Os 7 a 1 extracampo e os problemas que não podemos nos esquecer
Quatro anos após a "tragédia" do 7 a 1, a Seleção Brasileira embarca para disputar mais uma Copa do Mundo.
Quatro anos após a "tragédia" do 7 a 1, a Seleção Brasileira embarca para disputar mais uma Copa do Mundo.
Quatro anos após a “tragédia” do 7 a 1, a Seleção Brasileira embarca para disputar mais uma Copa do Mundo.
O que ocorreu de novo entre 2014 e 2018?
Neste período, amargamos duas eliminações precoces em edições da Copa América: em 2015, nas quartas de final, e em 2016, ainda na primeira fase da edição Centenário, colecionando atuações muito aquém do esperado.
Constantes quedas no ranking da FIFA, prisões e punições de dirigentes, e o risco de não se classificar para Copa do Mundo de 2018, marcaram tal lacuna temporal, até que, finalmente, construímos uma seleção competitiva, consistente e convincente durante os amistosos e as Eliminatórias da América do Sul, sob o comando de um treinador nacionalmente considerado como o nome ideal para a consolidação do sonhado hexa.
MUDAMOS CERTO ?
Será que executamos as mudanças necessárias para superar quem está na nossa frente?
Estamos fazendo um trabalho similar ou superior ao da Alemanha de 2014?
A exaltada Alemanha de 2014, também viveu a sua “tragédia”. Em 2000, os alemães foram eliminados precocemente no considerado “grupo da morte” da Eurocopa.
Após o ocorrido, a Federação Alemã de Futebol (Deutscher Fußball-Bund) determinou um modelo de gestão e uma linha coerente de trabalho técnico, com o objetivo de reverter a situação anterior, visando ao topo do futebol mundial.
RIGOR ALEMÃO
Assim, a Alemanha implantou um sistema com rigor superior à configuração do fair play financeiro da UEFA, ofereceu benefícios para clubes que trabalham com excelência, estruturou ainda mais sua liga nacional.
Além disso, criou produtos de qualidade para o público consumidor, explorou o potencial de marca dos times, capacitou milhares de treinadores e desenvolveu centros municipais de formação de atletas.
Também acabou impondo um padrão inovador e referencial nos seguintes aspectos da gestão em gestão profissional, gestão mercadológica, gestão financeira e formação de atletas, fomentando, também, a periodização tática.
LEGADO DE 2006
Além dos avanços citados, a Alemanha explorou de maneira positiva e assertiva o legado estabelecido pela Copa do Mundo de 2006, demonstrando organização, planejamento, visão de negócio e mostrando ter um mercado preparado para o crescimento.
Segundo pesquisa publicada pelo consultor Amir Somoggi, a Copa do Mundo de 2006 gerou um acréscimo superior a 100% nas receitas de transmissão, marketing e bilheteria da Bundesliga, além de praças esportivas rentáveis.
Considerando as estatísticas anteriores, fica claro que a mudança do comando técnico, é a única semelhança que o futebol brasileiro tem, com o trabalho de evolução e gestão de crise que a Alemanha executou.
ERROS DA CBF
Além de não ter se preparado para aproveitar o legado da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a CBF segue sem construir centros de formação, sem criar produtos interessantes, sem estabelecer um fair play financeiro, sem exigir princípios administrativos e sem fazer o papel de liga, não permitindo com que esse papel seja feito com através do “protagonismo” dos clubes ou de uma organização independente.
A falta de cuidado, nos insere em um contexto esportivo delicado. Cenário que nos “brinda” com 80% dos atletas profissionais desempregados, mais de 500 clubes sem calendário no segundo semestre e um deteriorado processo formador de atletas e treinadores.
Nosso campeonato nacional é ultrapassado e fraco no ponto de vista comercial. As principais partidas do Campeonato Brasileiro ocorrem nas noites de quarta-feira, horário inviável para os consumidores e que representa a madrugada na Europa, o que inviabiliza muitos ganhos.
BRASILEIRO FURADO
O Brasileirão tem um calendário enxuto, que além de coincidir com datas FIFA e janelas de transferência, promove clássicos simultâneos, exibindo todos os jogos com potencial mercadológico em um só dia/final de semana, deixando distribuir de forma estratégica, as partidas que geram grandes receitas e audiências.
Enquanto a Bundesliga é disputada em 9 meses e uma semana, o Campeonato Brasileiro é concluído em, apenas, 6 meses…
Somente mudança no comando técnico resolve os problemas gritantes do futebol brasileiro?
Nosso futebol sempre foi referência pelos aspectos técnicos individuais. No entanto, a Alemanha e as demais forças do futebol seguiram em constante evolução.
DEPENDENDO DE TALENTOS
Oportunidades e motivos muito mais intensos em comparação ao panorama da Alemanha na Eurocopa de 2000 não nos faltaram. Portanto, não podemos mais depender apenas de jogadores talentosos ou treinadores competentes. O futebol brasileiro necessita de uma evolução geral.
Podemos conquistar a Copa do Mundo, mas ela não resolverá os demais problemas do nosso futebol…
Dentro de campo, a distância do futebol brasileiro ao futebol alemão foi de, apenas, 6 gols.
Fora das quatro linhas, no entanto, a diferença é muito maior…
Que venha o hexa, mas que não se esqueçam dos nossos problemas!
Por Lucas Brando Leite
É um jovem Executivo de Futebol do futebol brasileiro. Possui uma eclética formação em cursos sobre os negócios do esporte. Foi executivo de futebol e CEO no Flamengo-SP. Ministrou cursos pela Escola do Esporte, FC Futebol e aulas pontuais para turmas da EEFEUSP.
Atualmente, gerencia o Dep.de Scout da escola THE360, que já prestou serviços acadêmicos para a base da Chapecoense e hoje é parceiro do Avaí e do Serrano FC.