Por que Milton Neves não vai mais apresentar Terceiro tempo na TV Bandeirantes

De simples plantão esportivo, ele se transformou num influente cronista, apresentador de rádio e tv, criador de vários programas que entraram para a história.

E Milton Neves está prestes a fazer um novo projeto de sucesso. Ele está pronto, outra vez, para surpreender o mercado.

Milton Neves - Personalidade da Imprensa
Milton Neves segue na Band e com seus projetos



Especial – EDGARD SOARES

São Paulo, SP, 11 (AFI) – Fiquei sabendo que o programa Terceiro Tempo, de Milton Neves, por comum acordo entre as partes, vai deixar de ir ao ar, domingo, pela TV Bandeirantes. Transformado em programa de TV para a Record em 2001 – Milton havia criado o programa para o rádio – são  quase 22 anos, ininterruptos, no ar, na telinha. 

O Terceiro Tempo continuará na Rádio Bandeirantes, aos domingos pela manhã.  É um recorde para um programa esportivo, comandado pelo mesmo apresentador, desde a sua estreia.

Como quase todo radialista de sucesso, Milton começou aos 17 anos em sua cidade natal, Muzambinho (MG). Foi para Goiânia e depois para Curitiba trabalhar em emissoras locais.

Milton chegou a São Paulo em 1982 para a rádio Jovem Pan. Foi repórter de trânsito, mas se firmou na equipe esportiva, assumindo o Plantão Esportivo nos estúdios, como retaguarda das transmissões de futebol.

Ali, ele começou sua carreira de sucesso. Transformando-se em pouco tempo, de locutor de plantão – como  todas as emissoras tinham – em um verdadeiro âncora do pós-jogo. Foi algo inusitado e uma ideia que deu certo.

Ele deu importância à função. Mas sempre fez questão de homenagear os “locutores de plantão” antigos, que ouvia desde jovem. E era homenagem super merecida. Não poucas vezes, Milton Neves se referia a Narciso Vernizzi, da própria Jovem Pan, que tinha se aposentado e era O Homem do Tempo, agora; a Manoel Ramos, da Equipe 1040, da Rádio Tupi, que anunciava os resultados dos jogo Loteria Esportiva, antes de todo mundo; e a Alexandre Santos, dono de uma voz belíssima, da Rádio Bandeirantes, todos, como suas referências e seus ídolos.

Aos poucos Milton Neves, se transformou em uma das estrelas da equipe de esportes da Jovem Pan, “posto” então reservado a narradores e comentaristas.

Para se ter uma ideia, as pessoas podiam até ouvir a narração do jogo em outra emissora, mas mudavam para a Jovem Pan após o apito final das partidas.

Inquieto e querendo conquistar o mundo, Milton Neves revelou-se concomitantemente um eficiente homem de venda e o Terceiro Tempo começou a ficar recheado de anunciantes.

A esta altura, Milton que fazia o Curso de Jornalismo, resolveu ter uma coluna de jornal. Desde sempre, o jornalismo impresso abrigava profissionais respeitados, de boa formação. E não raro eles vinham da literatura, como Monteiro Lobato, Euclides da Cunha, Cassiano Ricardo, entre tantos outros.

Milton conseguiu espaço no Diário Popular/Popular da Tarde e depois de maneira contínua na Folha da Tarde/Agora.

A coluna fez sucesso e, claro, era polêmica a lá Milton Neves. E prestigiava jornalistas esportivos, com uma seção de perguntas e respostas para profissionais de rádio, TV e até de outros jornais. Os jornalistas eram os entrevistados.

Já estaria bom, mas Milton ainda arrumava patrocinadores para a coluna. E de empresas fortes, sem vínculo com diretores de clube.

Nesta época, assim como Osmar Santos, titular da Jovem Pan nas transmissões de jogos, Milton começou a fazer amizade com publicitários.

A propaganda brasileira nos anos 90 era considerada uma das três das melhores do mundo. Milton transformou-se em Contato Publicitário de seu próprio nome e de seus programas. 

Como se não bastasse, Milton começou a se interessar também por televisão, que ele nunca tinha feito.

Num primeiro momento, por possuir uma voz bonita e marcante, ele queria apenas ser locutor de comerciais, que nada tinham a ver com esporte e futebol.

Era uma época em que o mercado paulista, onde estavam as grandes produtoras de filmes comerciais e os estúdios de gravação de jingles. Craques do microfone não faltavam: Humberto Marçal, Antônio Carvalho, ambos da Rádio Bandeirantes, o marcante Oliveira Neto, que imitava e era confundido com Ramos Calhelha, que morava nos Estados Unidos, do grande Hélio Ribeiro ou do perfeito e sóbrio Ferreira Martins, que brilha hoje em dia, inclusive. 

Milton não aparecia na tela, era apenas uma Voz.

Mas não é que começou a estrelar os comerciais dos clientes que anunciavam com ele no rádio. Geralmente comerciais de varejo. Era mais um veículo que começava a conquistar, por sinal o veículo que atingia, de longe, o maior número de pessoas no país. Jornais e revistas falavam em milhares, às vezes em centenas de milhares de leitores. Com a televisão, a conversa eram milhões de telespectadores.

Bem, já que começou a aparecer na TV e agora se interessar por ser um apresentador de programas esportivos da TV, foi um passo. Teve aparições aqui e ali, com a apresentação do Canal 100, um jornal de 5 minutos, que antecedia os filmes de longa metragem nos cinemas de todo o país e agora estava na TV Manchete; Gol, o grande momento do futebol, na TV Bandeirantes, criado por Alexandre Santos, aquele mesmo Locutor de Plantão famoso.

A saída da Jovem Pan depois de décadas na emissora e transferência para a Rádio Bandeirantes, acelerou o processo.

Em 2005, ele pilotou na TV Record um programa ao meio-dia.

Ele se deu bem na telinha e agradou o pessoal da Record com o “Debate Bola” na hora do almoço. Renata Fan era sua assistente de palco.

Para sua própria surpresa, ele foi escolhido pela direção artística da TV Record para ser o apresentador de “Roleta Russa”, um formato norte-americano pertencente à Sony Pictures, que nada tinha a ver com futebol ou qualquer outro esporte e ele mandou muito bem. Artistas famosos participavam.

O programa era segundo lugar em audiência, perdendo apenas para a Globo, no horário das 21 horas. Milton Neves já era, então, um homem de TV.

Quando J Hawilla, que tinha sido repórter esportivo e então já um empresário de enorme sucesso financeiro, negociava um espaço para a compra na TV Bandeirantes para lançar o ótimo Super Técnicos, pensou em Milton Neves para apresentá-lo.

Nesse meio tempo, José Luiz Datena deixa a TV Record, que era então a vice-líder de audiência, perdendo apenas para a Globo.

Atônita, a direção da emissora escolheu às pressas Milton Neves para apresentar o Cidade Alerta. Milton segurou a audiência até a emissora contratar Octaviano Costa. Mas ele não manteve a audiência.

A Record tentou voltar com Milton Neves, mas nesse meio tempo, J. Hawilla o tinha contratado. Milton agora, definitivamente, era um homem de TV e ia pilotar um programa com excelente verba de produção.

Quando a Internet explodiu depois da virada do século e muitos consideraram que os meios de comunicação teriam que se reinventar – e tiveram mesmo – Milton Neves resolveu entrar de cabeça na Era Digital.

Montou uma equipe que criou um Blog e um Site, o Terceiro Tempo.
E nele, na prática, o primeiro Museu Informal do Mundo, em constante atualização, a Seção, “Que Fim Levou”?

Hoje, a rede digital de Milton bate nos 6 milhões de seguidores.

Esta rápida e incompleta retrospectiva que fiz utilizando apenas minha memória, ao saber da notícia do fim do Terceiro Tempo na TV (no rádio ele continua) não é para dizer que Milton Neves é o maior do mundo.

Mas me ocorreu que de todos os profissionais ligados ao esporte de sua geração não conheci nenhum outro consagrado num veículo, que tenha saído de um nicho super confortável de exposição, no caso de Milton, o rádio, e tenha se lançado em outro (ou outros) com mais sucesso ainda.  

Milton foi do rádio para o colunismo em jornal impresso, deste para a TV como um apresentador perfeitamente adaptado às câmeras e aos estúdios e da TV para o digital com seus milhões de seguidores.

Houve, por exemplo, narradores ótimos de futebol no rádio, que não deram certo em televisão. Idem, de comentaristas. Até Chico Anísio, gênio do humorismo, a poderosa Rede Globo tentou no futebol e não aconteceu nada. A Internet ignorou articulistas e colunistas dos jornais impressos e os trocou por influenciadores que, até então, eram ilustres desconhecidos que acumulam cliques e mais cliques. É tudo muito móvel e mutável, a cada minuto. O turn-over é alucinante.

Nestes últimos 30 anos, não conheço um só jornalista/homem de comunicação que tenha tido sucesso permanente e contínuo e o tenha conquistado no rádio, na TV como locutor de comerciais, na TV como apresentador e no mundo digital com seus milhões de acessos permanentes.

Por isso, não estranhei quando soube quando ele informou pela Internet que vai se dedicar ao seu Terceiro Tempo no rádio. Deve ter coisa aí. E das boas.

Pois não é que tem ?

Em primeira mão lhes digo:

Milton Neves, alicerçado na criação de John McCarthy, inventor da Inteligência Virtual, lançará uma Assistente Virtual. Para todos que gostam de futebol possam usá-la. Será revolucionário ! Desta vez, Milton surpreendeu a todos.

Você deve conhecer Assistente Virtual por um dos nomes comerciais pelo qual ela é conhecida: a Alexa, o aparelhinho que fala com você e responde as suas perguntas. E toca as músicas que você solicita, simplesmente dizendo: “Alexa, toca aí o Roberto Carlos”. E ela toca. Ou faz uma pergunta: “Alexa qual o idioma mais falado no mundo ?”. E ela responde: “O inglês, falado por mais de 1 bilhão e 45 milhões de pessoas”.

Bem no caso, da nova empreitada de Milton Neves, o dispositivo, respondera primeiramente à pergunta do consagrado “Que fim levou?”. E uma voz responderá. Como sabemos, o que “Que fim levou?” já foi milhões de vezes consultado e continuará sendo. Só que agora a um simples pedido vocal seu e a resposta também será Sonora. Muitas vezes pela própria voz de Milton Neves.
Em matéria de conteúdo, o dispositivo já está pronto.

Mas todas as outras perguntas sobre esportes poderão ser feitas: “Qual o time que ganhou a primeira versão da Première League e em que ano?” E o dispositivo responderá: “Manchester United na temporada 1992/1993”.

Ou seja, uma Enciclopédia de Esportes, não só falada, mas com a qual se pode dialogar, através de perguntas.

Aliás, por falar em Alexa, você sabe por que ela tem esse nome? 

Bem, primeiro é bom esclarecer que Alexa pertence à gigante Amazon. E não foi a primeira Assistente Virtual,
que quem criou foi outro gigante empresarial, o Google.

E por que Alexa? Porque foi inspirada na Biblioteca de Alexandria, que segundo a lenda conteria todos os livros do mundo então existentes. E foi incendiada durante uma guerra em 48 AC.

O nome da Alexa dos esportes, será, claro, “Milton”. Em homenagem ao grande poeta inglês.
Mas com um ‘x’ no final. Portanto, “Miltonx”. Porque é necessário tecnicamente.