Paulista A2: Daniel Costa quer acesso com o XV de Piracicaba para alegrar a cidade

Meia piracicabano quer fazer história com equipe de sua cidade natal e honrar memória do irmão Michel

Meia piracicabano quer fazer história com equipe de sua cidade natal e honrar memória do irmão Michel

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São Paulo, SP, 28 – Com 400 mil habitantes, Piracicaba é conhecida por ser uma cidade que ‘abraça o time’. É frequente que o XV de Piracicaba esteja entre as melhores médias de público dos torneios que disputa.

Mesmo em tempo de pandemia e restrição de torcida no estádio, a famosa frase ‘você nunca estará sozinho’ faz sentido para a equipe, que tem em seu camisa 10, Daniel Costa, um representante dentro de campo. Rodado no futebol, ele retornou ao clube após 12 anos para dar uma alegria para sua cidade natal.

Nascido em Piracicaba, Maikel Daniel Costa é o irmão mais novo de uma família de quatro filhos. Miguel, o pai, disputou torneios amadores na cidade. Michel, o irmão mais velho, iniciou no XV e chegou a ser campeão brasileiro pelo Vasco. Também chamado Miguel, o irmão do meio atuou até os juniores no XV, enquanto Michele, a irmã, sempre esteve na torcida.

(Foto: Rodrigo Corsi/Paulistão)

(Foto: Rodrigo Corsi/Paulistão)

Ainda aspirante a jogador, Daniel Costa acompanhava o XV de perto já em 2004. À época, ele tinha apenas 16 anos e estava na arquibancada para ver o irmão Michel, sete anos mais velho. “Ele começou no XV e depois jogou pelo Vasco-RJ, onde foi campeão da Copa João Havelange. Voltou ao XV em 2004. Eu vinha sempre nos treinos, vinha ver os jogos dele”, conta. Naquele ano, o XV de Piracicaba recebeu o Noroeste e precisava vencer para subir para a Série A2. Michel chegou a marcar o gol que daria o acesso, mas ele foi anulado. “Eu estava no estádio. Saiu o gol, eu desci as escadas da cativa comemorando. Depois de uns 15 segundos que eu percebi que tinha sido anulado. Seria muito importante. Ele ficaria marcado”, recorda. Michel encerrou a carreira em 2011 e acabou falecendo precocemente em 2017, em virtude de uma leucemia.

A vida de Daniel Costa seguiu ligada ao XV de Piracicaba. Nas categorias de base, ele fez parte de uma campanha histórica da equipe, que terminou com o vice-campeonato paulista sub-20. “A gente vinha de uma base de dois anos já. Em 2007, meu irmão jogava na República Tcheca e fui para lá fazer um teste. Acabei passando, mas o XV quis uma compensação financeira e acabei voltando. O campeonato estava em andamento, mas como eu já conhecia o time fui integrado. Classificamos na primeira fase e na segunda eliminamos o São Paulo. Nosso time foi pegando corpo, confiança… Na final acabamos perdendo para o Santos. Eles tinham um time muito bom, com atletas que hoje são de alto nível. Hudson, Wesley, Tiago Luis, Ganso, Alemão…”, conta o meia, que deixou o clube logo na sequência para seguir sua carreira.

Em 2011, Daniel Costa e XV de Piracicaba voltaram a se reencontrar. Após vencer os dois primeiros jogos do quadrangular semifinal, o time piracicabano teve a chance de acesso logo na terceira rodada. O Barão de Serra Negra lotado, porém, viu a atuação de Daniel Costa frustrar a expectativa da torcida. “Se o XV ganhasse, já subia. O estádio estava lotado, mas como digo ‘quando você tá em casa, você se sente à vontade’. O Barão posso dizer que é minha casa. Fiz dois gols e fui expulso. Foi uma sensação diferente, pela importância do jogo, muitos amigos e familiares no estádio, depois muita gente me ligando, mas a gente sabia que o XV subiria, só deu uma atrasadinha”, relembra. O resultado foi fundamental para o time de Catanduva, que conquistou o acesso junto aos piracicabanos.

Daniel Costa foi o capitão do CSA-AL na conquista da Série C em 2017 (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Daniel Costa foi o capitão do CSA-AL na conquista da Série C em 2017 (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

O jogador ainda teve passagens marcantes pelo Nordeste e uma experiência internacional na Turquia. “No Santa Cruz-PE foi uma passagem muito boa. Tivemos o acesso para a Série A. Depois fomos campeões da Copa do Nordeste e tricampeão pernambucano, mas no CSA-AL foi mais marcante. Eu participei mais dos jogos, era capitão, tive um protagonismo e ficou marcado mais por conta disso”, avalia. “Passei oito meses na Turquia. Foi uma experiência boa. Meu filho mais novo nasceu lá. Infelizmente não consegui me adaptar muito ao estilo de jogo. Era um time da segunda divisão e daí o treinador queria um outro estrangeiro e acabei rescindindo, mas trago as coisas boas de lá. Com certeza seria um lugar que eu voltaria”, completa.

Retorno para casa

Após 12 anos fora, Daniel Costa retornou para sua cidade natal. “O XV me procurou em dezembro de 2019. Como eu estava de férias eu esperei um pouco mais. Precisava dar uma descansada. Eles insistiram, apareceram outras situações, até para voltar ao Nordeste, mas não me motivou. Pelas pessoas que estão na diretoria do XV e como acompanhei no ano passado a Série A2 e Copa Paulista, eu vi que era um grupo que ia brilhar novamente. Eu e minha família resolvemos ficar aqui, mais perto dos nossos pais. Vimos que foi a melhor escolha”, conta ele, que é casado com uma piracicabana.

No Paulistão A2 Sicredi, Daniel Costa é quem mais tem participações em gols. Foram cinco marcados, além de sete assistências dada para companheiros. “Eu tenho minha característica que é a bola parada. A gente sabe que é um campeonato muito truncado, de muita marcação. Eu me preparei bem e a gente treina bastante, então os gols e assistências aconteceram por esse motivo”, fala.

O camisa 10 quinzista não esconde que seria especial fazer o gol do acesso para dar à torcida as alegrias tiradas em 2004 e 2011. “Com certeza passa na cabeça, ainda mais pelos últimos jogos que os gols aconteceram para mim. Mas é o velho clichê: não importa quem faça o gol, o importante é o acesso. Se acontecer, será bem marcante para mim, pois poucos jogadores conseguem jogar pelo time do coração, pelo time que torce a ainda conseguir o objetivo. Vim para cá com esse objetivo de conquistar esse acesso que vem batendo na trave há alguns anos”, fala.

O XV de Piracicaba visita o São Caetano na próxima quarta-feira, às 16h30, no estádio Anacleto Campanella. Após o empate no primeiro jogo, que vencer conquistará o acesso para a elite estadual. Em caso de novo empate, a decisão será nos pênaltis.

Por Ruben Fontes Neto