Sobreviventes e famílias de tragédia buscam anular recuperação judicial da Chapecoense

"Quem vendeu uma caixa de Yakult e não recebeu e quem perdeu a vida está no mesmo balaio"

tragedia chapecoense

Chapecó, SC, 16 (AFI) – Em fevereiro de 2022, a Chapecoense teve atendido seu pedido de recuperação judicial para quitar dívidas que passam dos R$ 100 milhões. Entretanto, sobreviventes e famílias das vítimas da tragédia de avião, ocorrida em 2016, lutam para anular a decisão.

A defesa entende que a aprovação do plano de recuperação judicial, que revê prazos e valores das indenizações, realizada no começo deste mês, é irregular. Isso porque coloca sobreviventes e famílias das vítimas no mesmo processo que outros credores. 

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o advogado Marcel Camilo explicou a posição. 

“A gente vai impugnar essa assembleia por uma série de fatores jurídicos. Obviamente que a gente não concorda com isso. Quem vendeu uma caixa de Yakult e não recebeu e quem perdeu a vida está no mesmo balaio. É um processo jurídico injusto”, disse.

Em 2020, a Chapecoense chegou a um acordo para pagar 26 ações na Justiça, com valores mensais que variavam entre R$ 250 mil e R$ 350 mil para cada família. Destas, 17 pararam de receber em 2022. 

Um dos sobreviventes da tragédia, o ex-jogador Neto lamentou a forma como o processo tem sido conduzido.

“Minha maior tristeza é a recuperação judicial colocar outros credores e as famílias no mesmo pacote. Não são famílias apenas de atletas, Isso é o que me machuca mais, comparar aqueles que fizeram sucesso e levaram o nome da Chapecoense para o mundo como se fôssemos pessoas quaisquer. Como se a gente fosse culpado pela dívida do clube”, disse o jogador, também em entrevista à Folha de S. Paulo.

O momento financeiro do clube é bastante delicado, com uma dívida que passa dos R $100 milhões. Quando conseguiu a recuperação judicial, a Chapecoense afirmou que foi a última solução encontrada para colocar a casa em ordem.

A crise financeira refletiu dentro de campo no ano passado, quando a Chapecoense fez uma campanha pífia no Brasileirão e foi rebaixada para a Série B com apenas 15 pontos em 38 partidas. 

O ACIDENTE

Em 29 de novembro de 2016, o voo da empresa LaMia, que levava o time de futebol da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, onde seria realizada a final da Copa Sul-Americana, caiu próximo à cidade após partir de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Segundo relatório do Grupo Colombiano de Investigação de Acidentes Aéreos, a principal causa foi a falta de combustível. O desastre teve 71 vítimas fatais, sendo 64 brasileiros, incluindo jogadores, integrantes da comissão técnica, dirigentes, jornalistas esportivos e alguns convidados.

Confira também: