RUMO A DOHA, por Vicente Datolli

Vamos falar dos adversários para festejar, quem sabe, o hexa

Vamos falar dos adversários para festejar, quem sabe, o hexa

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Campinas, SP, 05 (AFI) – Estamos a sete meses e meio do início da Copa do Mundo. Ainda restam três lugares para que fique completa a relação de 32 participantes: um da Europa e outros das repescagens que envolverão Ásia, Oceania, América do Sul e Concacaf. Mesmo assim, na sexta-feira passada, 1º de abril (não é mentira, não), a Fifa realizou o sorteio que definiu os grupos. Com exceção das dúvidas já citadas, todo mundo já sabe que caminho precisará percorrer para, dias antes do Natal, festejar a conquista do título e levantar a taça.

Neste Rumo a Doha vamos falar justamente disso. Dos adversários a enfrentar para festejar, quem sabe, o hexa.

Claro que, assim que saíram as bolinhas de Sérvia, Suíça e Camarões, fomos todos cravados de análises sobre como seria fácil (infelizmente de início todos trataram assim) para o Brasil chegar à decisão. Na loteria dos palpites, uma final contra Portugal era, invariavelmente, citada. Mesmo que não fosse o time de Cristiano Ronaldo o adversário, o Brasil estaria na decisão. Quem haveria de duvidar?

Bem… Deixando de lado as “pachecadas” (nota do autor: Pacheco foi um personagem criado pela Gillette, como torcedor símbolo para a Copa do Mundo de 1982, que não aceitava sequer pensar que houvesse uma equipe melhor do que a brasileira disputando o Mundial), temos de avaliar de forma realista o que pode ser o caminho do Brasil para lutar pelo desejado hexacampeonato. E sem esquecer que não festejamos um título desde a Copa de 2002, na Coreia do Sul e Japão.

Trazendo os analistas/torcedores para a realidade, não custa lembrar que Portugal, que muitos veem como rival na decisão, teve de ir à repescagem porque a Sérvia o derrubou na fase de grupos das eliminatórias europeias. É pouco? Certamente não. E se Portugal ocupa um honroso oitavo lugar no ranking, os sérvios estão em 25º – estavam no tal pote 3 do sorteio. E mais: a vaga foi garantida com uma vitória da Sérvia em Lisboa, quando bastava um empate para Portugal se classificar. Pode-se dizer que é um adversário fácil?

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Cafu pegando o nome do Brasil no sorteio da Copa do Mundo. (Foto: Divulgação / Fifa)

Vamos falar da Suíça. Reconhecida pelo chocolate, pelos relógios e pelo forte sistema defensivo de sua seleção, a Suíça simplesmente eliminou a Itália na fase de grupos. Itália que é a campeã da Europa. No tal ranking da Fifa, a Suíça está em 14º lugar e fazia parte do pote 2. Honrando sua tradição, nos oito jogos eliminatórias sofreu apenas dois gols – mas marcou 15, isso mesmo, quase dois por partida. Repetindo a pergunta anterior: é moleza bater a equipe suíça?

Finalizamos com Camarões. O que dizer dos africanos? Complicado… Há tempos as seleções que vêm do continente negro não conseguem mostrar força numa Copa do Mundo. Não custa lembrar, porém, que o Brasil já foi eliminado de uma Olimpíada justamente por Camarões (gol na morte súbita, em Sidney, 2000). E eles são velozes, vigorosos – e não terão absolutamente nada a perder, os conhecidos franco-atiradores.

E este é o maior dos problemas. O Brasil precisa, o Brasil tem a obrigação, o Brasil é o favorito. Os outros, não. Se a Suíça empatar com o Brasil, ótimo para eles. Se a Sérvia não perder para o Brasil, festa nacional. E aí… Bem, poderemos chegar ao jogo contra Camarões, dia 2 de dezembro, às dez da noite, precisando vencer de qualquer jeito e, quem sabe, até precisando de saldo de gols – como aconteceu em 1974, quando enfrentamos Zaire com a obrigação de vencer por três gols (conseguimos, salve, salve, Valdomiro).

Classificando, como todos desejamos, no grupo G, aí vamos começar a esperar os classificados dos outros grupos. Se formos primeiros colocados, jogaremos contra o segundo de H (Portugal, Gana, Uruguai ou Coreia do Sul – e aqui, para os Pachecos, seria importante que os lusos fossem primeiros também, caso contrário, adeus sonho da final em homenagem a Camões). Caso passemos em segundo, o rival será o primeiro do mesmo grupo H. A partir daí… Melhor esperar, com os pés no chão e calçando as chuteiras da humildade. O hexa é possível.

MAIS SOBRE VICENTE DATTOLI

Vicente Dattoli é Jornalista Esportivo há mais de 30 anos. Sua primeira Copa do Mundo como profissional de imprensa foi na Itália, em 1990, quando entrevistou Diego Maradona logo após o argentino eliminar o Brasil no Estádio Delle Alpi, que nem existe mais.

Já participou da cobertura de todos os chamados grandes eventos esportivos do planeta, incluindo Jogos Olímpicos, Mundiais de vôlei, basquete, natação, handebol, Fórmula 1, motociclismo, Fórmula Indy, etc.

Se pudesse se definir, diria, apenas, que é um apaixonado pelos Esportes.