Não se iluda com essa vitória da Ponte Preta em Rio Claro

Em vez de exaltação à performance da Ponte Preta, mesmo vencendo, reflita sobre preocupação, naturalmente projetando-se real possibilidade de acesso do clube ao Paulistão 2024.

A mídia, em geral, acompanha o sopro do vento. Se não exagera em aplausos, pelo menos minimiza críticas a atletas do time vencedor

Paulista A2 - Rio Claro 1 x 3 Ponte Preta
Hélio dos Anjos exagerou nos elogios à Ponte Preta. Foto: Thiago Almeida - PontePress

Campinas, SP, 8 (AFI) – A cada final de jogo, durante as entrevistas, o ex-treinador Jair Picerni sempre repetia o bordão que ‘futebol é resultado’.

Quando se ganha tudo é festa, a ponto de o treinador pontepretano Hélio dos Anjos exagerar com citação que o jogo contra o Rio Claro foi o mais difícil que enfrentou nesta Série A2 do Paulista.

A mídia, em geral, acompanha o sopro do vento. Se não exagera em aplausos, pelo menos minimiza críticas a atletas do time vencedor.

Foi o caso da Ponte Preta ao sapecar 3 a 1 diante do Rio Claro, na condição de visitante, na tarde desta quarta-feira.

Em vez de exaltação à performance da Ponte Preta, mesmo vencendo, reflita sobre preocupação, naturalmente projetando-se real possibilidade de acesso do clube ao Paulistão 2024.

CESINHA

Se o meia Cesinha, do Rio Claro, não perdesse gol incrível, quando o deixaram livre na área, com chute em cima do goleiro pontepretano Caíque França, como ficaria?

Sim, o ‘se’ não conta, você contra-argumenta. Todavia, esse gol feito perdido pelo jogador do time mandante, aos 16 minutos do primeiro tempo, refletia o claro predomínio dos camisas azuis, quando o placar acusava empate por 1 a 1.

Se o time pontepretano tem contrariado as suas próprias características de colocar a bola no chão, trocando-a por chutões em incontáveis jogadas, claro que precisa retomar ao seu adequado modelo.

Paulista A2 - Rio Claro 1 x 3 Ponte Preta
Jogadores da Ponte Preta aplaudem torcedores no final do jogo. Foto: Thiago Almeida – Ponte Press

JEH DE NOVO

Os primeiros três minutos de partida, desenhados como se fosse reaparição daquela Ponte Preta de início do Paulista da Série A2, tiveram expectativa contrariada, na continuidade.

Naquele começo, uma bobeira da defesa do Rio Claro permitiu que o centroavante Jeh ficasse de frente para o goleiro Victor Golas, mas o chute foi nos pés dele.

Todavia, em outro duelo entre ambos, em falha clamorosa de Golas, que errou em saída de bola, Jeh não perdoou: Ponte Preta 1 a 0.

GUSTAVO SAPEKA

Se o gol relâmpago assustou o Rio Claro, aos poucos os seus jogadores foram se recompondo na partida, atacando principalmente com incursões do lateral-direito Alisson.

Assim, o empate fez justiça àquele rendimento, pois aos 14 minutos, em falha que começou com o improvisado pontepretano Artur no miolo de zaga e culminou com o lateral Júnior Tavares perdendo a disputa na arrancada de Gustavo Sapeka, que completou o lance com chute forte e indefensável: 1 a 1.

A partir de então, a cara do jogo foi ‘lá e cá’, sem que oportunidades reais fossem criadas.

Isso se prolongou até aos 36 minutos, quando o zagueiro Mateus Silva ganhou disputa de bola pelo alto, após cobrança de escanteio, e recolocou a Ponte à frente do placar: 2 a 1.

ÉLVIS NÃO FOI BEM

Dividir méritos do lance com o meia Élvis, pelo fato de ter cobrado o escanteio, é relativo.

A cobrança foi aberta, no primeiro pau, em bola que qualquer um dos dois jogadores do Rio Claro, na jogada, poderia ter interceptado.

Na prática, Élvis andou literalmente em campo. Realizou a sua pior partida com a camisa da Ponte.

De certo o forte calor, impróprio para jogo com início às 15h, influenciou para que tivesse atuação apagadíssima.

Logo, não seria exagero se fosse sacado no intervalo, e não apenas aos 21 minutos do segundo tempo.

ULTRAPASSADO 4-2-4

O erro de distribuição do meio de campo da Ponte Preta foi determinante para que o Rio Claro explorasse aquele buraco.

Se Élvis jogou parado e atrevidamente o volante Matheus Jesus quis se adiantar, como se fosse atacante, o meio de campo pontepretano ficou desguarnecido, com atribuição apenas para Léo Naldi e Ramon no desarme.

Isso resultou em o Rio Claro ganhar rebotes no setor e se reorganizar ofensivamente.

Como os laterais Mailton e Júnior Tavares não mostraram efetividade no apoio ao ataque, a Ponte perdeu em criatividade e os seus jogadores de frente deixaram de ser abastecidos adequadamente.

Paulista A2 - Rio Claro 1 x 3 Ponte Preta
Léo Naldi fez um belo gol no final. Foto: Thiago Almeida – Ponte Press

MEXIDAS PROVIDENCIAIS

Aquele cenário resultou em tremendo desgaste para o volante Ramon que, exausto, teve que ceder lugar para Felipe Amaral.

E precisava de Dos Anjos permanecer com Élvis em campo até os 21 minutos do segundo tempo?

Por falta de opções, colocou o atacante Eliel no lugar dele, porém com atribuição principalmente de preencher espaços no meio de campo.

E foi com Eliel que a Ponte teve chance real de ampliar a vantagem, mas a desperdiçou, aos 25 minutos.

A tardia saída de Matheus Jesus, para entrada do volante Fraga – que sabe picotar o jogo, – ajudou a dar sustentação à defensiva, e ainda permitir que Léo Naldi pudesse se soltar ao ataque. Com muito ganho quando, aos 46 minutos, ao arriscar finalização de pé esquerdo, de fora da área, surpreendeu o goleiro Golas, ocasião em que marcou o terceiro gol do time pontepretano.

DUDU

A sequência de oportunidades dada ao atacante Dudu mostra que Dos Anjos precisa buscar outra opção na faixa esquerda de ataque, pois ele não dá sequência às jogadas.

Assim, Gui Pira, que tem entrado com relativa desenvoltura em partidas desta Série A2, já faz por merecer oportunidade, convencionando que atletas em recuperação como Éverton e Pablo Dyego ainda não estejam apto.

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