RUMO A DOHA, por Vicente Datolli

Diferente dos brasileiros, treinadores estrangeiros não reclamam do calendário

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Treinadores estrangeiros, como Guardiola, não reclamam do calendário (Foto: Divulgação)

Campinas, SP, 02 (AFI) – Quantas vezes o leitor já ouviu treinadores e jogadores que trabalham no Brasil falando que o calendário é duro, não propicia tempo para treinamentos, desgasta etc e tal?

Não há novidade alguma nisso, não é mesmo?

Em ano de Copa do Mundo (e este ano teremos uma Copa do Mundo, em novembro e dezembro, no Qatar – a razão desta nossa conversa semanal), então…

Não há um só treinador que não proteste. Principalmente quando os resultados não são aqueles esperados.

Acho curioso, apenas, que essas reclamações aconteçam no futebol brasileiro. E vou explicar.

As equipes europeias, onde atua boa parte dos jogadores que estará em Doha no fim do ano, participam de competições nacionais (semelhantes ao nosso Brasileiro, com 20 equipes na maioria dos casos); jogam a Liga dos Campeões, ou a Europa League, ou a Conference League (como aqui, com Libertadores e Sul-Americana); disputam copas nacionais (em alguns países são duas, enquanto aqui temos apenas a Copa do Brasil)… E ainda arrumam tempo para amistosos (eles não têm campeonatos estaduais).

Por que será, então, que os treinadores europeus não utilizam a muleta do calendário para explicar maus resultados?

Discussão longa e que jamais terá resposta, acreditem.

Voltando a falar diretamente de Copa… Acredito que o Mundial do Qatar será extremamente físico, ou melhor, será um Mundial no qual levará vantagem quem estiver mais bem condicionado fisicamente.

E não será o primeiro, não.

Apenas para mexer com o coração do torcedor, lembro que em 1970, no México, além do grupo de jogadores acima da média (Pelé, Tostão, Rivellino, Jairzinho, Gérson, Carlos Alberto Torres…), a seleção brasileira “sobrava” no aspecto físico.

Os jogos eram disputados sob calor intenso (como acontecerá em Doha), e o Brasil terminava sempre “voando”, enquanto os rivais… A Itália teve de sofrer com uma prorrogação contra a Alemanha para chegar à final – e literalmente morreu em campo no segundo tempo da decisão.

Para o Mundial do Qatar, os jogadores que atuam na Europa chegarão depois de uns 15 jogos pelos campeonatos nacionais e com a primeira fase da Liga dos Campeões encerrada, ou seja, numa temporada de vinte e poucos jogos (estou considerando aqui umas partidas de copas nacionais e os tais amistosos de pré-temporada).

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