Luto! Morre goleiro ex-São Bento e Paulista que defendeu pênalti de Pelé

Lourenço, que faleceu aos 84 anos, disputou 11 Campeonatos Paulistas da primeira divisão pela equipe de Sorocaba

Morreu neste sábado, na cidade de Jundiaí, o goleiro Lourenço, que foi destaque no São Bento e Paulista, e defendeu pênalti de Pelé

Lourenço, em uma das visitas ao Paulista. Foto: Paulista / Divulgação
Lourenço, em uma das visitas ao Paulista. Foto: Paulista / Divulgação

Jundiaí, SP, 12 (AFI) – O futebol do interior está de luto! Morreu neste sábado, na cidade de Jundiaí, o goleiro Lourenço, que foi destaque no São Bento, no Paulista e em outras equipes do futebol paulista. Sebastião Luiz Lourenço tinha 84 anos. De acordo com a imprensa, uma pneumonia teria agravado o estado de saúde do ex-goleiro, que já lutava contra um câncer de próstata. Ele morava na Vila Santana, em Jundiaí e deixa duas filhas, em Jundiaí e Fortaleza.

Lourenço defendeu o São Bento por uma década no total. Disputou 11 Campeonatos Paulistas da primeira divisão pela equipe de Sorocaba e é considerado até hoje um dos melhores arqueiros da cidade de Sorocaba.

Seu maior feito, no entanto, foi ter defendido um pênalti do Rei Pelé em plena Vila Belmiro, no dia 5 de maio de 1971 – marca que apenas outros dois arqueiros tiveram o privilégio de alcançar, segundo o site 3º Tempo. Lourenço vivia em Jundiaí desde 1978.

Após a aposentadoria, chegou a disputar alguns campeonatos amadores e veteranos da região, além de dirigir equipes da várzea e a escolinha de futebol do clube Grêmio Recreativo Medeiro.

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Lourenço, segundo em pé, da esquerda para a direita. Foto: Divulgação / Paulista

O PÊNALTI COBRADO PELO REI

Segundo conta o site Terceiro Tempo, do jornalista Milton Neves: na ocasião de seu maior feito, o Santos vencia a partida contra o São Bento por 1 a 0 quando, aos 38 minutos do segundo tempo, Pelé foi derrubado dentro da área. O juiz apitou a penalidade.

Na batida, o Rei deu a famosa “paradinha”, mas Lourenço acertou o canto esquerdo e fez a defesa. O goleiro não conseguiu evitar a derrota de seu time, mas parou Pelé, que o cumprimentou após o lance.

“O Rei não bateu mal. Eu que tive a felicidade de acertar o lado. Ele deu aquela paradinha e esperei primeiro tocar na bola para pular no canto. Eu prensei a bola na trave com a ponta das luvas e consegui agarrá-la antes de ela sair para escanteio”, disse Lourenço.

Para a imprensa local (Jornal Cruzeiro do Sul), o goleiro detalhou o lance histórico.

“Naquele dia (na Vila Belmiro), a gente se preparou bastante. Naquela época, era muito difícil enfrentar o time do Santos. Era um time fantástico, o Pelé organizava tudo, fazia gols e tinha bons companheiros. O jogo foi se desenrolando e, no segundo tempo, aos 32 minutos, saiu pênalti contra nós. A gente sabia que, se não estivéssemos bem preparados, iríamos tomar um monte de gols”, contou o ex-goleiro.

“Eu sou destro. Então pensei: vou cuidar do meu lado esquerdo. A maioria dos pênaltis que o vi bater era bem no chão, no canto direito. Ele jogava a bola no contrapé do goleiro. Isso a gente gravava. O Pelé deu a primeira paradinha, partiu, deu a segunda paradinha e bateu no chão, rente à grama. Consegui prensar a bola no pé da trave. Ela rodou e não voltou direto para ele, a bola ameaçava sair pela linha de fundo. Aí me arrastei um pouco e peguei”, recordou o goleiro.

DO PARANÁ

Lourenço nasceu em 8 de maio de 1941, na cidade de Jacarezinho, Paraná, e se criou na paulista Presidente Prudente, onde iniciou a carreira futebolística no Prudentina. Teve passagens também pelo Arapongas-PR, Paulista de Jundiaí e pendurou as chuteiras na Associação Atlética Alumínio, em 1977, aos 37 anos. Os extintos Estrada e DERAC e Comercial, de Ribeirão Preto, completam a lista de clubes.

Lourenço se orgulhava de ter sido contemporâneo de uma grande safra de goleiros. Jogou contra Emerson Leão, Félix, José Poy, Manga, Valdir de Moraes, entre outros grandes nomes. Nos tempos de São Bento, foi companheiro de craques como Marinho Peres, Luís Pereira, Aranha e Paraná, ponta-esquerda que serviu à Seleção Brasileira na Copa de 66, na Inglaterra.

GOLEIRO DE 1,80m

O goleiro Lourenço era considerado bom pegador de pênaltis e tinha, na época, 1m80 – altura baixa para os goleiros de hoje, mas não para as décadas de 60 e 70. Segundo o site, tinha dificuldades de sair do gol em bolas cruzadas.

O goleiro contou que, com a intensificação dos treinamentos, melhorou esse fundamento e se orgulhava de jamais ter sido expulso de campo – mas nunca recebeu o troféu Belfort Duarte.

HOMENAGEADO

Lourenço jogou no Paulista de 1965 a 1966, e fez 27 partidas no Galo do Japi, com 12 vitórias, seis empates e nove derrotas. Em 2023, foi homenageado pela Prefeitura de Jundiaí.

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Homenagem na prefeitura de Jundiaí (Foto: Divulgação / Prefeitura de Jundiaí)

HOMENAGENS DE SÃO BENTO E PAULISTA

Em uma nota na sua rede social, o EC São Bento homenageou o ex-goleiro:

“O Esporte Clube São Bento vem a público manifestar as condolências pela partida de um nome que marcou época vestindo nossa camisa: Sr. Sebastião Luiz Lourenço.

Seu Lourenço foi nosso guarda-metas entre os anos 60 e 70, ficando eternizado nos registros históricos de nosso clube após defender um pênalti batido por Pelé (que perdeu apenas três pênaltis em toda a carreira… sendo esse um deles).

Suas colaborações pelo Azulão Sorocabano estão eternizadas em nossa memória. Obrigado por tudo e que Deus o tenha.”


Já o Paulista publicou a seguinte nota:

“É com profundo pesar que o Paulista Futebol Clube comunica o falecimento do ex-goleiro Sebastião Luiz Lourenço, aos 84 anos.

Nascido em Jacarezinho-PR, Lourenço passou por diversos clubes além do Galo, onde atuou em 1965 e 1966. Foram 27 jogos com a nossa camisa, com 12 vitórias, seis empates e nove derrotas. Com a camisa do São Bento, de Sorocaba, defendeu um pênalti de Pelé em 1971.

Lourenço se casou e virou morador de Jundiaí nos anos 1970, onde sua família permanece até hoje. Em 2022, o clube fez uma homenagem ao ex-goleiro, relembrando os momentos de sua carreira.

Nossos mais sinceros sentimentos e desejos de força para a família.”

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