Sabia que o jogador que mais correu na Copa de 2022 percorreu o equivalente a subir o Pão de Açúcar 72 vezes?

Técnicos como Guardiola, Klopp e até mesmo o Diniz (com sua “saída com o goleiro livre”) estão baseando treinos e ajustes posicionais em dados de GPS em tempo real

E falando em rastreamento, há uma ligação clara entre o uso esportivo do GPS e o que já se faz há anos no transporte de frotas. Sim, estamos falando de logística!

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Foto: Arquivo Pessoal

Rio de Janeiro, RJ , 30 (AFI) – Sim, isso mesmo. O jogador croata Marcelo Brozović atingiu 16,7 km em um único jogo contra o Japão — e não, ele não estava fugindo da responsabilidade. Isso é apenas uma amostra do nível físico do futebol moderno. Mas a grande questão que paira no vestiário e no banco de dados é: pra onde ele correu tanto? A resposta tá no bolso — ou melhor, no colete. Estamos falando dos famosos dispositivos de rastreamento GPS que invadiram os gramados profissionais e, acredite, já estão mandando mais que muito técnico na beira do campo.

Esquece o chute de trivela. O que define o futebol de elite hoje é o que os números dizem quando ninguém tá com a bola. É aqui que o GPS entra como o “olheiro digital” mais confiável do elenco. Os dispositivos de rastreamento, posicionados entre as escápulas dos jogadores (sim, aquela bolsinha nas costas), medem até 1250 dados por segundo.

  • Distância total percorrida
  • Número de sprints acima de 25 km/h
  • Acelerações e desacelerações intensas
  • Tempo em zonas de alta intensidade
  • Padrões espaciais e deslocamento por setor

Essas informações não servem só pra dizer quem “correu mais”, mas sim para mapear o comportamento tático em campo. Um lateral que percorre 11,5 km no jogo, sendo 2,3 km em sprint, não é só “raçudo” — é peça estratégica de amplitude ofensiva.

E falando em rastreamento, há uma ligação clara entre o uso esportivo do GPS e o que já se faz há anos no transporte de frotas. Sim, estamos falando de logística! A empresa GPSWOX mostrou como a telemetria aplicada a caminhões elevou os padrões de segurança e desempenho. No futebol, a lógica é parecida: controle, segurança, e desempenho milimetricamente calculados.

Técnicos como Guardiola, Klopp e até mesmo o Diniz (com sua “saída com o goleiro livre”) estão baseando treinos e ajustes posicionais em dados de GPS em tempo real. Não é exagero. Times como o Manchester City utilizam sistemas integrados que cruzam deslocamento médio por setor, densidade de jogadores por faixa de campo e variação posicional com e sem bola.

A startup americana GPS Dataviz, citada recentemente no caso da parceria com a Hebron Christian Academy, revela que um jogador de linha varia sua posição média em até 18 metros, dependendo do adversário e do lado do campo.

Outro dado interessante: em jogos de alto nível, mais de 38% dos gols têm origem em situações com menos de 4 segundos entre a recuperação da bola e o chute. E esse tipo de leitura só é possível com o cruzamento de eventos técnicos com mapas de deslocamento em alta resolução.

Aliás, já viu como o rastreamento também é comum em setores fora do esporte? O sistema da TrackingFox é usado por empresas para medir produtividade e comportamento de veículos. A diferença é que o motorista não toma cartão amarelo por acelerar no momento errado.

Vamos de número: 75% dos clubes da Premier League usam dados de GPS na análise pré-contratual de atletas. Não é só sobre o que o scout vê no vídeo, mas sobre o que os dados escondem.

Em um estudo com 154 jogadores europeus (publicado em abril de 2025), foi constatado que meias que percorrem mais de 11 km/jogo têm, em média, 23% mais passes progressivos bem-sucedidos.

Outro ponto importante: a carga de treino controlada por GPS reduziu lesões musculares em 37% entre 2021 e 2024 em clubes que adotaram o sistema Catapult ou STATSports.

Ah, e se você curte dados públicos, o IBGE tem séries históricas sobre prática esportiva e atividade física no Brasil. Spoiler: o brasileiro até joga bola, mas corre pouco (na média, 3,8 km por partida amadora).

Categoria de base também tá plugada. Em clubes como Athletico-PR, Palmeiras e Grêmio, o GPS virou parte do uniforme. Os dados são usados para:

  • Comparar desenvolvimento físico por faixa etária
  • Controlar crescimento ósseo x carga física
  • Ajustar intensidade de treinos regenerativos

Treinadores relatam que, com o GPS, é possível saber quando o garoto tá se poupando ou quando tá “voando baixo” sem precisar esperar o scout no treino coletivo.

Aqui vem a parte polêmica: alguns profissionais questionam se o excesso de dados não está engessando o jogo. O treinador do New York GAA chegou a dizer que “o GPS não pode substituir a leitura de jogo em tempo real”, segundo matéria do Irish Examiner.

A verdade é que há um equilíbrio delicado entre interpretar o dado e virar refém dele. Um meia que foge do posicionamento sugerido pelo GPS, mas acha uma assistência de trivela, tá errado?

Se alguém ainda duvida que tecnologia e futebol andam juntos, talvez precise de um chip na chuteira. O GPS não é só um controle remoto de corrida — ele é uma lupa tática, um barômetro de intensidade, um freio em lesão e um catalisador de performance.

É como aquele amigo que não joga bem, mas sabe tudo do jogo. Só que no caso do GPS, ele realmente tem os dados pra provar.

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