'Pelé Morreu' no Brinco de Ouro em 1967, num fato inacreditável

Ele mergulhou e, de cabeça, fez o gol. Mas trombou com a trave, ficou desacordado, causou apreensão e lágrimas, e levou a torcida ao delírio ao 'ressuscitar'

Quase cinco minutos depois, ainda estático no gramado, alguém nas dependências vitalícias do Guarani irrompeu o silêncio: 'Pelé morreu'.

Pelé em Campinas
Pelé caiu desacordado e gerou pânico no Brinco

Campinas, SP, 29 (AFI) – O grito ‘Pelé morreu’ eu ouvi pela primeira vez no dia três de dezembro de 1967, quando, no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas, o então ponteiro esquerdo Edu Jonas cruzou e Pelé mergulhou na bola. Ou melhor: ficou na horizontal, em situação paralela ao gramado.

Ao se atirar na bola, em tempo de encontrá-la e mandá-la ao fundo das redes do finado goleiro Dimas, do Guarani, naquele empate por 1 a 1, provocou susto.

Detalhe: após a testada, a cabeça do ‘rei’ continuou ‘voando’ e colidiu violentamente contra a antiga trave de madeira do lado esquerdo, sentido cabeceira norte.

Desacordado, silêncio generalizado no estádio. Quase cinco minutos depois, ainda estático no gramado, alguém nas dependências vitalícias do Guarani gritou: ‘Pelé morreu’.

Pior é que o ‘dito cujo da fake news’ estava com radinho de pilha colado ao ouvido, aumentando a suspeita de informação possivelmente colhida por repórter, no gramado.
APREENSÃO E LÁGRIMAS

Pronto. Semblantes constritos de torcedores. Lágrimas começaram a brotar de quem já imaginava o pior, pela proporção do choque.

E quando Pelé ‘ressuscitou’, aqueles, como eu, já precipitadamente ‘enlutados’, o aplaudimos de pé.

Nesta quinta-feira, 29 de dezembro, como gostaríamos que aquele grito de ‘Pelé morreu’ fosse mais um igual ao de três de dezembro de 1967, mas quis o destino que não fosse. O empate por 1 a 1 foi comemorado pelos bugrinos como um título.

Aos 82 anos de idade, em decorrência de um câncer no colo ter avançado para outros órgãos, Pelé partiu para outro destino, na certeza que jamais será superado enquanto mundo for mundo.

Dele, com a singular voz grave, já não mais ouviremos a palavra mais repetida durante as entrevistas: ‘entendeu?’.

FICHA TÉCNICA

E pra matar saudade daquele grito mentiroso ‘Pelé morreu’, de dezembro de 1967, vamos à ficha técnica daquele jogo, que à época começava às 15h45.

Santos, do técnico Antoninho, com Gylmar; Lima, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Buglê; Edu, Toninho, Pelé e Abel.

Guarani, de Alfredinho Sampaio, com Dimas; Miranda, Paulo, Tarciso e Diogo; Tonhé e Milton; Carlinhos, Osvaldo, Parada e Wagner.

Num frangaço do goleiro Gylmar, Milton empatou para o Guarani, com arbitragem de Etelvino Rodrigues.

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