Grupo desiste de investir no Comercial após divergências internas

Grupo liderado por Marcelo Zaparoli previa investimento imediato no futebol e reestruturação administrativa antes da transformação definitiva em SAF.

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Divergências entre investidores e Conselho Deliberativo levaram à retirada da proposta de SAF híbrida para 2026. (Reprodução/CFC)

Ribeirão Preto, SP, 10 (AFI) – O grupo “Raiz Comercialina” anunciou nesta quinta-feira a desistência da proposta de investimento no Comercial Futebol Clube, após divergências com o Conselho Deliberativo da equipe. A decisão foi oficializada por meio de uma carta aberta divulgada à tarde.

PROPOSTA PREVIA SAF HÍBRIDA

Liderada pelo advogado Marcelo Zaparoli, a iniciativa previa um modelo de SAF híbrida,com investimento inicial de R$ 5 milhões a partir de 1º de novembro de 2025. O plano era montar um elenco competitivo para a disputa da Série A4 e da Copa Paulista de 2026, com objetivo de subir para a A3 e garantir calendário nacional em 2027.

O projeto também previa mudanças estruturais em diversos departamentos — como financeiro, marketing e recursos humanos — em preparação para a transição definitiva para SAF. O técnico Nelsinho Baptista seria o responsável pelo departamento de futebol, atuando tanto na base quanto no profissional. A transformação jurídica plena ocorreria a partir de abril de 2027, quando termina o mandato do atual presidente Antônio Carlos Campanelli, que havia aprovado a proposta na sexta-feira anterior.

DIVERGÊNCIAS COM O CONSELHO

Segundo a carta divulgada, o motivo central da desistência foi a diferença de visão com o Conselho Deliberativo. O grupo afirma não ser contrário à SAF, mas defende a necessidade de preparar o terreno antes da mudança.

“Falar em criar uma SAF é fácil. Basta levantar o dedo e dizer que o clube ‘vai virar SAF’. Mas a verdade é que a transformação real exige muito mais do que um discurso. É preciso engajamento, trabalho sério e a busca por investidores comprometidos e responsáveis, que realmente entendam o que significa investir num clube de futebol”, diz um trecho do documento.

O texto ainda ressalta que a proposta defendida era “construída com planejamento, transparência e competência, para que o clube volte a ser motivo de orgulho dentro e fora de campo”.

O presidente do Conselho Deliberativo, Gustavo Guerra, explicou ao ge que a proposta inicial do grupo era de SAF plena, mas que, posteriormente, foi alterada para o modelo híbrido.

“Quem decide qual a melhor proposta para o Comercial Futebol Clube é o Conselho Deliberativo, formado por mais de 100 conselheiros”, afirmou.

PROJETOS PARA O FUTURO

Paralelamente à desistência do grupo “Raiz Comercialina”, o Comercial analisa outras propostas de SAF, incluindo uma já apresentada pela empresa Total Player, dos ex-jogadores Calucho e Paulo Jamelli.

O plano prevê investimento de até R$ 98 milhões em 10 anos, com aquisição de 80% das ações da futura SAF. O clube ficaria com os 20% restantes. Entre os objetivos estão:

  • Construção de um centro de treinamento;
  • Reformas no estádio Palma Travassos;
  • Pagamento de dívidas estimadas em R$ 29 milhões;
  • Retorno à Série A1 do Paulista e chegada à Série C do Brasileiro em até uma década.

Além dessa, há outra proposta em análise, sem detalhes divulgados.