Juventus apresenta notícia-crime por desvio de R$ 2,3 milhões em obras na Javari

Clube denuncia ex-dirigentes por suspeita de desvio de recursos que seriam aplicados na revitalização do Estádio da Javari.

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Verba de R$ 2,3 milhões obtida por meio da venda de potencial construtivo teria sido usada para pagar supostos empréstimos internos. (Reprodução/CAJ)

São Paulo, SP, 21 (AFI) – O Clube Atlético Juventus apresentou uma notícia-crime à Polícia Civil contra ex-dirigentes da instituição, suspeitos de desviar R$ 2,3 milhões destinados às obras de conservação do Estádio Conde Rodolfo Crespi, na Mooca. A quantia, liberada pela Prefeitura de São Paulo há cerca de três anos, deveria ser utilizada na revitalização da sede, mas, segundo o clube, foi empregada para quitar empréstimos pessoais de ex-integrantes da diretoria.

INVESTIGAÇÃO POLICIAL E SINDICÂNCIA INTERNA

A denúncia foi encaminhada à 4ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Lavagem ou Ocultação de Bens e Valores, que agora conduz o inquérito. O Juventus solicita a adoção de medidas investigativas cabíveis, incluindo o bloqueio das contas dos investigados e o sequestro dos valores ligados ao termo de compromisso firmado com a Prefeitura.

Paralelamente, uma sindicância interna do clube apontou “dupla lesão ao patrimônio do Juventus, com grave repercussão financeira e institucional”, além de recomendar o afastamento preventivo de dirigentes e funcionários que atuaram entre 2019 e 2020.

Entre os nomes citados no documento estão:

  • Antonio Ruiz Gonsalez, ex-presidente;
  • Ivan Antipov, ex-presidente do Conselho Deliberativo;
  • Paulo Troise Voci, ex-vice-presidente;
  • Raudinei Anversa Freire, ex-diretor de futebol.

Todos são suspeitos de envolvimento direto ou indireto na destinação irregular da verba.

DESCUMPRIMENTO DE TERMO E MULTA MILIONÁRIA

O valor de R$ 2.362.157,09 foi obtido através da transferência de potencial construtivo da sede, prevista em um termo de compromisso firmado com a Prefeitura em 2022. O acordo determinava que todo o montante fosse aplicado em obras de conservação no estádio, tombado como patrimônio histórico da cidade.

No entanto, nenhuma intervenção foi realizada e, em setembro de 2025, a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas constatou o descumprimento do termo, propondo uma multa de R$ 2,9 milhões e a devolução integral dos valores recebidos ao Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano (Funcap).

O cálculo oficial da penalidade prevê cerca de R$ 118 mil por mês de atraso, retroativo a abril de 2023.

ESTÁDIO TOMBADO E PATRIMÔNIO DA MOOCA

Conhecido como Estádio da Javari, o Conde Rodolfo Crespi foi inaugurado em 1925 e adquirido pelo Juventus em 1967. O local possui capacidade atual para cerca de 5 mil torcedores, mas já chegou a receber 15 mil pessoas em jogos históricos.

Em 2019, o estádio foi tombado pelo Conpresp, reforçando seu valor simbólico e arquitetônico para a cidade de São Paulo.

Com o caso agora nas mãos da polícia, o Juventus busca reparar os danos financeiros e institucionais e responsabilizar judicialmente os ex-dirigentes envolvidos.