Carpini tira leite de pedra e coloca o Água Santa na final do Paulistão
Louvores, portanto, a um treinador cuja equipe saiu em desvantagem no placar, mas não se abalou e foi atrás do prejuízo nas quartas do Paulistão.
A expressão 'tirar leite de pedra' é tida quando aparentemente do nada se consegue alguma coisa. Uma expressão do sertão
Campinas, SP, 20 (AFI) – Haja emoção para a coletividade do Água Santa! Quem diria que fosse chegar à final do Paulistão, após empate por 1 a 1 com o Bragantino no tempo normal, e vitória por 4 a 2 na definição através das cobranças de pênaltis, na noite desta segunda-feira, no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, em Santos?
Claro que o Palmeiras vai para mais uma final como favorito, mas até agora o Água Santa se superou.
A expressão ‘tirar leite de pedra’ é tida quando aparentemente do nada se consegue alguma coisa. Na prática, a origem dela foi alusão à seca do sertão, quando produtores tentavam manter o gado vivo, para tirar leite, com falta de alimento, em um deserto de pedras.
Pois então dê uma espiada nominalmente no time do Água Santa e veja que no aspecto técnico poucos jogadores se sobressaem.
CAMPINAS
A rigor, vários deles tiveram passagens pelos clubes de Campinas, como o goleiro Ygor Vinhas, zagueiro Didi, meio-campistas Arthur Henrique e Luan Dias e atacante Júnior Todinho.
O Água Santa se vale da força do conjunto e principalmente de seu comandante, o treinador Thiago Carpini, que do limão consegue fazer uma boa limonada, ou melhor: tira leite de pedra daquele time.
Carpini consegue adequada compactação da equipe, com forte marcação em quase todos os setores do campo, mesmo que isso provoque desgaste exagerado dos jogadores após a metade do segundo tempo.
Por vezes a sua equipe faz marcação alta, na saída de bola do adversário, obrigando-o que ela seja ‘quebrada’.
A recomposição de atacantes de beirada é rápida, de forma que a ‘meiúca’ fique sempre congestionada.
A escolha de dois zagueiros que não sejam lentos – como Didi e Rodrigo Santos – permite ganho em antecipações de jogadas, assim como acompanhamento na velocidade de atacantes adversários.
SUPERAÇÃO
Claro que com o material humano que Carpini dispõe, o seu time superou todas as expectativas.
Louvores, portanto, a um treinador cuja equipe saiu em desvantagem no placar, mas não se abalou e foi atrás do prejuízo.
Isso serve de amostragem a outros tantos comandantes badalados por aí de que é possível extrair mais de uma equipe limitada, ao colocar em prática conceitos corretos.
Primeiro a observação na montagem do elenco e depois trabalhar com atletas comprometidos com organização de jogo.
Aí, cabe ao bom treinador fazer o tempero adequado e esperar a colheita de frutos.
GUARANI
Por sinal, quando Carpini saiu do Guarani injustamente, prognostiquei que faria carreira.
À época, no comando de um time com excesso de erros de passes, teve sabedoria de trabalhar toques curtos e certeiros, mesmo que provocassem lentidão.
A partir daí começou o natural processo de ajustes, com implementação de jogadas ofensivas, de forma que fosse possível transformar um time limitado em ‘mais ou menos’.
GOLEIROS FALHAM
Os dois gols do jogo da semifinal desta segunda-feira, do Paulistão, foram originados por falhas dos goleiros.
No Bragantino, aos oito minutos do primeiro tempo, Hurtado cruzou rasteiro, da direita, e o centroavante Alerrando, de calcanhar, tocou para a rede, com a colaboração do goleiro Ygor Vinhas.
O empate ocorreu aos cinco minutos do segundo tempo, ocasião em que o goleiro Cleiton tentou driblar o centroavante Mezenga, alongou demais a bola, que se ofereceu para Lucas Tocantins aproveitar.
EXPULSÕES
Quando o jogo parecia ter ficado a caráter para o Bragantino, devido a estúpida expulsão de Rodrigo Santos, que agrediu Artur do Bragantino com cabeçada, aos 20 minutos, eis que o volante Matheus Fernandes, do time de Bragança Paulista, que tinha cartão amarelo, fez falta dura e também foi expulso, aos 29 minutos.
No tempo restante, com o Água Santa desgastado fisicamente e se defendendo, coube ao Bragantino apenas insistir em bola cruzada à área adversária, porém sem êxito.
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