Presidente do São Bento faz balanço: aprovação da SAF definirá o futuro do clube

O Azulão escapou por pouco do rebaixamento para a Série A3 e, em seguida, foi eliminado na fase de mata-mata da Copa Paulista

Nesta semana, após análise de propostas, a escolhida foi a apresentada pela empresa G,C F&MC, representada por Cesar Grafietti, Rodolfo Kussarev Junior e Roque Júnior

São Bento
Foto: Divulgação

Sorocaba, SP , 24 (AFI) – O presidente do Esporte Clube São Bento, o empresário Almir Laurindo, encerrará seu mandato no próximo ano (2026) e não tem direito à reeleição. Em 2025, o clube, que busca equilibrar suas finanças e está fora do calendário nacional desde 2021, teve mais uma temporada difícil.

O Azulão escapou por pouco do rebaixamento para a Série A3 e, em seguida, foi eliminado na fase de mata-mata da Copa Paulista. O dirigente falou ao Futebol Interior nesta semana.

FUTURO

O São Bento também discute seu futuro institucional, especialmente a possível transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Nesta semana, após análise de propostas, a escolhida foi a apresentada pela empresa G,C F&MC, representada por Cesar Grafietti, Rodolfo Kussarev Junior e Roque Júnior.

O processo seguirá os trâmites necessários, e caberá aos 350 a 380 associados do clube decidirem se o Azulão de Sorocaba se tornará uma SAF.


AZULÃO VIVE INCERTEZAS

Laurindo falou ao Futebol Interior sobre a campanha de 2025, os esforços da diretoria para reorganizar as finanças, os investimentos realizados na infraestrutura — especialmente no CT Humberto Reale — e os desafios enfrentados ao longo de seu mandato. Segundo ele, apesar de um déficit contábil em 2024 (devido à antecipação de receitas), o clube apresentou um resultado positivo acumulado de mais de R$ 2 milhões nos últimos quatro anos.


ENTREVISTA

FI – Qual a sua avaliação de 2025, ano em que o time quase caiu para a Série A3 e foi eliminado no mata-mata da Copa Paulista?

ALMIR LAURINDO – Em 2024 quase conseguimos o acesso. Montamos um bom time com o técnico Roberto Fonseca, fomos o melhor da primeira fase, mas caímos nas quartas de final da Série A2. Por isso, trouxemos novamente o Fonseca em 2025 para repetir o trabalho. Infelizmente, o resultado foi o oposto: brigamos contra o rebaixamento, e o técnico acabou deixando o clube.

Com muito trabalho da diretoria e do nosso sempre prestativo técnico Fabiano Carneiro, junto com os atletas remanescentes, conseguimos livrar o São Bento da queda. Na Copa Paulista, mesmo com orçamento reduzido, nosso diretor de futebol, Rone, montou um time competitivo. Fomos eliminados por detalhes, mas dedicação e trabalho não faltaram. O restante é o futebol.


FI – A Copa Paulista acabou há cerca de um mês e meio e a Série A2 começa em janeiro. Como será o planejamento para 2026, considerando as festas de fim de ano, a definição da SAF e a situação financeira do clube?

ALMIR – Sempre acreditamos no planejamento. Nos últimos dois anos, fomos prejudicados por conta da indefinição sobre a SAF. Isso atrapalhou muito o dia a dia. Hoje temos três propostas — uma delas foi aprovada no dia 22 de setembro e seguirá seu trâmite. Esperamos uma decisão definitiva, pois não dá mais para trabalhar com incertezas.

Se a SAF for aprovada, faremos a transição o mais rápido possível, para o bem do São Bento. Se não for aprovada, vamos seguir como sempre: com trabalho e dedicação para montar o orçamento de 2026.


FI – Qual é a real situação financeira do clube? Foi possível realizar melhorias mesmo diante das dificuldades?

ALMIR – Nossa prioridade foi sempre tentar equalizar as dívidas e dar estabilidade financeira ao clube. Parcelamos débitos e seguimos atuando para equilibrar as contas, o que nos exigiu muito ao longo dos últimos quatro anos.

Ainda assim, conseguimos investir no CT Humberto Reale. Construímos um novo prédio de 240 metros quadrados com secretaria, sala de reuniões (120m²), uma sala que será transformada em museu, além de cinco quartos para uso dos atletas.

Também temos um novo vestiário, sala da comissão técnica, espaço de fisioterapia totalmente equipado, academia, sistema de energia solar e irrigação do campo. Tudo isso foi feito mesmo com os desafios financeiros.


FI – O que o São Bento precisa para garantir um futuro sustentável?

ALMIR – Quando assumimos, o clube não tinha nem onde treinar. Precisávamos investir em estrutura, ao mesmo tempo que pagávamos os passivos. Hoje, podemos dizer que o São Bento tem o mínimo necessário para funcionar como clube profissional.

Dinheiro não é tudo no futebol, mas ajuda muito. Sem recursos, é como bater o escanteio e correr para cabecear. Além disso, a concorrência com clubes que têm mais investimento é cada vez maior.


FI – Sobre o balanço financeiro e as contas reprovadas no Conselho, que retornaram para o Executivo…

ALMIR – Somando os quatro anos de gestão, tivemos um resultado positivo de R$ 2,3 milhões. No fim de 2023, pedimos ao Conselho autorização para antecipar receitas de 2024, pois havia risco de bloqueio das cotas por processos trabalhistas de 2019 e 2020.

Esse valor foi registrado contabilmente em 2023, o que gerou um déficit em 2024. Temos a consciência tranquila de que sempre buscamos o melhor para o São Bento. Inclusive, na última eleição, abrimos espaço para novas chapas, mas ninguém apareceu para assumir.


FI – Seu mandato termina em 2026. Existe espaço para outros grupos ou candidaturas no clube?

ALMIR – Sim. Meu mandato termina no fim de 2026 e não posso me reeleger. Se a SAF não for aprovada, o clube obrigatoriamente terá uma nova gestão. O que posso dizer é que nossa diretoria se dedica muito ao São Bento. Mas sabemos que o resultado em campo é determinante para gerar receita e manter o clube em atividade.


FI – Como está o trabalho nas categorias de base e no futebol feminino?

ALMIR – A base tem feito um ótimo trabalho. Agradeço a todos os envolvidos, especialmente ao Kike (Pedro Henrique Andrade), que há anos se dedica ao sub-20 do São Bento. Em relação ao futebol feminino, temos uma grande atuação da técnica Claudia de Lucca, que tem conduzido o projeto com excelência.

Aproveito para agradecer o enorme esforço da nossa Diretoria Executiva, dos sócios que seguem fiéis e de todos os parceiros que mantêm o São Bento vivo, independentemente das dificuldades. É por causa deles que o clube continua existindo.