Quem são e o que pensam os donos da Cimed, patrocinadora de Cruzeiro e Palmeiras

Neste ano, a marca voltou a intensificar a conexão com as modalidade esportivas, especialmente com o futebol

A Cimed, terceira maior farmacêutica do Brasil, estampa times e confederações do esporte nacional

Quem são e o que pensam os donos da Cimed, patrocinadora de Cruzeiro e Palmeiras
Foto: Divulgação/Cimed

O empresário João Adibe Marques, de 50 anos, se define como um “eterno vendedor”. A persuasão ligada às vendas que adquiriu ao longo da carreira ele usou para acertar acordos de patrocínio com Palmeiras e Cruzeiro num intervalo de duas semanas. Empresário de sorriso fácil, ele vibra com o esporte não é de hoje.

“O Palmeiras foi quem abriu as portas para o Cruzeiro. Quando o Cruzeiro viu o que estávamos proporcionando para o Palmeiras, também quis estar do nosso lado”, diz ele ao Estadão em evento de parceria com o clube mineiro nesta semana em São Paulo.

Sua empresa, a Cimed, terceira maior farmacêutica do Brasil em volumes de vendas, estampa a marca em times e confederações do esporte nacional há mais de 20 anos, mas voltou neste semestre a intensificar a conexão com as modalidades esportivas, sobretudo com o futebol, avançando suas dobradinhas com dois grandes do País.

Embora já investisse no esporte há mais de duas décadas e fosse patrocinadora da CBF desde 2016, a Cimed ganhou os noticiários mesmo graças à parceria com Palmeiras e Cruzeiro. Primeiro fechou com o time paulista, do qual tanto Adibe quanto Karla são torcedores. “Quando falo de Palmeiras, falo do CNPJ e do torcedor. Eu, como CNPJ, estou trabalhando nos bastidores. É poder organizar esse time para ser campeão”, diz na conversa com a reportagem no escritório da empresa, em São Paulo.

No Palmeiras, a empresa aparece nas mangas do uniforme do time feminino, no futsal, e também em ativos pouco explorados dentro de campo, como a faixa de capitão da equipe masculina e feminina, o carrinho-maca, a maca, a garrafinha de água, a mala do médico e em outras propriedades que possam ser desenvolvidas.

A Cimed não abre os valores, mas o Estadão apurou que o patrocínio com vigência até o fim de 2024 renderá ao Palmeiras R$ 3 milhões anuais. A Crefisa continua com exclusividade na camisa do time masculino, cenário que Leila Pereira, presidente do clube e dona da Crefisa, não pretende mudar. No entanto, Adibe diz estar “atento às possibilidades”. “A gente começou no Palmeiras com um patrocínio de quatro anos. Cabe à Cimed conquistar seu espaço”, ressalta.

Os moldes do contrato com o Cruzeiro, válido até o fim de 2026, se assemelham aos do assinado com o Palmeiras, incluindo também apoio ao futebol feminino, com o logo da farmacêutica estampado no uniforme principal das jogadoras. A diferença é que a marca está presente na camisa do goleiro e a da comissão técnica do time masculino. A partir de agora, o goleiro do Cruzeiro vai sempre atuar de camisa amarela, a cor da empresa farmacêutica.

O acordo ainda inclui a faixa de capitão de ambos os times e foco em ativos digitais, como minidocumentários, quadros assinados e desafios, a fim de engajar o torcedor celeste. Nos dois casos, com Palmeiras e Cruzeiro, existe o plano de criar ações, incluindo o desenvolvimento de produtos que contribuam para o desempenho dos atletas.

Outras ativações previstas são placas de led nos jogos, exposições de marca na Toca da Raposa, incluindo placas e bandeiras de escanteio, colete de treinamento amarelo para todos os times. O acordo também prevê a criação de uma farmácia Cimed no Mineirão e na Toca da Raposa. Estão nos planos ações com sócios-torcedores envolvendo ingressos e camisas autografadas.

A trajetória da Cimed no esporte começou em 2001 com o Vila Nova, de Goiás, e teve parcerias com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), além de acordos curtos com Grêmio, Figueirense, Portuguesa, Santos, Botafogo, Fluminense, América-MG e Vitória.

Agora, o propósito da companhia é patrocinar mais dois clubes em breve e alcançar R$ 20 milhões investidos no futebol nacional até o ano que vem. “Estamos em negociações”, avisa Karla Marques Felmanas, irmã de Adibe e vice-presidente da empresa, que estava de viagem marcada para a Índia a trabalho.

“Acho que o esporte no Brasil não foi desenvolvido ainda. Cabe a mim como empresário mostrar para as empresas os outros ativos que o futebol pode proporcionar”, argumenta Adibe, ansioso com “a cereja do bolo” neste ano, que é a possibilidade de o Brasil conquistar o hexa no Catar. “Vamos levar 100 clientes para ativações na Copa”, diz.

ESTILO DE GESTÃO INSPIRADO NO ESPORTE

O avô de João Adibe, João Marques, foi pioneiro do ramo farmacêutico no Brasil, ao fundar na década de 1950 o laboratório Prata. Seu pai, João de Castro Marques, também trabalhou na empresa, da qual saiu posteriormente para fundar a Cimed.

Habitualmente vestindo um moletom amarelo, cor predominante na identidade visual da empresa, Adibe administra a empresa com Karla. Os irmãos estão à frente da companhia, dividem o comando do grupo e preparam a terceira geração da holding familiar, já que um filho dele e dois dela têm cargos na companhia. A executiva é formada em moda e trocou a confecção pela direção do grupo farmacêutico.

Fundada há 45 anos, a farmacêutica mineira faturou R$ 1,2 bilhão no primeiro semestre de 2022 e projeta fechar o ano com faturamento total de R$ 2,5 bilhões – o maior desde a fundação da companhia.

São 600 produtos no catálogo e uma distribuição nacional para mais de 60 mil pontos de vendas, com presença em 90% das farmácias brasileiras. A empresa é líder em segmentos de produtos como antigripais, vitaminas e medicamentos isentos de prescrição médica.

Adibe, cujo lema é “sucesso não aceita preguiça”, tem uma coleção de carros de luxo – todos amarelos, entre elétricos, híbridos e esportivos – e é entusiasta de automobilismo, tanto que já foi piloto da Stock Car e tinha a Cimed Racing, equipe que competiu e foi campeã da categoria em 2015 e 2016 com os pilotos Marcos Gomes e Felipe Fraga, respectivamente.

No entendimento do empresário, “medicamento não tem classe social”. “Gosto de trabalhar com o Brasil profundo”, conta o integrante de uma família tradicional no ramo farmacêutico. Nas redes sociais, ele usa a hashtag “FlyNow” a fim de incentivar outros empreendedores.

“O empresário não anda sozinho, tem de ter alguém atrás dele. E o artilheiro não faz gol sozinho, tem um time com ele. Tem de voar. Se não decolar rápido está enrolado”, explica, comparando a gestão de uma empresa à de um time de futebol. Ele imprime na gestão da empresa o DNA esportivo que carrega. “Futebol é paixão. Esporte é paixão. Tem tudo a ver com o nosso propósito”.

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