Seleção brasileira feminina ensina e aprende com africanas sub-17

Além de servir como período de aclimatação, as duas semanas serviram como aperfeiçoamento técnico, tático e físico

Além de servir como período de aclimatação, as duas semanas serviram como aperfeiçoamento técnico, tático e físico

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Sorocaba, SP, 13 – As seleções femininas sub-17 de Gana e Camarões escolheram o interior de São Paulo para o período final de preparação para o Campeonato Mundial da categoria, que começa nesta terça-feira, em Montevidéu. Além de servir como período de aclimatação, as duas semanas serviram como aperfeiçoamento técnico, tático e físico. As africanas vieram para aprender a jogar melhor.

O trabalho foi conduzido por uma comissão técnica brasileira formada por quatro profissionais. “Além do planejamento profissional que o esporte de alto rendimento necessita, a experiência de trabalhar com um grupo assim é o resgate da essência do esporte. É uma experiência que pode mudar para sempre as vidas das pessoas, principalmente para quem trabalha com esses atletas”, avalia Paulo Pan, coordenador técnico do time e responsável pela vinda das africanas ao Brasil.

A jogadora Claudia Voula Nia Dabda conta que aprendeu a dar mais importância aos exercícios de aquecimento, para prevenir lesões, algo que normalmente não fazia. Além disso, ela segue os horários de maneira mais rígida e com maior profissionalismo. “Os treinadores brasileiros ajudaram os nossos próprios treinadores”, afirma.

Viviane Peka diz que ficou emocionada desde que chegou ao Brasil, ainda no aeroporto, com a maneira como o grupo foi recebido, e destacou as atividades culturais que também fizeram parte da programação. “Foi lindo conhecer a praia de Copacabana. Também gostei da integração das equipes. Camaroneses e brasileiros trabalharam juntos”, comentou.

TROCA
A clínica foi uma troca de experiências. Os brasileiros ficaram emocionados com a evolução das camaronesas nos últimos anos e a maneira respeitosa como realizam cada atividade. Antes dos treinos, elas faziam uma oração em conjunto, em grande círculo no campo.

Foto: Paulo Pan Sports

Foto: Paulo Pan Sports

As atividades foram realizadas no Centro de Treinamento do Atlético Sorocaba, local que já havia recebido a Argélia na Copa de 2014. As africanas foram submetidas a testes de força, avaliação física e fisioterápica, composição corporal e nutricional, avaliações que também não são realizadas com frequência no futebol africano. Elas fizeram amistosos diante da seleção brasileira sub-17 (perderam por 6 a 0) e do time feminino do Corinthians (5 a 1).

O intercâmbio com o time de futebol já havia sido realizado com outras modalidades esportivas. Desde o ano passado, vieram de Camarões a equipe de basquete masculino e handebol feminino. Nos anos anteriores, atletas de Ruanda e Quênia treinaram no Brasil. A experiência com as meninas do handebol deu certo: elas conseguiram a vaga no Mundial. Após treinos em Barueri, a seleção feminina de vôlei faturou, pela primeira vez, o Campeonato Africano.

DESAFIOS
No Mundial que começa nesta terça, as camaronesas terão um grande desafio, pois estão no Grupo C, ao lado dos Estados Unidos, Alemanha e Coreia do Norte. É o chamado “grupo da morte”.

A seleção brasileira estreia logo nesta terça diante do Japão às 15 horas (transmissão pelo SporTV 2). As outras seleções da chave são México e África do Sul. O Mundial Sub-17 é realizado a cada dois anos, e já foram disputadas cinco edições. O maior campeão é a Coreia do Norte com dois títulos (2008 e 2016).