Maratona ou futebol? Calendário castiga clubes brasileiros e Europa 'agradece'

Na temporada passada, Corinthians chegou a fazer 20 jogos a mais que o Bayern de Munique

A CBF causou grande polêmica ao divulgar as datas dos jogos atrasados do Campeonato Brasileiro. O remanejamento da tabela fará clubes, como Atlético-MG, São Paulo e Ponte Preta, jogarem três jogos em cinco dias e quatro jogos em oito dias.

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Rio de Janeiro, RJ, 21 (AFI) – A CBF causou grande polêmica ao divulgar as datas dos jogos atrasados do Campeonato Brasileiro. O remanejamento da tabela fará clubes, como Atlético-MG, São Paulo e Ponte Preta, jogarem três jogos em cinco dias e quatro jogos em oito dias. Fato que gerou revolta de dirigentes e colocou em “xeque”, mais uma vez, o calendário brasileiro.

0002048098157 imgValdívia é uma vítima do calendário

O número execessivos de partidas vêm sendo um grande problema, para técnicos, jogadores e dirigentes. A maratona com jogos aos finais e meios de semana impedem que treinadores tenham uma semana completa para treinos. Os atletas sofrem com desgaste físico e contusões. Já os cartolas reclamam da logística e da necessidade de montarem elencos inchados para suprir possíveis perdas.

Tudo isso acaba interferindo diretamente na qualidade do futebol praticado no país. Além do alto risco de perderem titulares por lesões, os clubes muitas vezes poupam seus destaques para previnir as contusões. Isso pode ser constatado com Juninho Pernambucano no Vasco, Alex no Coritiba, Seedorf no Botafogo, Valdívia no Palmeiras, entre outros.

Um dos que reclamam do excesso de jogos foi o preparador físico do São Paulo, Sérgio Rocha. Ele classificou como “desumano” o ritmo do futebol brasileiro. Além de contar com mais jogos no calendário nacional, os clubes ainda precisam lidar com outros agravantes: gramados ruins e longas viagens, já que o Brasil é um país de proporções continentais, o que não é o caso dos principais países europeus. “Não respeitam o ritmo biológico dos atletas”, reclamou.

0002048098159 imgCampeão de tudo, Bayern fez 20 jogos a menos que Timão

Tempo para treino = qualidade
Se no Brasil a CBF empurra o futebol com a barriga, na Europa é diferente. Corinthians e Bayern de Munique-ALE são dois exemplos disso. Em 2012, o Timão disputou nada menos que 74 jogos oficiais, entre Paulistão, Libertadores, Brasileirão e Mundial de Clubes. Já o clube alemão disputou 54 partidas na temporada 2012-2013. E isso porque foi campeão das três competições que disputou (Alemão, Copa da Alemanha e Liga dos Campeões).

E a quantidade de jogos bem inferiores à do Brasil não é um fenômeno apenas do futebol alemão. Pelo contrário. Na última temporada, Barcelona-ESP e Real Madrid-ESP fizeram 60 e 61 jogos, respectivamente. Outros clubes tradicionais, como Manchester United-ING (54 jogos), Juventus (53) e Milan (48) fizeram bem menos jogos.

O único que se aproximou um pouco da “maratona brasileira” foi o Chelsea, que disputou 69 jogos. O clube inglês, assim como praticamente todos os times europeus, adotam uma tática para minimizar o desgaste: o rodízio. Com dinheiro em caixa, os clubes montam elencos fortes, com até 20 jogadores com nível de seleção, ou seja, raramente um atleta chega a 50 jogos na temporada.

O abismo não limita-se apenas aos clubes tradicionais. Na verdade, a diferença fica ainda maior. A Ponte Preta, por exemplo, mesmo com um elenco limitado, teve de disputar 65 partidas em 2012. Já o pequeno Freiburg-ALE fez somente 39 jogos em toda a temporada 2012-2013.

O resultado disso é visto dentro de campo. Com mais tempo, inclusive na pré-temporada, para fazer treinamentos físicos, técnicos e táticos, os grandes clubes europeus têm levado muita vantagem sobre os brasileiros. Basta lembrar os recentes confronto de Santos e São Paulo contra Barcelona e Bayern de Munique, recentemente.