CEO do Atlético-MG barra investimentos altos: “Fora da realidade”

Questionado sobre o tamanho atual da dívida do clube, Pedro Daniel evitou cravar números e afirmou que o balanço final ainda será consolidado

A coletiva foi aberta por Rafael Menin, um dos sócios da SAF, que fez um balanço do ano e reconheceu a necessidade de investimento para a próxima temporada

Atlético-MG
Foto: Divulgação

Belo Horizonte, MG , 11 (AFI) – O Atlético-MG apresentou oficialmente, na manhã desta quarta-feira, na Arena MRV, seu novo CEO, Pedro Daniel. O dirigente assume o comando administrativo da SAF em um momento de forte pressão financeira e em meio às discussões sobre um novo aporte para 2026.

A coletiva foi aberta por Rafael Menin, um dos sócios da SAF, que fez um balanço do ano e reconheceu a necessidade de investimento para a próxima temporada, embora não tenha detalhado valores.

Cenário financeiro e dívidas

Questionado sobre o tamanho atual da dívida do clube, Pedro Daniel evitou cravar números e afirmou que o balanço final ainda será consolidado.

“Temos uma reunião hoje à tarde sobre isso. O ano ainda não acabou, há entradas de recursos previstas. Não tenho esse número exato neste momento.”

O último demonstrativo financeiro divulgado pelo clube apontava débito próximo de R$ 1,8 bilhão.

Investimentos para 2026 e limites do mercado

O novo CEO também foi questionado sobre o orçamento do futebol para 2026. Em tom firme, descartou a possibilidade de contratações de alto custo e comparou a situação do Galo com a de Palmeiras e Flamengo.

“Não adianta criar expectativa de contratações bilionárias. Espero, no futuro, poder anunciar grandes reforços internacionais, mas hoje isso não é possível.”

Pedro Daniel reforçou que o clube busca competitividade, mas dentro de limites:

“Nossa realidade não é a mesma de Palmeiras e Flamengo. Igualar o nível financeiro deles é impossível. Mas queremos ser eficientes e assertivos.”

Aporte e necessidade de reorganização

O dirigente reconheceu que 2025 foi um ano difícil e que 2026 será igualmente desafiador. Ele afirmou que a SAF discute alternativas para reestruturar o capital do clube e minimizar impactos no futebol.

“Estamos trabalhando para ajustar essa estrutura no primeiro semestre. Agora temos um órgão regulador com penalidades sensíveis, então a margem de erro é pequena.”

Planejamento esportivo e integração com a base

Sobre o investimento no elenco e possíveis reformulações, Daniel destacou que o foco será a eficiência, apoiado no trabalho conjunto entre Paulo Bracks, Jorge Sampaoli e o CIGA (Centro de Informação do Galo).

“Não se trata apenas de desligamentos. Há realocações e ajustes. Nosso mantra é eficiência. O CIGA tem papel fundamental no planejamento.”

O CEO afirmou que ainda não apresentaria números, mas garantiu que o clube terá uma visão mais clara da capacidade de investimento na próxima semana.

Despedida de Bruno Muzzi

Antes de Pedro Daniel assumir o microfone, o ex-CEO Bruno Muzzi fez um discurso emocionado ao deixar o cargo após liderar a SAF desde 2022.

“As derrotas machucam, mas fortalecem. As vitórias passam rápido. O que fica é a jornada. Saio com profunda gratidão e como um torcedor fiel”, disse Muzzi.

Quem é Pedro Daniel?

  • Graduado em Administração pela PUC-SP
  • Mestre em Governança para Entidades Esportivas pela Universidade de Limoges (França)
  • Professor e autor do livro Gestão Financeira no Esporte
  • Consultor de FIFA, Conmebol, CBF, FPF e clubes como:
    • Flamengo
    • Palmeiras
    • Corinthians
    • São Paulo
    • Grêmio
    • Athletico-PR
    • Real Valladolid (Espanha)

Antes de chegar ao Atlético-MG, trabalhava como diretor na Ernst & Young, conduzindo projetos de gestão esportiva ao lado de Bruno Muzzi, com quem realizou a transição.