Itu, SP, 19 (AFI) – Não é fácil levar um clube do interior de São Paulo ao título do Campeonato Paulista. O Ituano foi o último a conquistar essa proeza e há dez anos. Em 2014, o Galo de Itu superava os grandes para conquistar o bicampeonato estadual. 

De 2000 para cá, apenas Ituano (duas vezes – 2002 e 2014) e São Caetano (2004) conseguiram chegar ao topo do Estado e quebrar a hegemonia de Palmeiras, Corinthians, Santos e São Paulo. A tarefa foi árdua. Dos quatro principais candidatos ao título, o Galo superou todos para se tornar campeão.

“Foi um momento especial. Eu assumi o time no ano anterior e pudemos iniciar a construção da equipe a partir daí. Conseguimos livrar o clube do rebaixamento e seguramos a base, que chegou a disputar a Copa Paulista. Usamos a competição como um laboratório e construímos uma equipe forte. Nosso planejamento era fazer a pontuação para nos salvar. Com o passar dos jogos, fomos pegando confiança. Tivemos um jogo marcante contra a Ponte Preta, em Campinas. Vencemos e entendemos, a partir desta partida, que poderíamos enfrentar qualquer time do Paulistão. Era um grupo equilibrado, com uma defesa forte. O Salles era muito técnico, o Caucaia tinha um potencial muito grande, o Paulinho cresceu muito durante o torneio. O Esquerdinha entrou muito bem, o Cristian, apesar da idade, fez a diferença. Tínhamos também nomes importantes no banco que nos ajudaram muito”, disse Doriva, em entrevista exclusiva ao Portal Futebol Interior.

O Ituano ficou à frente do Corinthians na primeira fase, bateu o São Paulo, no Morumbi (1 a 0), derrotou o Palmeiras na semifinal (1 a 0) e fez a festa frente ao Santos, na grande decisão, ao levar a melhor nos pênaltis. Venceu o primeiro jogo por 1 a 0, mas perdeu a volta pelo mesmo placar.

“Tivemos jogos complicados. Nas quartas de final, enfrentamos o Botafogo. Enfrentamos como uma final e ganhamos nos pênaltis. As duas equipes fizeram um campeonato brilhante e poderiam passar, mas fomos mais felizes. Contra o Palmeiras, também foi complicado. Mas conseguimos nos defender muito bem e o Marcelinho entrou para fazer o gol da vitória. Estava muito nervoso, pois pedi para ele fazer uma função e ele fez tudo diferente. Estava falando para o banco que ele não jogaria mais, aí foi lá e fez o gol da vitória. Ele entendeu a minha cobrança, conversamos e ficou tudo certo. A final foi sensacional, dois jogos no Pacaembu. Fizemos um primeiro jogo brilhante. Ganhamos por 1 a 0, mas poderia ter sido muito mais, jogamos bem melhor. No segundo jogo, Oswaldo de Oliveira acabou montando o Santos de forma diferente e nos surpreendeu. No intervalo, fiz algumas cobranças, conseguimos colocar a bola no chão e levamos o jogo para os pênaltis”, disse.

TÍTULOS NOS PÊNALTIS

E teve emoção nos pênaltis. Jackson Caucaia colocou o Ituano na frente, mas Cícero empatou. Anderson Salles, o melhor cobrado da equipe, parou em Aranha, e Alan Santos virou a favor do Santos. Marcelinho, David Braz e Esquerdinha marcaram, mas Rildo deu sobrevida ao Galo ao chutar na trave. Marcinho e Gabriel levaram as cobranças para as alternas.  Jean Carlos, Arouca, Dener e Alisson não perdoaram. Coube ao goleiro Vagner marcar o gol do título do Ituano, que foi confirmado com a defesa do arqueiro em cobrança do ex-zagueiro Neto.

​”Tínhamos no elenco muitos jogadores que passaram por grandes clubes e estavam tentando reencontrar o futebol. Foi muito bonito ver eles superando barreiras e conquistando o título. Conseguimos extrair o melhor de cada um. Eu, como comandante daquele grupo, fico muito feliz de ter ficado marcado na história de Itu. Eu cheguei, inclusive, a receber um livro, naquele ano, contando a história de quando fui campeão pelo Middlesbrough e deixei no vestiário para os jogadores pudessem ver as imagens e até ler. Acabou servindo de inspiração para fazer história. Essa conquista está eternizada na minha vida e em todos que participaram daquele momento. Não vai ser fácil outra equipe do interior ser campeã novamente, não acontece desde 2014″, completou.

SAIBA POR ONDE ANDA OS CAMPEÕES DE 2014 PELO ITUALO:

Goleiro: Vagner – Aos 34 anos, Vagner é titular do Náutico, time no qual defende desde 2023. Após deixar o Ituano, rodou por Avaí, Palmeiras, Mirassol, Guarani, Londrina, Novorizontino e Chapecoense. No time de Palestra Itália, teve sua maior chance, mas não teve muitas oportunidades.

Lateral-direito: Dick – Tem 39 anos e hoje joga no futebol amador. Seu último clube no profissional foi a Portuguesa Santista, em 2019. Teve passagens ainda por Joinville, CSA, URT, Paraná, dentre outros.

Zagueiro: Alemão – Continua em atividade pelo time do Sergipe. Alemão tem 37 anos e defendeu o Inter de Santa Maria no ano passado. Jogou também por Santa Cruz, Criciúma, Figueirense e muitos outros.

Zagueiro: Anderson Salles – Após deixar o Ituano, Anderson Salles chegou ao Vasco, mas disputou apenas 30 jogos pelo clube. Aos 35 anos, o jogador está na sua quarta temporada no Bhayangkara, da Indonésia.

Lateral-esquerdo: Dener Assunção – Foi uma das vítimas na tragédia da Chapecoense com o avião da LaMia, em 2016. Ele faleceu com 25 anos. Jogou também pelo Coritiba.

Volante: Josa – Pendurou as chuteiras em 2022, quando jogava no Castanhal-PA. Teve passagem marcante pelo Náutico, onde iniciou a carreira de auxiliar técnico. Tem 39 anos.

Volante: Paulinho – Tem 34 anos e defende as cores do Hercílio Luz-SC. Rodou o Brasil, após deixar o Ituano, passando por Náutico, Ponte Preta, Criciúma, Santa Cruz, Mirassol, Volta Redonda, dentre outros.

Volante: Jackson Caucaia – Disputa o Campeonato Carioca pelo Audax Rio. Com 36 anos, atuou também por Figueirense, Vasco, Ceará, Ferroviário, Caucaia, e muito mais.

Meia: Cristian – Um dos principais nomes da conquista do Ituano, Cristian “Mendigo” se aposentou em 2020, após passagem pelo Santo André. No Ituano, recuperou o bom futebol, após passagens frustradas, inclusive, pelo Palmeiras. Depois, ainda jogou por Ponte Preta, Paraná, Mogi Mirim e Ferroviária.

Meia: Esquerdinha – Dos campeões, Esquerdinha teve uma carreira mais discreta e hoje defende o Maguary-PE.  Ele chegou a se aventurar na Arábia Saudita e jogou por muitos clubes do Brasil, dentre eles, Fortaleza, Náutico, Cuiabá e ASA. Tem 34 anos.

Atacante: Rafael Silva – Aos 33 anos, Rafael Silva joga pelo Sri Pahang FC, da Malásia. Depois do Ituano, jogou por Vasco, Cruzeiro, Guarani e por muitos clubes do exterior. Ano passado, voltou ao Galo de Itu.

Técnico: Doriva – Teve seu último trabalho como treinador no São Bento, em 2019. Passou a ser auxiliar de Syvinho, ex-Corinthians. Hoje, faz parte da comissão técnica da seleção da Albânia, que conquistou uma classificação histórica para a Eurocopa. Já comandou Vasco, Athletico-PR, Ponte Preta, etc.

Reserva: Jean Carlos – Aos 39 anos, defende o Andraus, time que disputa a Primeira Divisão do Campeonato Paranaense. Rodou por times menos expressivos, como Juventus-SP, Nacional-PB, Nação-SC e Glória-SC.

Reserva: Marcelinho – É reforço do Desportivo Brasil para a disputa da Série A3 do Paulista. Tem 33 anos e jogou por São Caetano, XV de Piracicaba, São Bento, Paraná e Metropolitano.

Reserva: Marcinho – Encerrou a carreira logo após o título, em 2015, quando jogava pelo Amparo. O ex-meia do Palmeiras tem 42 anos e hoje é treinador do Ituano.

*Os jogadores mencionados estiveram na final decisiva contra o Santos.

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