Dia do treinador. E cabe comemoração por aqui ?

Bons tempos de Renganeschi, Ênio Andrade e Cilinho. Leia no Blog do Ari

Piora de qualidade de treinadores é flagrante nas categorias de base e isso atrapalha

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Nem Tite é unanimidade

Dia do Treinador. Constatação lógica é que atravesso má fase como analista de futebol. Nem o diretor do portal FI, Élcio Paiola, anda lendo o BLOG DO ARI. Do contrário não me enviaria e-mail sugerindo que escrevesse sobre o ‘Dia do Treinador’, marcado neste 14 de janeiro.

Ora, dias atrás produzi texto citando exatamente que treinadores brasileiros não redescobrem a essência de nosso futebol.

Citei que há tempo tenho dito que o futebol brasileiro está chato, notadamente entre equipes de segundo e terceiro escalão.

Por que esse retrocesso? Essa escassez de qualidade?

Lembrei que já não se revela talentos por motivos diversos. Um deles outros hábitos da criança e adolescente avessos ao futebolzinho. É fato igualmente que campinhos em terrenos baldios desapareceram e, de quebra, nossos treinadores copiaram o modelo europeu de se praticar futebol de intensidade, na base de atacar e defender em massa.

DRIBLE

Logo, o drible foi relegado. ‘Toca a bola, garoto’, gritam treinadores da base, que privilegiam o passe ao individualismo.

A nova geração de treinadores cobra centros de treinamentos exemplares, como se isso implicasse em ganho considerável na qualidade de suas equipes.

RENGANESCHI

Lamento não terem conhecido o saudoso treinador Armando Renganeschi quando do comando do elenco do Guarani em 1963/64.

A programação de treino tático começava com três toques na bola para cada jogador e era finalizada com um toque apenas.

E eu lá, na arquibancada do Estádio Brinco de Ouro, observando que o boleiro pensava naquilo que deveria fazer com a bola antes de receber o passe.

E como se virava a bola com incrível facilidade de uma lateral a outra, com acerto de passe.

Aí dirão que os tempos são outros, que o futebol mudou, que preciso me atualizar, etc., etc.

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Cilinho e ataque mágico do São Paulo

PIOR

Sim, mudou pra pior. Quando se vê aglomeração de jogadores em determinada faixa de campo, a nova safra de treinadores não trabalha pra que isso seja evitado, pros atletas se condicionarem a virada de jogo, em vez daquele amontoado de boleiro num perde e ganha inconsequente da jogada.

A regressão na capacidade de treinadores é marcante quando observa-se atacante de beirada hábil e rápido, geralmente tormento para marcadores, com obrigação de gastar energia no trabalho de recomposição, pra marcar arrancadas de laterais.

BASE

Piora de qualidade de treinadores é flagrante nas categorias de base.

Infelizmente a maioria é carreirista e fica de olho na abertura de vaga no profissional.

Hoje, eles ignoram a missão precípua na formação de atletas, que é trabalhar fundamentos.

Correções de passes, aprimoramento no cabeceio, incentivo ao drible são coisas fundamentais que os tais professores deveriam trabalhar, mas ficam ‘fissurados’ em tática & tática.

Aí, quando do lançamento do garoto ao profissional, torcedor até se arrepia ao constatar erro de passe de três metros, ou outros atrevidos se dispondo a lançamentos sem a devida habilitação para a finalidade.

Pior ainda quando se observa uma infinidade de atacantes que não sabem enfrentar goleiros, exatamente por falta de treino específico na base.

TITE

Se Tite, que deveria ser o treinador referência por comandar a Seleção Brasileira, está distante de ser unanimidade, imaginem a treinadorzada por aí.

Por essas e outras que a cartolada tem buscado em Portugal e América do Sul treinadores, em sinal claro que os domésticos estão devendo.

Quando mostram sabedoria no gramado pecam como gestores de grupo, fingindo não enxergar o ‘boleirão’ avesso a treinamentos, ou aqueles que ‘quebram a noite’ irresponsavelmente.

ÊNIO ANDRADE

Logo, a reciclagem da treinadorzada espalhada pelos clubes brasileiros passa por copiar comandantes exemplares como o saudoso Ênio Andrade, que tinha capacidade para criar situações variadas em elencos.

Se não havia fluidez de jogo de meio-campistas, ele trabalhava bola alongada de trás visando atacante de beirada, já nas proximidades da área adversária.

Saudoso Cilinho tinha perspicácia para alterar posições de jogadores, como ao explorar o potencial do saudoso zagueiro Marcão – revelado na Ponte Preta – como centroavante, exatamente para usar a estatura dele de dois metros de altura, no jogo aéreo ofensivo.

Exemplos de deslocamentos de posições de jogadores ocorriam aos montes.

Quem viu Júnior na lateral-esquerda do Flamengo talvez não imaginasse que a posição de origem dele era meia de armação.

Enfim, escassearam no Brasil treinadores de capacidade singular, e por isso espera-se que o assunto ganhe amplo debate, pra que as coisas sejam recolocadas nos eixos.

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