Meu gol de letra por um emprego (estável)
O futebol não escapa dessa triste e negra realidade. Estamos mergulhados numa recessão, que nenhum economista se atreve, muito menos o governo, a sinalizar a volta do pleno emprego
Outro dia, um jornalão publicou uma matéria sobre os jogadores desempregados das divisões do nosso futebol. Coisa de quase dois mil porque na Segunda , Terceira e outras divisões,
“Vivo do futebol, mas é difícil. Você fica quatro, cinco meses empregado durante o ano e depois fica desempregado. Espero que com a minha indicação ao Troféu Puskas, por ter feito um dos gols mais bonitos, possam surgir outras propostas de trabalho”. O autor desta declaração é Wendell Silva Lira, 26 anos, que está na lista dos autores dos gols do ano, entre eles, Messi e Carlitos Tevez.
Se isto é motivo de alegria de Wendell e de orgulho para quem gosta de futebol, é também um libelo contra as injustiças de um futebol cinco vezes campeão do mundo. Se Wendell receber o prêmio FIFA, pela beleza de seu gol, é importante, mas tudo isso é mais uma denúncia contra as coisas erradas do futebol brasileiro.
Gostaríamos que, premiado ou não, o caso Wendell não caísse no esquecimento e sim despertar consciências e sensibilizar aqueles que têm o poder de transformar essa triste realidade que é o desemprego na bola.
O desemprego é uma chaga social, que atinge todos os setores da sociedade. Todo fim e começo de mês, de uns tempos para cá, lá vem a notícia ruim: aumentou a taxa de desemprego. O futebol não escapa dessa triste e negra realidade. Estamos mergulhados numa recessão, que nenhum economista se atreve, muito menos o governo, a sinalizar a volta do pleno emprego.
Temos hoje 8 milhões de desempregados no país. Outro dia, um jornalão publicou uma matéria sobre os jogadores desempregados das divisões do nosso futebol. Coisa de quase dois mil porque na Segunda , Terceira e outras divisões, os campeonatos duram 3 meses ou um pouco mais. Depois disso, o jogador faz o quê ? Joga na várzea por cachês que mal dão para as despesas da semana.
QUEM DEFENDE OS PÉS VERMELHOS ?
Infelizmente, ninguém defende esses coitados. A preocupação da mídia, por exemplo, é com os jogadores de clubes grandes – a elite da bola. E os pés vermelhos do futebol, quem os defende ? Quem luta por eles ? Ninguém.
Agora mesmo saiu a tabela do Campeonato Paulista. Vai correr dinheiro – R$ 170 milhões. Os grandes ficam com o filé mignon, os pequenos receberão migalhas e, por via de consequência, os seus jogadores vão ganhar uma miséria.
Mas não é só isso, não. A dona do futebol – Plim-Plim – já estabeleceu com a FPF que teremos rebaixamento de seis clubes. No fim, quantos jogadores ficarão desempregados ? O pior é que a mídia endossa isso:
“Ah, campeonato com muitos times é chato, desgasta e não resolve nada”.
Claro não se deve criar reserva de mercado, mas o futebol paulista era melhor com times fortes do interior, que até disputavam títulos, como por exemplo, a Ponte que disputou contra Corinthians, São Paulo; o Guarani, idem, sem falar que ganhou um campeonato brasileiro. Quem não se lembra da Inter, campeã paulista, Botafogo , América de Rio Preto etc ?
Se tudo isso não serve de exemplo, pelo menos que cuidem dessa legião de jogadores desempregados. Cadê o sindicato ? O que faz seu presidente Martorelli ? E o dinheiro da FAAP – será que já não mudou de nome ? – para minorar os sofrimentos de quem perde seu emprego na bola ?
Não existe futebol forte estruturado sobre castelos de areia. Que o caso de Wendell não caia no esquecimento e que os progressistas midiáticos despertem de sua letargia e defendam os pés vermelhos. Bem que Wendell, se for premiado, poderia lançar um slogan:
“Meu gol de letra por um emprego ( estável )”.
P I X U L E C O S
1- As distorções e a orgia financeira nos clubes não têm limites. Contratam e depois emprestam quem não deu certo a peso de ouro. O Palmeiras , por exemplo , gasta R$ 600 mil por mês com jogadores emprestados a outros clubes. Isto dá um custo de mais de R$ 8 milhões por ano aos cofres do Palestra.
2- Querem ver outra ? O São Paulo, trouxe de volta Gustavo Oliveira -filho de Sócrates – como coordenador no Morumbi. Leco, o atual presidente – estabeleceu bônus para Gustavo: 3% no lucro de venda de jogador e 1% em jogador formado na base. Leco : não é melhor você pagar os R$ 270 milhões que o São Paulo deve e depois fazer gentilezas com o dinheiro que não é seu ? Depois, vem o Bom Senso e arruma parcelamento das dívidas fiscais dos clubes junto ao Governo. Assim é fácil.
3-Conselheiros e cofistas do Palmeiras sinalizaram que o dinheiro do Campeonato Paulista R$ 16 milhões – R$ 20 milhões – deve ser usado para amortizar as dívidas do clube. Nada de jogar dinheiro fora, viu Paulo Nobre !





































































































































