Lava Jato: Cá te espero e prenda os ladrões das Arenas

Quem roubou, roubou. E quem não roubou, não roubará mais

Quem roubou, roubou. E quem não roubou, não roubará mais

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No último fim de semana o jornalista Lauro Jardim publicou uma matéria importante sobre todos os escândalos e roubalheiras que sofremos na última Copa do Mundo. Os ladrões da FIFA e os nossos estimados cleptocratas – um está preso na tower de Trump em Nova Iorque, outro não pode viajar nem para Itaquera e o outro, conhecido como Ricardo Teixeira, tem contas a acertar aqui e também com os homens do FBI nos Estados Unidos.

Pois bem, agora o MPF mandou uma ordem para abrir e reabrir os inquéritos que dormitavam em poeirentas gavetas do MP de São Paulo. Olhem que vem chumbo grosso por aí porque entram todos os roubos no Metrô, CPTM, obras viárias e, por fim, lá está citado o Itaquerão.

TODOS PRECISAM SER JULGADOS
Claro que, até provas em contrário, todos são inocentes perante a lei. Aliás, como bem disse o ministro Saulo Ramos, do presidente Sarney, assim que Ulisses Guimarães promulgou a Constituição Cidadã, ladrão, bandido ou assassino só iria pra cadeia depois do trânsito em julgado.

Está na lei maior, mas os fatos mostram que cadeia foi feita para todos, pobres, ricos e ladrões de colarinho branco. Mas nem todos puxam cana. E quem mudou isso? A Lava Jato.

Ah se tivéssemos uma Lava Jato no futebol! Agora parece que a coisa vai andar. Isto não é um direcionamento à arena do Corinthians. Ela é apenas um pedaço do vergonhoso overprice praticadopor contumazes empresários ladrões do dinheiro público, através de seus asseclas.

ROUBOS DE TODAS FORMAS
Roubaram na Copa de todas as maneiras. Pior é que naquela euforia por sediar a Copa, e depois a Olimpíada, todo mundo se empolgou e até a mídia seletiva – aquela que só da pau no cartola que não é amigo, mas cultiva e apoia seus corruptos de estimação, fecharam os olhos à roubalheira do dinheiro público.

Nos estádios do Nordeste uma minoria escapou da roubalheira, mas em Natal, por exemplo, o ex-deputado e ex-ministro do Turismo lambuzou-se num tonel de dinheiro sujo. Em Brasília, um ex-ministro – aquele que era do PC do B -um partido campeão da ética e da moral – e que terminou como governador de Brasília, passou a mão em um milhão, junto com outros ex-governador.

DINHEIRO À VONTADE
Na Bahia, a coisa correu solta, o dinheiro à vontade. Até uma fábrica de cerveja aqui de Boituva, também pagou propina pra muita gente. Essa cervejaria terceirizou a propina. Pagava suborno aos ladrões e depois recebia da Odebrecht em conta no exterior o reembolso em bancos e até em paraísos fiscais.

Rodou dinheiro na Fonte Nova

Rodou dinheiro na Fonte Nova

Coincidentemente, foi a cervejaria que comprou o naming rights do estádio da Fonte Nova. Fez de graça ou recebeu compensação? Assim como o ato sexual – não se faz sozinho – a corrupção também é uma ação de mão dupla. Vai e volta.

A Odebrecht comprou até ações de uma das Arenas. Afinal, o negócio era altamente rendoso e para quem subornou mais de 400 políticos e agentes públicos não seria nada demais.

No Sul, o estádio do Inter também foi engalgado por essa rapinagem. Um assessor de Dilma acabou por ficar com o direito de explorar o restaurante do estádio.

ESCÂNDOLO NO MARACANÃ
No Maracanã, o escândalo foi maior. Se Cabral descobriu o Brasil em 1.500, o nosso Cabral daqui descobriu de como se rouba em obra pública. No Maracanã, a rapinagem foi de mais e um bilhão, sem contar outras roubança no Comperj, futura refinaria da Petrobrás.

O buraco da roubança é tão grande que a Odebrecht e Eike Batista, aquele ricaço de araque, pularam fora do projeto de administração do Maracanã. Eles iam pagar 5 milhões anuais de leasing ao Rio. Depois, tentaram empurrar o Maracanã para o grupo francês Lagardere e a Justiça deu um chega pra lá em mais uma roubança e malandragem.

Hoje, o Rio é a porta do Apocalipse. Há choro, ranger de dentes, miséria e uma conta impagável. O Rio ainda não passou o chapéu geral, mas anda vivendo das espórtulas do Governo Central. Afinal, a roubalheira da Copa e da Olimpíada passou de 30 bilhões e o chamado legado custará 130 bilhões à ex-cidade maravilhosa, hoje capital do crime organizado e vítima dos ladrões de casacas e colarinhos brancos.

TAJ MAHAL DE ITAQUERA
Enquanto a Lava Jato não vem com toda a sua força, para sanear as arenas, fiquemos na expectativa de que tudo se resolverá. O Itaquerão está lá com sua imponência, pisos de mármore negro da Grécia, banheiros espelhados, coisa de primeiro mundo.

Guardadas as proporções parece um Taj Mahal, aonde o povo corintiano se diverte com a ótima campanha do time e os autores dessa fantasia de mil e uma noites se escondem atrás desse sonho que pode virar um pesadelo.

Lá em Itaquera, tudo é mistério. Quanto custou a obra, ninguém sabe. A Odebrecht superfaturou? Claro que sim! Afinal, quando Andrés Sanchez anunciou a construção do estádio, o preço era de 335 milhões. Solenemente, o presidente gritou no microfone:

“O Itaquerão custará 335 milhões (está escrito na ata do Conselho) e nenhum tostão a mais”.

Só faltou alguém colocar no seu nariz o adesivo vermelho de Pinocchio.

O Taj Mahal de Itaquera é fruto de muita roubalheira muito bem articulada

O Taj Mahal de Itaquera é fruto de muita roubalheira muito bem articulada

OPERAÇÃO TABAJARA
Administrar uma obra como aquela não é coisa para principiantes. Afinal aquilo virou uma operação-tabajara. Ninguém sabe quanto custou, ninguém sabe quanto foi pago, ninguém conhece o contrato.

Por isso, mais do que nunca, é preciso uma grande investigação. Até porque pode até estar tudo certo e todos sairão do Itaquerão com um atestado de boa conduta e um certificado de honestidade, lavrado no cartório da credibilidade de sua imensa torcida.

Mas, até lá, que venha a Lava Jato. E, para usar uma frase portuguesa, diríamos: venha, Lava Jato. Cá te espero! E prenda todos os ladrões das arenas.

Mas dos outros estádios ou arenas, até agora, só roubança.

E quem roubou, roubou. E quem não roubou não roubará mais. A tchurma de Sergio Moro não deixa. E já reservou mais alojamentos na prisão da Federal em Curitiba.