Um pirata no futebol brasileiro: a passagem de Barcos pelo Brasil

No entanto, volta e meia, um hermano chega ao Brasil e não apenas faz sucesso como também constrói uma imagem vitoriosa. Assim foi a história de Hernán Barcos, El Pirata

O seu cabelo, expressão e comemoração, imitando um pirata com um tapa olho, lhe rendeu o apelido definitivo: El Pirata

Hernán Barcos, o pirata que jogou em vários clubes brasileiros
Hernán Barcos, o pirata que jogou em vários clubes brasileiros. (Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro EC)

Campinas, SP, 29 (AFI) – Pirata no Brasil. Que brasileiros e argentinos costumam não se dar bem, entre si, no futebol, isso não é novidade para absolutamente ninguém. No entanto, volta e meia, um hermano chega ao Brasil e não apenas faz sucesso como também constrói uma imagem vitoriosa e única. E esse foi justamente o caso de Hernán Barcos, um pirata no futebol brasileiro. 

Nascido no município de Bell Ville, na Argentina, Barcos foi por alguns bons anos uma referência de atacante no futebol brasileiro. Ele não apenas era matador dentro de campo como, também, uma figura com personalidade diferenciada. O seu cabelo, expressão e comemoração, imitando um pirata com um tapa olho, lhe rendeu o apelido definitivo: El Pirata.

Sempre que marcava um gol, Barcos corria para um canto do campo, cerrava o punho direito como um pantera negra e cobria o olho com a mão esquerda. Essa comemoração tradicional acabou virando uma marca registrada do atleta que, junto com um bom futebol, virou uma verdadeira personalidade no futebol brasileiro. 

A carreira do atacante, no entanto, não começou no Brasil. Muito pelo contrário, foi no país onde nasceu que Barcos aprendeu e começou a se destacar no futebol – para, depois, fazer sucesso em terras brasileiras.

Hernán Barcos, o pirata que jogou em vários clubes brasileiros
Hernán Barcos, o pirata que jogou em vários clubes brasileiros. (Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro EC)

O início de carreira do pirata Hernán Barcos

Barcos começou a sua carreira como jogador nas categorias de base do Racing Club, clube de Avellaneda, província argentina de Buenos Aires. Em 2004, o atacante fez a sua primeira temporada pela equipe formadora, com apenas três jogos disputados. Depois disso, foi emprestado para o Guaraní do Paraguai – e lá começou a se destacar. 

Com 21 anos de idade, no futebol paraguaio, Barcos surpreendeu e conseguiu bons números. Em sua segunda temporada como profissional, o jovem jogador marcou 12 gols em 29 jogos. O desempenho chamou novamente a atenção do Racing, que o quis de volta naquela mesma temporada de 2005. A partir daí, no entanto, o atacante começou uma verdadeira expedição pela América Latina.

Do Racing, Barcos voltou ao Guaraní do Paraguai sob empréstimo. Sem oportunidades, foi emprestado ao Olmedo, do Equador, em 2007. Pela segunda vez em menos de três anos, o atacante voltou a ter um bom desempenho: 22 gols em 43 jogos. No entanto, no ano seguinte já mudou de clube, sendo emprestado para o Crvena Zvezda, da Sérvia.

No futebol sérvio, Barcos não deu muito certo. Com isso, voltou emprestado à Argentina, no Huracán. Depois, foi ao futebol chinês e, em seu segundo ano, no segundo clube da China, conseguiu novamente bons números. Isso fez com que ele fosse comprado pela LDU, do Equador, onde finalmente se tornou referência.

Da LDU ao Palmeiras: o início dos bons anos de Barcos

Em 2010, Barcos foi contratado pela LDU, na época um time recém campeão da Libertadores, com grande expressão no continente. O atacante chega como uma aposta, alguém que na China mostrou ter talento e, pontualmente, em alguns outros clubes da América Latina.  No entanto, ninguém imaginava o quão certo o pirata daria no Equador.

O atacante argentino ficou apenas dois anos na LDU. Em sua primeira temporada, marcou 20 gols em 27 jogos disputados, conquistando a Liga do Equador e a Recopa Sul-Americana. Já em 2011, em seu segundo ano no clube, foi ainda melhor: marcou incríveis 32 gols em 55 jogos. A partir daí, começou a chamar a atenção de outras equipes da América Latina.

O Palmeiras foi o primeiro clube do pirata Barcos no Brasil. Ele foi contratado pelo Verdão em 2012 e, logo no seu ano de estreia, marcou 28 gols em 55 jogos, sendo um dos caras do título da Copa do Brasil daquele ano. Mesmo com os bons resultados, em 2013 ele é vendido para o Grêmio. 

Em seu primeiro ano com o tricolor gaúcho, Barcos não repete o excelente desempenho dos últimos anos. Ao todo, foram 14 gols em 57 jogos. Nada muito ruim, mas longe de ser ótimo. No entanto, no ano seguinte, em 2014, Barcos voltou a viver o auge do seu futebol.

Barcos vai do Grêmio ao mundo

O fato é que, em sua passagem pelo Grêmio, Barcos não ganhou nada. No segundo ano de contrato, o argentino marcou 29 gols em 54 jogos e voltou a repetir os bons números. Ainda assim, não se firmou. O pirata deixou o tricolor gaúcho no ano seguinte e, a partir daí, começou uma verdadeira excursão pelo mundo.

Futebol da China, Sporting em Portugal, Vélez na Argentina, retorno à LDU, passagem pelo Cruzeiro com direito a título de Copa do Brasil, Atlético Nacional Bangladesh e, por último, Alianza Lima, no Peru. Desde que deixou o Grêmio, Barcos se tornou uma memória na mente do torcedor brasileiro.

É aquele jogador que quem viveu o futebol da última década não esquece, seja pelos belos gols marcados, pela personalidade forte ou, principalmente, pela comemoração única e marcante. Hoje com 38 anos de idade, ele está prestes a encerrar o seu contrato com o Alianza. Com isso, não dá para negar: o pirata muito provavelmente irá abandonar o convés. 

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