Treinador da Inglaterra mostra a clubes médios como extrair o máximo dos jogadores

Vários dos conceitos de Gereth Southgate poderia ser tentado em Ponte e Guarani

Treinador da Inglaterra mostra aos clubes médios como extrair o máximo dos jogadores

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Alô treinadorzada de futebol. Alô interino João Brigatti, da Ponte Preta, e Umberto Louzer, do Guarani: vocês prestaram bem atenção na maneira como o treinador Gereth Southgate conduz a seleção da Inglaterra?

Antes do contra-argumento sobre disparate técnico de um selecionado que disputa a Copa do Mundo para equipes médias do Campeonato Brasileiro da Série B, fica claro que a discussão transita sobre conceitos.

Evidente que o ingênuo selecionado do Panamá – goleado impiedosamente por 6 a 1 neste domingo – não serve de parâmetro. Nem por isso cabe relegar a filosofia colocada em prática pelos britânicos, que requer reflexão.

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FALTAS

Perceberam que os ingleses raramente cometeram faltas? E mais raro ainda faltas deliberadamente para matar jogadas. Igualmente nenhuma com o carimbo da violência.

Com rápida recomposição dos jogadores e espaços bem cercados, a intenção era o desarme limpo, para, incontinenti, reinício das jogadas ofensivas.

Tem-se que aguardar as próximas partidas da Inglaterra para se certificar se haverá repetição desse expediente.

Sim, o adversário é fraco, mas nem por isso se pode dizer que a Inglaterra é equipe talentosa. Sobressai-se pela eficiência.

JOGO VERTICAL

Enquanto construíam a vantagem, os britânicos optaram por estilo de jogo vertical, com toques rápidos na bola.

Antes de recebê-la, o atleta antevê a sequência. É condicionado a visualizar a melhor opção, e assim o passe é feito imediatamente, o que provoca fluxo nas jogadas.

Isso difere da boleirada dos clubes de Campinas, pois a maioria só pensa no destino da jogada após receber a bola, retardando o fluxo natural.

Alguns conceitos do britânico Gereth Southgate exigem mergulho no tempo, quando até técnicos de clubes amadores diziam claramente aquilo que alguns jogadores podiam fazer em campo, assim como o que era terminantemente proibido.

No jogo deste domingo, por exemplo, ficou claro que Southgate só ordenou que driblasse quem tivesse capacidade pra execução das jogadas.

Como o ala esquerda britânico Ashleu Young é burocrático com a bola nos pés, teve atribuição de fazer o simples, no toque de bola.

O comandante deu liberdade ao ala direita Trippier para condução rápida de bola ao ataque, visto que concilia bom domínio, velocidade e lucidez para clarear as jogadas.

Logo, não havia aquele desperdício de a bola ficar rodando lentamente pelo seu setor, circunstância que permite recomposição ao adversário.

VARIAÇÃO DEFENSIVA

Outra constatação do time britânico é a exemplar variação tática do 3-5-2 para o 5-3-2. O único senão foi desajuste na linha de impedimento – com algumas brechas ao adversário -, em vez da confiança do esquema com zagueiro na ‘sobra’.

Quando o alinhamento era de três zagueiros, o central Walker mostrava velocidade para cobrir a lateral-direita, inclusive apostando corrida e se prevalecendo na jogada.

Isso dava liberdade para que o ala Trippier pudesse atacar, mesmo que a jogada não prosperasse. E quando isso ocorria, a recomposição dele era rápida, e visava o miolo da zaga, como faziam laterais como Jair Picerni, na Ponte Preta, e Mauro Cabeção, no Guarani, na década de 70.

Por fim, se o futebol corrido de hoje exige modernização da treinadorzada na preparação das equipes, a Inglaterra mostrou que alguns conceitos antigos devem ser preservados.