Portuguesa faz 105 anos acreditando no futuro

Segundo o presidente da Lusa, o compromisso da SAF é olhar para o futuro com clareza e determinação

Hoje, a Portuguesa vive um novo momento, agora como Sociedade Anônima do Futebol (SAF), apostando em uma gestão profissional para reerguer sua trajetória

Portuguesa
Foto: Reprodução

Por: Rivail Oliveira

São Paulo, SP , 14 (AFI) – A Portuguesa de Desportos completa nesta quinta-feira, 14 de agosto, 105 anos de história. Apesar do revés inesperado com a eliminação precoce do clube na Série D do Campeonato Brasileiro, diante do Mixto, no Canindé, a atual diretoria acredita no trabalho de médio prazo para resgatar e reconstruir o centenário clube.

O sócio-investidor e presidente Alex Bourgeois emitiu um comunicado nesta data comemorativa:
“Quando assumi o desafio de liderar a SAF da Portuguesa, sabia que encontraria um clube com raízes profundas, uma torcida apaixonada e um patrimônio que vai muito além das quatro linhas. Nesses meses à frente da gestão, tenho aprendido todos os dias sobre a grandeza desta instituição. Uma grandeza construída por jogadores, dirigentes, funcionários, torcedores e por todos que, de alguma forma, vestiram ou defenderam esta camisa. É um legado que exige respeito, responsabilidade e trabalho sério”, declarou o dirigente.

Segundo o presidente da Lusa, o compromisso da SAF é olhar para o futuro com clareza e determinação:
“Estamos aqui para construir uma Portuguesa forte, competitiva e sustentável, que possa voltar a ocupar o espaço que merece no cenário do futebol brasileiro. Isso não acontece da noite para o dia; é preciso ter paciência. Mas tudo começa com planejamento, transparência e união”, acrescentou.

O dirigente também expressou confiança no projeto de reestruturação:
“Tenho certeza de que, juntos — diretoria, atletas, colaboradores e torcida —, vamos escrever novos capítulos de orgulho para esta história centenária. Que possamos honrar cada um desses 105 anos e nos preparar para que as próximas gerações encontrem uma Lusa ainda mais viva, estruturada e vencedora”, concluiu.


LUSA NASCEU DA UNIÃO DE CINCO CLUBES

Desde o fim do século XIX, a comunidade portuguesa em São Paulo buscava criar um clube que a representasse no futebol. Esse desejo se concretizou em 14 de agosto de 1920, quando cinco agremiações luso-brasileiras — Lusíadas, Portugal Marinhense, Cinco de Outubro, Marquês de Pombal e Lusitano — se fundiram para dar origem à Associação Portuguesa de Desportos.

O clube nasceu com as cores e o brasão de Portugal, destinado a se tornar o grande símbolo da colônia lusitana no futebol paulista. A data da fundação está relacionada à Batalha de Aljubarrota.

Inicialmente, a equipe firmou uma parceria com o Mackenzie para competir, até que, em 1923, passou a atuar de forma independente, adotando a cruz de Avis em seu escudo e conquistando títulos estaduais na década de 1930.

Na década de 1950, a Lusa consolidou seu nome ao vencer o Torneio Rio-São Paulo e conquistar o tricampeonato da Fita Azul. Em 1973, obteve, de forma polêmica, o título estadual dividido com o Santos, voltando às finais em 1975 e 1985, ambas perdidas para o São Paulo.

Nos anos 1990, viveu momentos marcantes, como o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1991, com Dener, e a chegada à final do Campeonato Brasileiro de 1996 contra o Grêmio. No futebol feminino, brilhou com os títulos paulistas de 1998, 2000 e 2002.


DECLÍNIO E RECONSTRUÇÃO

A crise começou com o rebaixamento no Campeonato Brasileiro de 2002 e, depois, no Campeonato Paulista de 2006. Em 2007, reagiu com dois acessos, mas passou a oscilar entre divisões, incluindo novo rebaixamento em 2008 e campanhas medianas no estadual.

Em 2011, sob o comando de Jorginho, a equipe encantou o país com a “Barcelusa” e conquistou o título da Série B, retornando à elite nacional. No entanto, o sucesso foi breve: o clube foi rebaixado no Paulista de 2012 e iniciou uma sequência de quedas no cenário nacional, sendo excluído das divisões da CBF em 2017. No futebol paulista, sofreu novo rebaixamento em 2015 e, desde então, tem disputado a Série A2, sem conseguir o retorno à elite.

Hoje, a Portuguesa vive um novo momento, agora como Sociedade Anônima do Futebol (SAF), apostando em uma gestão profissional para reerguer sua trajetória.


CELEIRO DE GRANDES JOGADORES

Diversos craques marcaram época vestindo a camisa rubro-verde. Enéas Camargo, segundo maior artilheiro da história da Lusa, marcou 171 gols — atrás apenas de Pinga, com 235. Dener Augusto de Souza (1971–1994), considerado por muitos o jogador mais talentoso que já passou pela Portuguesa, foi destaque na conquista da Taça São Paulo de 1991.

Outros nomes de destaque incluem Julinho Botelho, autor de 101 gols; o goleiro Félix, titular da Seleção tricampeã de 1970; e Djalma Santos, o maior lateral-direito do Brasil, com mais de 500 jogos pela Lusa.

Também marcaram época Brandãozinho, volante da década de 1950; Ivair, o “Príncipe”, que disputou a Copa de 1966; Leivinha, que brilhou entre 1966 e 1971; Roberto Dinamite, ídolo do Vasco com passagem marcante pela Lusa; Capitão (Oleúde José Ribeiro), com mais de 500 partidas pelo clube; e Zé Roberto, vice-campeão brasileiro em 1996, que construiu carreira de destaque no Palmeiras, no futebol alemão e na Seleção Brasileira.