No escurinho do cinema em São Paulo, torcedores vibram com a vitória do Brasil
O verde e amarelo era predominante no Cinemark do Shopping Market Place, na Capital Paulista
O verde e amarelo era predominante no Cinemark do Shopping Market Place, na Capital Paulista
São Paulo, SP, 27 – Reclamar, gesticular e até berrar não só era permitido como era quase regra, nesta quarta-feira, em uma sala de cinema da zona sul da cidade de São Paulo. Em vez de algum blockbuster, as mais de 100 pessoas que ocupavam as poltronas estavam ali por outro motivo: torcer pela vitória e a classificação do Brasil para as oitavas de final na Copa do Mundo da Rússia. Deu certo: vitória brasileira de 2 a 0 sobre a Sérvia.
Como em uma sessão de cinema normal, as fileiras mais disputadas foram as centrais. No escurinho, o público é variado: casais, famílias, grupos de amigos e pessoas desacompanhadas, de crianças a idosos. Para isso, enfrentaram trânsito intenso na Marginal Pinheiros e outros pontos perto dali, no Cinemark do Shopping Market Place. O verde e amarelo era predominante.
“Vamos”, gritava um rapaz, enquanto o seu colega de poltrona lamentava a saída do lateral-esquerdo Marcelo logo nos primeiros minutos da partida contra a Sérvia, depois de sentir uma contusão na coluna. Nos momentos de jogo mais parado, os lamentos e os barulhos de vuvuzela cessavam e restava apenas o som de pipoca sendo mastigada.
“Ai, meu Deus do céu”, lamentou um torcedor sobre um lance envolvendo o volante Paulinho, enquanto outro gritou logo depois: “Boa, Miranda”, sobre uma jogada mais agressiva do zagueiro brasileiro em cima de um rival sérvio.
Aos 35 minutos, Philippe Coutinho deu um passe para Paulinho, que se aproximou da pequena área e encobriu o goleiro sérvio. “Aeeeeeeeeee”, vibraram os torcedores, quase todos de pé, no primeiro gol brasileiro. Não foi possível mensurar o volume de pipoca e refrigerante desperdiçados nesse momento (e no gol seguinte, do zagueiro Thiago Silva), embora vestígios fossem evidentes até o fim da sessão.
TORCER JUNTO
O engenheiro Frederico Mouradi, de 38 anos, foi ao cinema com os filhos Pedro, de 5, e Duda, 3, e a esposa, a dentista Viviane, também de 38. Eles estavam em grupo, junto de familiares e amigos, totalizando 13 pessoas, que ocupavam a metade de duas fileiras do cinema. “Muito legal a galera torcendo junto”, disse ele, que levou uma hora de carro da Saúde até o Morumbi, o dobro do tempo usual.
Já o agente de vendas Kleiton Vasconcelos, de 26 anos, enfrentou trem e metrô lotados desde a estação Ana Rosa até o cinema. Acompanhado do irmão e da cunhada, gesticulou durante grande parte da partida. “É diferente, mas a emoção é a mesma”, comentou o rapaz, trajado com a camisa da seleção.
Moradores do entorno, o empresário Luca Tundisi e a engenheira Isis Reis, ambos com 27 anos, escaparam do trânsito e foram a pé até o cinema. “A gente veio ver um filme aqui há umas duas semanas e ficou sabendo que iria ter a transmissão ao vivo da partida”, contam.
Como a maioria dos frequentadores do cinema, eles não abriram mão da pipoca e do refrigerante, mas não hesitaram na hora de reagir aos avanços do Brasil e da Sérvia. “O legal aqui é poder torcer, fazer barulho”, comentou Luca.
Entre risos, palmas e muitos lamentos com a mão na cabeça, também teve quem mal sentou para assistir à partida. Disposto na última fileira, o estudante Felipe Matheus Faria, de 16 anos, cantou como se estivesse assistindo ao jogo diretamente na Rússia.
“Aqui, teve torcida mesmo, como se fosse um estádio dentro da sala”, comentou o garoto, que veio de trem do Campo Limpo, também na zona sul, acompanhado de três amigos.
Ao fim da partida, o “Vai, Ney”, “Tira, tira daí” e o coro de um “Ooolé” viraram “Vem, México!”, em alusão ao adversário brasileiro na próxima fase. “Aqui é Brasil”, repetiam alguns garotos ao fundo.






































































































































