COLUNA FI: RUMO A DOHA, por Vicente Datolli

Guerra entre Rússia e Ucrânia é assunto de mais uma Coluna FI do competente Vicente Datolli

Russia CopadoMundo 2022
Seleção russa foi excluída da Copa do Mundo do Catar após os ataques à Ucrânia

Amigo internauta! Esta é mais uma Coluna FI de Vicente Datolli.

Em meus mais de 30 anos de jornalismo esportivo tenho alguns pequenos orgulhos. Um deles, importante, é de jamais ter atrasado o horário de fechamento dos jornais nos quais trabalhei. Modestamente, a velocidade com que conseguia escrever me deixava responsável, normalmente, pelo chamado segundo clichê, ou segunda edição – para quem não entende a terminologia jornalística, era eu quem fazia a atualização da página, depois de um jogo que terminava lá pelas 23h50 quando o horário final era meia-noite.

E por que faço essa introdução? Simples… Nesta semana, por pouco não deixei na mão o meu editor. E, infelizmente, por uma razão nem um pouco nobre. Com essa confusão mundial que se iniciou com a invasão das tropas russas à Ucrânia, esperei até o último momento para saber o que poderia escrever nesta terceira etapa do nosso Rumo a Doha. Até o momento em que escrevo, a Rússia está punida pela Fifa. O que isso quer dizer? Que a seleção russa não poderá participar da repescagem europeia, buscando uma das vagas para a Copa do Mundo de novembro.

Na semana passada, quando procurei avaliar a repescagem do Velho Continente, lembrei que a Rússia fora encaminhada, por sorteio, para o chamado Grupo B da repescagem, ao lado de Polônia, Suécia e República Tcheca. O primeiro jogo dos russos, em Moscou, no fim deste mês, seria contra a Polônia – se vencessem, enfrentariam o ganhador do duelo entre suecos e tchecos. Isso, até o momento (faço questão de frisar esse condicional), não mais acontecerá. A Rússia está fora.

Só que a Fifa ainda não definiu se substituirá o rival dos poloneses ou, simplesmente, vai determinar um W.O., o que seria uma grande vantagem para a seleção da Polônia – o mesmo país que até agora é o que mais recebe os refugiados ucranianos. Há quem fale na realização de um triangular entre os “restantes”, mas ainda não há qualquer definição.

Há indefinição, também, no Grupo A, onde estão Escócia, Ucrânia, País de Gales e Áustria. Neste caso, porém, devemos falar em indefinições. Será que a Ucrânia conseguirá montar uma equipe para jogar uma repescagem para a Copa do Mundo? Se sim, caso avance e por acaso seja sede da partida decisiva pela vaga, já se sabe que deveria disputá-la em campo neutro. Mas… Onde?

Os eternos críticos de tudo já começaram até a especular sobre a possibilidade de não termos Copa do Mundo. Os mais céticos (e ranhetas, vamos falar a verdade), dizem que se a Fifa adotou a postura contra a Rússia por causa da violação de direitos humanos, deveria fazer o mesmo contra a sede do Mundial, diversas vezes acusada de não respeitar os trabalhadores que executaram, por exemplo, as obras dos estádios para a Copa do Mundo, que viveriam em regime análogo à escravidão. Até agora não há qualquer menção sobre o tema por parte da Fifa.

Uma coisa, porém, é certa: a situação de conflito entre Rússia e Ucrânia vai afetar o esporte mundial. E a Copa do Mundo não vai escapar disso. Resta saber se a Fifa irá manter a postura de força até agora demonstrada. Ninguém esquece as sorridentes imagens de Gianni Infantino, presidente da Fifa, ao lado de Vladimir Putin, há quatro anos, na Copa da Rússia – nem que o presidente russo, quebrando todos os protocolos, colocou a mão no troféu de campeão do mundo, o que é proibido (ou melhor, não recomendado).

Tal honraria (tocar o troféu) é reservada apenas para os jogadores que ganhem a Copa do Mundo. E Putin não faz parte dessa lista.

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