Taubaté acusa Eagle, de John Textor, de simulação e sonegação fiscal

Clube paulista denuncia Eagle Football por suposta fraude em venda de Vitor Sapata para a Europa.

Venda de Vitor Sapata do Botafogo para o Molenbeek sem repasse de valores levanta suspeitas de fraude e esquema fiscal envolvendo John Textor.

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Clube paulista contesta venda sem valor declarado de Vitor Sapata ao futebol belga e promete cobrar seus direitos. (Foto: Victor Cônsoli/ECT)

Taubaté, SP, 05 (AFI) – Em meio à turbulência envolvendo John Textor e o controle da Eagle Football, o Esporte Clube Taubaté fez uma grave denúncia nesta terça-feira (05). O clube do interior paulista acusa a SAF Botafogo e a holding internacional comandada por Textor de simulação de transação e sonegação fiscal na venda do atacante Vitor Sapata para o futebol europeu.

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Clube do interior paulista cobra repasse de venda do atacante
e aponta irregularidades. (Foto: Caíque Toledo)

Vitor Sapata tem 22 anos e iniciou sua trajetória nas categorias de base do Taubaté entre 2020 e 2022, quando disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Após empréstimo ao Botafogo, teve seus direitos adquiridos parcialmente em 2023. Em 2024, foi anunciado como reforço do RWD Molenbeek, da Bélgica, sem que qualquer repasse fosse feito ao clube formador.

TRANSAÇÃO “SEM VALOR” LEVANTA SUSPEITAS

A polêmica gira exatamente em torno da venda de Sapata ao clube Belga que também pertencente à Eagle Football. O atacante foi revelado pelo Taubaté e teve 30% de seus direitos econômicos preservados pelo clube na negociação com o Botafogo, em 2023.

A compra custou apenas R$ 300 mil à SAF Botafogo, que teria assinado um contrato com o atacante com vínculo até 2026, com multa rescisória estipulada em 70 milhões de dólares – perto de R$ 385 milhões em valores atuais.

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Sapata disputou a Copa SP pelo Botafogo em 2023. Foto: Henrique Lima – BFR

Porém, ao ser questionado recentemente sobre o repasse da venda ao clube paulista, o Botafogo informou que a transferência do jogador à Europa “não envolveu valores”, o que, na prática, deixaria o Taubaté sem qualquer compensação.

“Uma venda de um atleta de um grande clube brasileiro para a Europa ‘de graça’ ”, afirma o Taubaté em nota. “Compreendemos isso como uma simulação de transação e uma tentativa de prejudicar o clube, além de caracterizar infração à ordem tributária.”

O Taubaté alerta que não é o primeiro clube brasileiro a ser lesado por esse tipo de movimentação e promete buscar os valores devidos administrativa e judicialmente, mantendo o entendimento de que ainda detém 30% dos direitos econômicos de Vitor Sapata.

“As atitudes da SAF Botafogo não atingem apenas os clubes de origem de seus atletas, mas ferem o direito de clubes que integram a própria Eagle Football”, reforça a nota.

Botafogo - 2025
John Textor tenta se manter à frente do Botafogo. Foto: BFR

TEXTOR, EAGLE E O BOTAFOGO EM GUERRA

A acusação do Taubaté surge em um momento delicado para a Eagle Football. A holding criada por John Textor passa por uma ruptura interna, e o executivo norte-americano tem sido gradativamente afastado do controle dos clubes da rede — como Lyon, Botafogo e Molenbeek.

No caso do Lyon, na França, Textor foi retirado da presidência após a permanência do clube na elite, mesmo em crise financeira. Investidores como Ares, Michele Kang e Iconic Sports, que ajudaram na aquisição da equipe, exigiram o afastamento do empresário e hoje detêm 40% das ações da Eagle.

No Brasil, a SAF Botafogo também vive clima de instabilidade, enfrentando ações judiciais, atrasos em compromissos e uma potencial revenda em meio à temporada. A venda “gratuita” de atletas entre clubes da Eagle reforça suspeitas de que há articulações internas para manter jogadores circulando entre mercados europeus, sem prestação de contas a terceiros ou ao fisco.

NOTA OFICIAL DO TAUBATÉ

O Esporte Clube Taubaté, em respeito aos seus torcedores e em razão da necessária transparência, esclarece questionamentos que envolvem o ex-atleta do Clube Vitor Sapata (Vitor Hugo Morais de Oliveira).

Em diversos momentos o Taubaté foi questionado, interna e externamente, sobre a situação atual acerca dos Direitos Econômicos do atleta. Agora, com as notícias divulgadas que envolvem a SAF Botafogo e a Eagle Football, novamente foram realizados questionamentos.

Apenas para recordar: o Taubaté emprestou o atleta para a SAF Botafogo em 2022, momento em que ficou estabelecido um valor pré-fixado por 70% dos Direitos Econômicos. O clube carioca exerceu esse direito de compra em 2023, adquiriu 70% dos Direitos Econômicos do atleta e, conforme pactuado, os 30% restantes permaneceram com o EC Taubaté.

Em 2024 fora noticiado a venda do Atleta pela SAF Botafogo ao clube belga RWD Molenbeek, ambos clubes pertencentes à Eagle Football, empresa de John Textor que também possui a SAF Botafogo.

Questionado sobre a venda e necessário repasse do percentual ao Taubaté, a SAF Botafogo informou que a venda foi realizada sem nenhum valor envolvido, ou seja, foi realizada uma venda de um Atleta de um grande clube brasileiro para a Europa “de graça”.

O Taubaté, obviamente, se sente enormemente prejudicado e compreende isso como uma simulação de transação e uma tentativa de prejudicar o clube, além de caracterizar infração à ordem tributária, pois também não teria nenhum imposto envolvido.

O cenário de multiclubes era incipiente quando efetuadas as transações e, como ocorre até hoje, não há qualquer regulamentação entre as simuladas transações “não onerosas”. O Taubaté não é o primeiro clube a ser lesado.

As notícias dos últimos dias deixam claro que a atitude da SAF Botafogo não atinge apenas os clubes de origem de seus atletas, mas escancaram que as atitudes ferem o direito de clubes que integram a própria Eagle Football.

Com isso, o Taubaté reitera que compreende ainda ter 30% dos Direitos Econômicos do Atleta e cobrará administrativamente e, se necessário, judicialmente tais valores.

Por fim, continua desejando sorte na já vitoriosa carreira do atleta. 

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