Torcedores querem que Fifa compense trabalhadores da Copa, diz pesquisa

Há preocupação sobre a violão de direitos humanos no país, especialmente em relação ao trabalho

Uma pesquisa mostra que os torcedores esperam que a Fifa pague compensações aos trabalhadores da Copa do Mundo

Torcedores querem que Fifa compense trabalhadores da Copa, diz pesquisa
Copa do Mundo vai estrear em novembro (Foto: Divulgação/Fifa)

Uma pesquisa em nível mundial, organizada pela Anistia Internacional, mostra que a grande maioria dos torcedores de futebol espera que a Fifa pague compensações financeiras aos trabalhadores imigrantes que atuaram nas obras da Copa do Mundo do Catar, que será disputada entre 20 de novembro e 18 de dezembro deste ano.

Conforme revelou o Estadão nesta semana, desde dezembro de 2010, quando o Catar ganhou o direito de sediar o Mundial deste ano, surgiram diversas denúncias de violação de direitos humanos no país, principalmente em relação às condições dos trabalhadores imigrantes. As indústrias e construtoras cataris contratam a maior parte de seus funcionários em outros países. Quando os trabalhadores chegam ao Catar, vão viver em alojamentos mantidos pelas próprias empresas na zona industrial de Doha.

PESQUISA

De acordo com a pesquisa realizada pela empresa YouGov e encomendada pela Anistia, quase três quartos (73%) dos adultos apoiaria uma medida da Fifa para compensar trabalhadores imigrantes que passaram por dificuldades na preparação para a Copa. Este suporte aumenta para 84% entre aqueles que pretendem assistir ao menos um jogo do Mundial.

A apuração revelou também que 67% dos torcedores quer ver as federações de futebol dos seus países se manifestando publicamente sobre a questão dos direitos humanos relacionada à Copa do Mundo deste ano, incluindo o tema do apoio à compensação aos trabalhadores em suas manifestações.

A pesquisa ouviu mais de 17.477 adultos de 15 países, de diferentes regiões do planeta, como Argentina, Quênia, Suíça e Marrocos. O Brasil não contou com torcedores ouvidos na apuração. Dos fãs de futebol ouvidos, 54% afirmou que vai assistir ao menos um jogo in loco na Copa.

“O resultado desta pesquisa manda um recado claro para as lideranças do futebol. Por todo o planeta, as pessoas estão unidas em seu desejo de ver a Fifa dar um passo à frente e faça mudanças em benefício dos imigrantes no Catar. Eles também querem ver suas federações com uma postura mais firme”, declarou Steve Cockburn, chefe da área econômica e justiça social da Anistia Internacional.

“Faltando menos de 60 dias para o início da Copa, o relógio está contando. Os torcedores não querem uma Copa do Mundo manchada por abusos nos direitos humanos. O passado não pode ser mudado, mas um programa de compensação é um jeito simples e direto para a Fifa e o Catar fornecerem algumas medidas de reparação para centenas de milhares de trabalhadores que tornaram o Mundial possível”, completou.

COBRANÇAS À FIFA

Nas últimas semanas, as ONGs, como a própria Anistia, aumentaram as cobranças junto à Fifa por medidas de compensação aos trabalhadores imigrantes, que ajudaram na construção dos estádios da Copa e nas obras de infraestrutura do Catar. Em maio, a Anistia cobrou uma indenização de pelo menos US$ 440 milhões (cerca de R$ 2,15 bilhões no câmbio daquele mês). Outras entidades, como a Human Rights Watch, também fez coro com o pedido de indenização, sem apresentar um valor específico.

Antes do pedido de valores, as ONGs pediram maior clareza nas informações e números sobre as obras da Copa. Elas cobraram a Fifa e o Catar para divulgarem o número exato de trabalhadores mortos ao longo das obras e também a causa destes óbitos.

A Fifa reiterou diversas vezes nos últimos anos que a Copa do Mundo estava servindo como “catalisador” da modernização das leis e da sociedade do Catar. O país, por sua vez, respondeu à Anistia Internacional para apontar “melhorias significativas” nas condições de trabalho, incluindo acomodações mais adequadas, regras de saúde e segurança, plano de saúde, entre outros.

Sobre a pesquisa revelada pela Anistia Internacional, nesta quinta, a Fifa ainda não se manifestou.

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