcedores à deriva, ansiosos para saber quais e como serão os próximos passos do Rubrão.

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