'Meu futuro está no Palmeiras, quero seguir fazendo história', diz Raphael Veiga

Performance de destaque de Veiga também chama a atenção de clubes do exterior

Ele já ergueu quatro taças pelo clube, incluindo duas da Libertadores, mas suas ambições não terminaram

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Veiga de olho no Mundial. (Foto: Cesar Greco / Palmeiras)

São Paulo, SP, 15 (AFI) – Raphael Veiga tem vivido dias gloriosos, os melhores de sua carreira. O sucesso demorou um pouco para acontecer no Palmeiras, mas quando veio, foi maior do que esperava. O meio-campista alcançou protagonismo na temporada passada e terminou 2021 como artilheiro da equipe de Abel Ferreira, o principal responsável por fazer decolar o futebol do atleta de 26 anos. Ele já ergueu quatro taças pelo clube, incluindo duas da Libertadores, mas suas ambições não terminaram.

“O Mundial está chegando e quero continuar fazendo história”, avisa Veiga.

Veiga está de férias e falou com a reportagem do Estadão por telefone dias antes de viajar a Paris, onde se encontrou com Neymar. Na sexta-feira passada, ele recebeu os prêmios de melhor meio-campista do Brasileirão no Troféu Bola de Prata e na premiação da CBF. No dia seguinte, viajou com a noiva, Bruna Santana. A ideia é descansar o que ele e seus companheiros não puderam no início de 2021 e chegar no Mundial fortalecido.

“Estou concentrado e com muita vontade de ganhar o Mundial”, enfatiza o maior goleador do Palmeiras em 2021. Veiga entende que a história do clube no torneio da Fifa será diferente em 2022 por dois motivos: o maior tempo de preparação em relação à edição passada e os erros cometidos no Catar que podem servir de aprendizado em Abu Dabi.

MUNDIAL!

“Por a gente já ter disputado o Mundial não será algo novo e vamos saber como agir melhor. Cometemos na última edição alguns erros que vão nos deixar mais maduros para 2022”, opina. O elenco se reapresenta no dia 5 de janeiro e terá um mês para se preparar para a competição. A estreia está marcada para 8 de fevereiro.

Para chegar ao Mundial pelo segundo ano seguido, o Palmeiras mais uma vez ganhou a Libertadores. E o diferencial para derrotar o Flamengo, considerado pela maioria o favorito antes do confronto, foi a força mental do elenco, aspecto que o técnico Abel Ferreira trabalha exaustivamente. O português compartilhou o plano de jogo com os atletas dias antes da decisão e deixou os jogadores opinarem. “Foi muito aberto e transparente com a gente. Ele ganhou a nossa confiança e nos passou uma segurança muito grande para a final”, observa Veiga.

DO CORITIBA, COMO ALEX, PARA BRILHAR NO PALMEIRAS

O jovem tímido que chegou ao Palmeiras em 2017, então com 22 anos, vindo do Coritiba, deu lugar, alguns anos depois, a um atleta maduro e confiante, que parece sempre saber o que fazer em campo. A confiança, ele diz, foi um dos componentes que o fez decolar no Palmeiras e se tornar um dos principais jogadores do futebol brasileiro, monitorado, inclusive, pelo técnico Tite.

“Eu comecei a crescer quando tive uma sequência e ganhei confiança. Primeiro com o (auxiliar) Andrey (Lopes, o Cebola) e depois com o Abel. Essa sequência fez com que eu atingisse o nível de confiança que eu precisava e as coisas caminharam até melhor do que eu esperava”, diz Veiga.

“Sonhei em jogar e fazer gols pelo Palmeiras. Mas nunca imaginei que alcançaria tudo o que já alcancei pelo Palmeiras em pouco tempo”, acrescenta o meio-campista. Ele é torcedor em campo pois é palmeirense, bem como o seu avô, Rafael, que morreu antes de ver o neto brilhar em seu time de coração, mas suas memórias se tornaram um combustível para o atleta perseguir as vitórias e títulos.

“Não é algo que fica na minha cabeça o tempo inteiro, mas, quando paro para pensar, às vezes, eu lembro que estou vivendo um sonho, ganhando jogos importantes e títulos”, observa o atleta, campeão pelo clube do Paulista, Copa do Brasil e duas vezes da Libertadores. Sua trajetória se assemelha à de Alex. Ambos são meias canhotos habilidosos e saíram jovens do Coritiba para brilhar no Palmeiras.

O ex-camisa 10 teve papel importante no desenvolvimento de Veiga e lhe ajudou com ensinamentos e conselhos. “Gostava muito do estilo dele. Foi um cara que me ajudou muito quando eu subi para o profissional do Coritiba e quando vim para o Palmeiras”, diz, sobre o ídolo. Fora do Brasil, ele gosta de ver jogar o belga De Bruyne, do Manchester City, e o português Bruno Fernandes, do Manchester United.

SOB ABEL FERREIRA, UM NOVO JOGADOR

Antes de se tornar peça-chave no time de Abel Ferreira e jogador imprescindível ao Palmeiras, Veiga demorou um pouco a se firmar, sem se garantir entre os titulares. Teve poucas chances em sua temporada de estreia no Palmeiras, em 2017, mas brilhou no ano seguinte no Athletico-PR. Em 2019, de volta ao clube paulista, não conseguiu repetir as boas atuações que fez no time paranaense. As coisas só funcionaram para ele no fim de 2020, quando Abel atravessou o Atlântico para suceder Vanderlei Luxemburgo.

“Desde o primeiro dia de trabalho ele conversou comigo. Perguntou onde eu gostaria de jogar. Já de início essa preocupação dele em mostrar o interesse em me ajudar foi importante para o meu futebol”, conta o jogador. Ele diz não ter conversado com o treinador sobre seu futuro. Há a possibilidade de o português, que disse estar em seu limite físico e mental, não continuar seu trabalho no clube alviverde.

Sob o comando de Abel, Veiga passou a fazer funções diferentes e viu sua performance crescer. Atuou em mais de uma posição até se fixar no lado direito, mas com liberdade no campo ofensivo, e passou a ser decisivo, com gols em profusão e assistências importantes. Nesta temporada, ele balançou as redes 18 vezes, deu seis assistências, e foi o responsável por abrir o caminho para o tri da Libertadores na vitória sobre o Flamengo na decisão em Montevidéu. O chute certeiro da entrada da área, como aconteceu no Uruguai, além do aproveitamento perfeito nas penalidades, são seus maiores atributos.

As atuações de protagonismo de Veiga fizeram Tite citar o atleta em uma entrevista. O treinador busca um “ritmista” e ainda há vagas no meio de campo da seleção brasileira a menos de um ano da Copa do Mundo do Catar.

“Respeito muito tudo o que o Tite e seus auxiliares fazem. Eles sabem o melhor para a seleção. Mas fico na expectativa de ser lembrado. Tudo o que eu faço no meu presente vai refletir nos meus objetivos”, ressalta.

A performance de destaque de Veiga também chama a atenção de clubes do exterior. Seu nome tem sido especulado no Inter Miami, time americano de propriedade de David Beckham. O meio-campista garante, porém, não ter recebido proposta de nenhuma equipe. Ele quer cumprir seu contrato, vigente até o fim de 2024, e “fazer ainda mais história no Palmeiras”.

“Saem coisas sobre mim desde quando cheguei que não são verdade. Já disseram que fui vendido para vários lugares. O meu futuro está no Palmeiras”.

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