Técnicos aprovam quinta substituição no futebol e preveem que terão mais trabalho
O objetivo da Fifa e da IFAB em autorizar que cada time possa fazer até cinco mudanças em vez das três atuais é minimizar o desgaste
por Agência Estado
São Paulo, SP, 14 - A ideia da Fifa e da International Board (IFAB, na sigla em inglês) de permitir a realização de até cinco substituições em um jogo de futebol caiu no gosto dos treinadores brasileiros. A reportagem conversou com vários técnicos e todos aprovaram a nova regra, assim como preveem a necessidade de trabalharem mais por causa dela. Caso a inovação seja aplicada no Brasil, os comandantes afirmam que será necessário treinar mais variações táticas com os elencos antes de cada uma das partidas.
O objetivo da Fifa e da IFAB em autorizar que cada time possa fazer até cinco mudanças em vez das três atuais é minimizar o desgaste dos jogadores. A proposta é temporária, válida só até dezembro deste ano.As entidades consideram que pela paralisação causada pela pandemia do novo coronavírus, os campeonatos serão retomados com uma sequência mais intensa de partidas e com os atletas fora da forma física ideal. Por isso, surgiu a ideia de dar aos treinadores a oportunidade de mexer mais vezes no time.
"Eu acho uma boa ideia, mas não é o ideal. O ideal seria realmente que se pensassem no retorno do futebol em um tempo adequado de preparação para não se ter risco de lesão", disse o técnico do Red Bull Bragantino, Felipe Conceição. A autorização para se fazer cinco substituições ainda será estudada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
REGRAS
Por outro lado, quem quiser fazer as substituições precisará parar o jogo no máximo três vezes, até para não prejudicar demais o andamento da partida. Recentemente a Fifa liberou as equipes de realizarem até uma quarta substituição, que poderia ser utilizada caso os jogos tenham prorrogação. A novidade foi utilizada inclusive na última Copa do Mundo, na Rússia.
"A mudança aumenta a possibilidade de preservação da parte física dos atletas, se houver uma sequência de jogos sem um tempo ideal de recuperação física e emocional, além de dar ao treinador a possibilidade de trabalhar mais variações táticas", explicou.
O treinador Oswaldo de Oliveira, atualmente sem clube, teve a experiência de no Japão disputar em 2019 pelo Urawa Red Diamonds a Supercopa local, competição disputada em jogo único em que é permitido se fazer cinco mudanças.
Ele disse ser favorável à nova regra porque permite ao técnico começar as alterações no time mais cedo. Na decisão, por exemplo, Oliveira mexeu duas vezes no intervalo e ainda teve direito a trocar mais outros três jogadores ao longo do segundo tempo.
"Algo muito positivo de se ter cinco substituições é você poder observar mais jogadores que queira testar, como algum destaque jovem, por exemplo. O próprio elenco também fica mais motivado porque quando os atletas reservas vão para uma partida, sabem que terão mais chance de entrar e demonstrar serviço para conquistar espaço. Acho que o futebol ficaria mais dinâmico", disse por telefone.
MUDANÇA POSITIVA
Já o treinador Péricles Chamusca, do Al-Faisaly, da Arábia Saudita, avalia a novidade como positiva, mas alerta que é preciso ter cuidado para o excesso de alterações não bagunçar o time. "Precisa ter atenção nessa questão. Como são cinco mudanças, vai chegar um momento do jogo em que metade do time foi mudado. Todos precisam ter uma leitura e conhecer pelos treinos o modelo de jogo e as funções dentro de campo", afirmou.
Para quem é jogador, a medida também é bem-vinda. "Acho que essa novidade pode ser algo positivo. Os jogadores vão ter mais chances de aparecer em um jogo. Depois dessa pandemia, fisicamente os jogadores não vão voltar tão bem e essas cinco alterações vão facilitar para quem se cansar em um jogo", comentou o goleiro Caíque França, do Oeste.