Símbolo de resistência, Reinaldo é anistiado por perseguição na ditadura

Conselho da Anistia reconhece perseguição política contra Reinaldo durante a ditadura militar; ex-camisa 9 recebe indenização e desabafa emocionado.

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Ex-camisa 9 foi indenizado por sofrer campanha de difamação durante o regime militar.

Brasília, DF, 02 (AFI) – O ex-jogador Reinaldo, ídolo histórico do Atlético-MG e símbolo de resistência durante o período da ditadura militar, foi anistiado pelo Conselho da Anistia, órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). A decisão, tomada por unanimidade, reconheceu que o ex-atacante foi vítima de perseguição política entre os anos de 1964 e 1985.

CONSELHO RECONHECE PERSEGUIÇÃO E DEFINE INDENIZAÇÃO

O Conselho da Anistia determinou que Reinaldo receberá uma indenização de R$ 100 mil, paga em parcela única. O colegiado entendeu que o jogador sofreu represálias institucionais por seu posicionamento político e por seu gesto marcante de comemorar gols com o punho cerrado, expressão de protesto associada a movimentos antirracistas e de resistência, como os Panteras Negras, e repudiada pelo regime militar.

ATACANTE SE EMOCIONA AO FALAR DAS MARCAS DO REGIME

Reinaldo se emocionou ao comentar o reconhecimento oficial da perseguição. Em discurso forte, afirmou que o regime buscou destruir sua imagem e sua vida profissional:

— Queriam calar a minha voz, diminuir a minha força, e acabaram com a minha vida e minha carreira. Essa forma de violência do Estado que ataca a honra, a imagem e a dignidade é tão grave quanto as outras e busca destruir as pessoas por dentro, tirando seu lugar no mundo e no futuro.

O ex-jogador também relembrou o contexto das campanhas de difamação que diz ter sofrido:

— Todos sabem dos horrores da ditadura, mas a repressão ia além dos porões. Eles criavam verdadeiras operações para acabar com a reputação das pessoas que consideravam inimigas. É uma violência que deixa marcas profundas e duradouras.

TRAJETÓRIA MARCANTE DO ÍDOLO ATLETICANO

Considerado um dos maiores atacantes da história do futebol mineiro, Reinaldo defendeu o Atlético-MG por mais de uma década, conquistando oito títulos estaduais e se tornando símbolo da geração mais vitoriosa do clube nos anos 1970.

Pela Seleção Brasileira, participou da Copa do Mundo de 1978, na qual o Brasil terminou em terceiro lugar.

Mesmo no auge técnico, o ex-camisa 9 enfrentou resistência institucional por seu gesto político dentro de campo, que se tornou marca registrada de sua carreira e referência na luta antirracista no futebol.