Campinas, SP, 10 (AFI) – Ingressos caros, estádios em más condições, violência, partidas ruins, maratona de jogos, consolidação do sistema pay-per-view… O que afasta o torcedor brasileiro dos estádios? Pensando justamente em um dos maiores problemas do futebol nacional, a Pluri Consultoria publicou um estudo que compara as médias de público do Brasileirão 2012 com as principais competições nacionais do mundo. E o resultado foi alarmante: o Brasil é apenas o 18º colocado entre os 20 melhores.

De acordo com a pesquisa, o Brasileirão do ano passado teve uma média de público de apenas 12.971 torcedores por jogo. O que representa uma queda de 38% com relação à média de 2011, que foi de 14.897 torcedores por partida.

O número é inferior a de países bem menos tradicionais dentro do futebol, como Estados Unidos, China e Austrália. A Major League Soccer (primeira divisão dos EUA) possui uma média de 18.845 torcedores por jogo e ocupa a oitava posição. A J-League (Japonês) é a 13ª com média de 16.434, enquanto a A-League (Australiano) é o 17º com 12.990.

Para piorar ainda mais, o Brasileirão consegue ficar atrás até mesmo das segundas divisões de Inglaterra e Alemanha. O Championship (2ª inglesa) possui uma surpreendente média de 17.660 torcedores, na décima posição geral. Mais abaixo está a 2.Bundesliga com média de 17.271, na 12ª posição.

Dando show
Dois grandes exemplos para o futebol brasileiro são dois países do “Terceiro Mundo”. O grande destaque do ranking é o Campeonato Mexicano que possui uma ótima média de 24.245 torcedores por jogo, ocupando a quarta posição. O Argentino ocupa a 11ª posição, com média de 17.548.

Mais uma vez a 1.Bundesliga liderou com folgas o ranking de público neste ano. A média na temporada 2012-2013 foi de 42.646 torcedores por partida, com uma taxa de ocupação de 95% dos estádios. A Premier League está na segunda posição, com média de 35.921, taxa de ocupação de 95%.

A terceira posição é da Liga Espanhola, com média de 28.616 torcedores e ocupação 83%. O Italiano é apenas o quinto colocado, com média de 23.053 torcedores e ocupação de 62%. Outras ligas europeias são o Holandês (sexto com média de 19.737) e Francês (sétimo com 19.191 de média).

Futuro desanimador
Se em 2012 o Brasileirão já teve média decepcionante, a temporada 2013 tem números ainda mais desanimadores. Até a sexta rodada, a principal competição nacional tem uma média pífia de 11.314 torcedores por jogo. E olha que alguns estádios da Copa do Mundo, como Mané Garrincha, Mineirão, Fonte Nova e Arena Pernambuco já foram utilizados.

Embora a grande mídia teime em apontar a violência como a maior causa dos estádios vazios, a própria Pluri Consultoria já divulgou um estudo que o principal problema é o valor dos ingressos (relembre a reportagem). Hoje, o Brasileirão possui o ingresso mais caro do mundo se for comparado com a média salarial de cada país.

Nem mesmo as principais ligas do mundo, têm ingressos tão caros. No Espanhol, o trabalhador conseguiria comprar 66 ingressos; no Italiano, 72; no Português, 77; no Francês, 138; e no Alemão, 155. No caso da Alemanha, um torcedor alemão, mesmo em uma liga cheia de estrelas internacionais, paga menos que a metade dos brasileiros.

Comparando com ligas de qualidade mais próxima do Brasileirão, o Brasil perde feio. No México, o trabalhador poderia comprar com seu salário 74 ingressos; na Argentina, 81; na Uruguai, 153. No Campeonato Uruguaio, o preço médio de um ingresso é de apenas R$ 15,86.

Prova atual
Uma prova de que o ingresso no Brasil possui um valor abusivo são dois jogos do Flamengo, desta semana. Para o duelo contra o Rubro-negro, em Arapiraca, pela Copa do Brasil, a diretoria do ASA está cobrando o preço único de R$ 100. Isso para um jogo de terceira fase, às 21h50 e em um estádio em condições precárias.

O clássico entre Vasco e Fla, que acontece domingo, no Mané Garrincha, em Brasília, também custará o “olho da cara”. A entrada mais barata terá o valor de R$ 100 para o anel superior. Os bilhetes do anel inferior custarão R$ 180, enquanto o setor VIP terá o preço de R$ 260.

O valor de R$ 260 é quase a metade do salário mínimo brasileiro, que hoje possui o valor de R$ 678.

Confira abaixo o ranking completo (Veja o estudo completo):