Carnielli diz que penhora do Majestoso é para garantir sua dívida

As razões, segundo o ex-dirigente, são duas. Uma delas é garantir os seus investimentos no clube – entre 2012 e 2021 – e outra é impedir a venda do estádio.

O valor cobrado giraria em torno de R$ 111 milhões (R$ R$ 111.189.212), mas, segundo o cartola, ele não quer receber um centavo da Ponte Preta

Ponte Preta - Sérgio Carnielli
Carnielli penhora Majestoso para receber dívida e impedir venda

Campinas, SP, 8 (AFI) – A Ponte Preta continua vivendo dias nebulosos por conta de brigas políticas e disputas judiciais. O ex-presidente do clube, Sérgio Carnielli, também chamado de ‘Presidente de Honra’ explicou neste fim de semana os motivos que o levaram a pedir a penhora do estádio Moisés Lucarelli, o Majestoso, em ação movida por ele contra o clube.

As razões, segundo o ex-dirigente, são duas. Uma delas é garantir os seus investimentos no clube ao longo de mais de uma década – entre 2012 e 2021 – feito em vários contratos de mútuo. Que significa contrato de‘coisas fungíveis’ que é a característica de bens que podem ser substituídos por outro da mesma espécie, qualidade ou quantidade. Por exemplo: os valores foram emprestados em espécie – dinheiro – mas podem ser recebidos por produtos ou imóveis.

DÍVIDA É CONTESTADA
A outra seria para evitar que o estádio fosse vendido. Ao mesmo tempo, Carnielli assegura que ‘não quer nenhum centavo da Ponte Preta’.

Mas o valor cobrado é milhões de vezes a alguns poucos centavos. O valor giraria em torno de R$ 111 milhões (R$ R$ 111.189.212, segundo balanço financeiro do clube de 2020).

Este valor não existe no balanço de 2021 e nem do 2022, que será apresentado aos conselheiros em abril. Os números e a forma de empréstimo são contestadas na Justiça pelo departamento jurídico do clube.
O processo de primeira instância segue em ‘segredo de justiça’, teria estourado em novembro e só veio à tona nesta semana pelas redes sociais.

“Quero proteger minha dívida. A penhora do Majestoso é uma garantia para que ele não seja vendido, tendo em vista que seu valor é alto dentro do patrimônio do clube. É uma forma para a atual diretoria não fazer nenhuma besteira e prejudicar a Ponte Preta” – assegura Carnielli.

SEM IMPACTO ?
A medida judicial se chama exatamente ‘penhora de garantia de execução” que, segundo o ex-dirigente, não interferiria diretamente no plano financeiro do clube. Ao contrário de outras ações, movidas por exemplo, pelo ex-presidente Vanderlei Pereira, que pede algo em torno R$ 1,3 milhão também de empréstimos de mútuo.

Pereira tinha firmado um acordo de parcelamento com o ex-presidente José Armando Abdalla, tanto que tinha recebido 20 parcelas. Este pagamento, porém, deixou se ser efetuado a partir da renúncia de Abdalla e da posse de Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, como presidente. Existe outra ação do escritório jurídico que prestava serviços ao clube, que tinha à frente o advogado João Felipe Artioli, que também move uma ação (do escritório) contra o clube com valor em torno de R$ 1,7 milhão.

Em cima destas ações e, outras eventuais em curso, a Ponte Preta sofreu um bloqueio judicial de perto de R$ 8 milhões. Um total de R$ 5,2 milhões era referente à segunda parcela da venda do zagueiro DG – Douglas Mendes – ao Red Bull Bragantino, que acabou sendo depositado em juízo. E também outras receitas.

A perda deste valor (R$ 8 milhões) impactou diretamente no segundo semestre de 2022 no pagamento de despesas como a quitação de salários de jogadores. O clube acabou perdendo na Justiça, por exemplo, os direitos em cima do volante Wallisson, que se transferiu ao Cruzeiro. A Ponte Preta ainda recorre em cima da liminar concedida ao jogador pela Justiça do Trabalho.

Presidente da POnte Preta em 2017, Vanderlei Pereira
Pereira e advogado cobrar dívidas na Justiça. Foto: Arquivo AAPP

PROMESSAS DE CAMPANHA
O Majestoso foi alvo da conturbada campanha presidencial de 2021. O Grupo liderado por Carnielli – DNA Pontepretano – focava na construção de uma moderna arena no Centro de Treinamento do Jardim Eulina. E deixava nas mãos do Conselho Deliberativo decidir o futuro do Majestoso.

Já o Grupo liderado por Marco Eberlin – MRP -Movimento de Renovação Pontepretana – assegurava a preservação do Majestoso em todos os sentidos, prometendo uma reforma ou ampliação do estádio.
Carnielli diz que não concorda como a atual ‘governança’ da Ponte Preta, que poderia por em risco o futuro do clube.

EBERLIN – EXCLUSIVO
O atual presidente da Ponte Preta, Marco Eberlin, com exclusividade, falou ao Futebol Interior neste domingo à noite:

“Sobre o processo (de penhora) não posso falar nada porque segue em ‘segredo de justiça’. Mas em relação ao Majestoso, posso garantir que no meu mandato jamais vai acontecer qualquer negócio envolvendo o estádio, como sempre destacamos na nossa campanha eleitoral”.

Estádio Moisés Lucarelli
Carnielli pede penhora e Eberlin garante que jamais venderá o Majestoso. Foto: Arquivo – AAPP

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