Paulista A2: Edson Vieira quer acesso com São Bento por reconhecimento e superação

Técnico assumiu quando equipe estava na zona de rebaixamento e tem a chance de conquistar acesso histórico

Técnico assumiu quando equipe estava na zona de rebaixamento e tem a chance de conquistar acesso histórico

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São Paulo, SP, 28 – Conhecido nas divisões de acesso do futebol paulista, Edson Vieira fez história pelo São Bento com o título da Série A3 de 2013. Lembrado pelo antigo feito, ele retornou ao clube em 2020 com uma missão: escapar do rebaixamento. Com muito trabalho, porém, ele está prestes a recolocar a equipe de volta na elite estadual após uma sequência de vitórias histórica e superando a dificuldade de disputar dois torneios simultâneos.

Após vencer o São Bernardo FC por 3 a 0, em casa, o São Bento tem grande vantagem para o jogo de volta. A situação, talvez, não era pensada nem pelo mais fanático torcedor quando Edson Vieira assumiu o time na nona rodada.

“Eu estava no União Barbarense. Ia começar a preparar o time para a Segunda Divisão com o gestor Clayton Vieira, que era meu jogador quando subimos em 2008. Eu só sairia se quisesse, pois eu fazia parte do projeto.

No meu segundo dia, a diretoria do São Bento me procurou. Eles haviam perdido para o São Caetano e resolveram trocar o Léo Condé. Me fizeram uma proposta e pedi liberação do União. Peguei o time na zona de rebaixamento, um vestiário destruído na parte mental.

Vi que os jogadores não estavam bem, mas, quando começamos a trabalhar, os jogadores compraram a ideia e foram acreditando”, conta sobre sua chegada.

Edson Vieira busca acesso para o Paulistão com o São Bento (Foto: Neto Bonvino/E.C. São Bento)

Edson Vieira busca acesso para o Paulistão com o São Bento (Foto: Neto Bonvino/E.C. São Bento)

A mudança foi ‘da água para o vinho’. O time que tinha uma vitória, três empates e quatro derrotas, emendou uma sequência de quatro triunfos, saindo da 15ª para a nona colocação quando, em virtude da pandemia do covid-19, o torneio precisou ser paralisado. “O time era muito bom. Perdemos cinco titulares, tivemos que repor com jogadores que estavam sem jogar, mas conseguimos superar”, fala Edson Vieira, que encerrou a primeira fase com mais três vitórias, totalizando sete seguidas. “Foi uma arrancada muito bonita. Desde 1952, quando o São Bento ganhou 10 jogos seguidos não tinha uma sequência de vitórias tão grande”, completa.

A classificação para o mata-mata do Paulistão A2 Sicredi, porém, coincidiu com o início da Série C do Campeonato Brasileiro, elevando o nível de dificuldade do desafio. “Da minha parte, como ser humano, tem me desgastado muito. Tenho muito amor no que eu faço. Eu já tinha alertado para a diretoria e jogadores que iríamos sofrer. Fomos para Criciúma-SC, Londrina-PR, Tombos-MG. Voltamos, tivemos jogo em Taubaté, calor absurdo. Nenhum time da Série C aguenta jogar duas competições, jogos a cada três dias. O Brusque que é líder e não perdia para ninguém, jogou três jogos em 10 dias e perdeu os três”, desabafa.

A campanha na Série C do Brasileiro é bem diferente do torneio estadual. Em sete jogos, o time perdeu quatro e empatou três. “Os times que dirijo, falo com orgulho, perde três, quatro jogos na temporada e na Série C perdi quatro já. É muito difícil para um técnico que nem eu, que veste a camisa e gosta de jogar junto, mas já empatamos três jogos, contra bons times. Jogamos a Série C com o time mesclado, porque senão teríamos uns 15 jogadores no Departamento Médico. Na Série A2 as coisas andaram e acredito muito que quando acabar, o São Bento não cai na Série C C. Vamos buscar os pontos”, avalia.

RECONHECIMENTO

Para Edson Vieira, o acesso para a elite paulista seria o mais importante de sua carreira devido todas as dificuldades enfrentadas. “Se eu conseguir o acesso, é um sonho. Sei que vou para um outro patamar. Sei que tenho condições de trabalhar em uma divisão maior. A única coisa que vejo hoje é trabalho. O jogo é consequência. O que vem depois é um reflexo do que se fez no dia a dia. (O acesso) Vai ser o mais importante da minha vida, para minha família, para os atletas que gostam de mim”, diz o técnico.

Ele também comentou sobre os rótulos existentes no futebol, que o classificam como um técnico de divisão de acesso. “Era uma coisa que me machucava muito, mas agora estou um pouco consciente. Se me rotularem não ligo mais. Ganhei tudo na Série A3. Já trabalhei na Bezinha (Segunda Divisão), na Série A2. Só não fiz Série A1. Eu trabalhei lá fora como jogador e aprendi com argentino, uruguaio, mexicano, iuguslavo…

Eu aprendi parte tática. Aqui trabalhei com técnicos que não me ensinaram parte tática. Eu aprendi lá fora. Eu tento mesclar. Os caras rotulam nós, mas não sabem nada da nossa vida, que a gente estuda, que a gente vive. Tem muito ‘treinadorzinho’, como eles dizem por aí, bom que está abaixo da Série A1, que está embaixo porque não tem oportunidade”, desabafa Edson.

PAIZÃO DO GRUPO

Além do trabalho dentro de campo, Edson Vieira também destacou que como técnico faz o papel de ‘paizão’ dos atletas.

“Teve atletas que tirei da droga, que deixou de separar, que não ligava para o filho e virou pai de verdade. Eu uso o futebol para o ser humano. Eu contribuo para a melhora do futebol paulista e acho que tenho ajudado. Com a experiência que eu tenho, sempre que puder vou ajudar. Agradeço ao que o Reinaldo (Carneiro Bastos) fez, de ceder bolsas para fazer o Curso da CBF. Pouca gente faz. Quando a gente ajuda com nosso trabalho, recebemos para melhorarmos e estudarmos e isso é muito gratificante”, conta.

NADA DE VANTAGEM
Com uma vantagem de 3 a 0 para o São Bento, Edson Vieira não quer saber do clima de ‘já ganhou’ e promete trabalhar duro para confirmar a conquista.

“Como sempre disse: estamos correndo por fora. As coisas encaixaram, foram dando certo e o grupo comprou a ideia. Mas, tenho respeito pelas pessoas que trabalham no futebol, pelo Marcelo Veiga, pelos atletas que estão lá, pelas pessoas que estão gerindo o clube. O adversário é bem dirigido e tem um suporte muito bom. Vamos para uma final, 0 a 0. Não tem motivo de euforia. Respeitamos muito”, fala.

O São Bento visita o São Bernardo FC nesta terça-feira (29), às 15h, no estádio Primeiro de Maio, em São Bernardo do Campo. O time de Sorocaba pode perder até por dois gols de diferença para ficar com a vaga. Caso seja derrotado pela mesma diferença que conseguiu na ida, a disputa irá para os pênaltis.

Por Ruben Fontes Neto