Falcão tem razão: mesmo sem título, seleção de 82 foi melhor de que a de 70
Falcão tem razão: mesmo sem título, seleção de 82 foi melhor de que a de 70
Técnico Falcão tem razão: mesmo sem título, seleção de 82 foi melhor de que a de 70
Noite de oito de dezembro, após término do Campeonato Brasileiro da Série A, o convidado do programa dominical ‘Mesa Redonda’, da TV Gazeta, foi o treinador desempregado Paulo Roberto Falcão.

Conversa vai, conversa vem, Falcão surpreende ao citar literalmente que não troca a campanha da Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1982 – mesmo sem conquista – por outros títulos do selecionado.
Polido, como sempre, Falcão jamais desmereceu títulos brasileiros. “Todos foram muito merecidos”, enfatizou, em consonância com revelação anterior do consagrado treinador português José Mourinho.
COMPARAÇÃO COM 70
Futebol é um troço por vezes indecifrável. No ano do tri praticava-se futebol com incrível lentidão, podia-se ‘pentear’ a bola sem incômodo, diferentemente da Copa da Espanha, 12 anos depois, substancialmente mais pegada.
É regra saudosistas evocarem o tricampeonato mundial brasileiro de 1970 como incomparável, considerando-se retrospecto de seis vitórias consecutivas, a última delas por goleada de 4 a 1 sobre a Itália, no México.
Naquele 21 de junho de 1970, quando se ouvia a música ‘noventa milhões em ação, pra frente Brasil’, eu, adolescente, vibrava diante do televisor preto e branco, e participava daquela corrente pra frente.
Madrugada deste Natal, quarenta e nove e anos e seis meses depois, de olhos grudados em canais do Youtube, evidente que apenas duas taças de vinho jamais tirariam minha concentração para acompanhar na íntegra o jogo do tri.
Logo, não há como desmentir o craque Falcão.
LATERAIS
Apesar dos elogios ao saudoso lateral-direito Carlos Alberto Torres, é inquestionável que o sucessor Leandro, do Flamengo, da Copa de 82, tinha mais recursos.
Na lateral-esquerda sequer cabe comparação de Júnior para Everaldo. E o mesmo se aplica à dupla de zaga formada por Oscar e Luisinho comparada à inferior de Brito e Piazza.
De quebra, na Espanha em 82, o Brasil contava com os talentosos Falcão, Sócrates e Zico, além dos coadjuvantes Toninho Cerezo, Serginho Chulapa e Éder Aleixo, comandados pelo saudoso treinador Telê.
Pra quem cegamente defende a seleção de 70 como a melhor, que tal aproveitar a ociosidade deste final de ano para um comparativo?
De certo você vai constatar que aquele ‘chutaço’ do lateral-direito Carlos Alberto Torres, no golaço que fechou a goleada por 4 a 1, apagou erros em quase todos cruzamentos ao longo da partida, na base do chuveirinho.
Verás, igualmente, que ele não aplicou um drible sequer e abusou de recuo de bola, mesmo com espaço para progredir.
UFANISMO
O ufanismo da mídia à época implicou em elogios até ao destoante Wilson Piazza, volante improvisado à zaga, quando na prática o criticado e saudoso goleiro Félix praticou defesas difíceis que acobertaram seu companheiro de defensiva, além do rápido lateral-esquerdo Everaldo, que fez cobertura por dentro.
Apagada também foi, naquela partida, a atuação do atacante Tostão, embora reconheça-se a aplicação tática dele ao ocupar o lado esquerdo do campo, permitindo com isso que Rivellino atuasse por dentro e se caracterizasse como principal driblador da equipe, visto que o atacante Jairzinho driblava basicamente com arrancadas em velocidade.
PELÉ
Ufanista mídia brasileira, à época, coroou a atuação do atacante Pelé como se fosse aquele driblador que desmontava quaisquer defesas.
Não. Aquele Pelé que enfileirava adversários e sabia transpô-los já havia trocado a característica de condutor de bola pelo astro de reflexos rápidos, para inteligentemente definir o melhor desfecho de jogada.
A impulsão ímpar pra quem tem 1,73m de altura possibilitou que saltasse mais que o adversário no gol de cabeça que abriu a contagem para o selecionado na final.
Nos gols de Jairzinho e Carlos Alberto Torres foram dele toques sutis para complementação dos companheiros.
Logo, de certo Pelé previu que quatro depois, no Mundial da Alemanha, não poderia apostar apenas na velocidade de raciocínio para decidir jogos. Assim, soube se precaver pra preservação da irrasurável imagem.
CLODOALDO
Cabe reconhecimento das atuações soberbas dos meio-campistas Clodoaldo e Gerson, quer defendendo, quer na organização.
Pois há 50 anos Clodoaldo já havia antecipado a modernidade dos volantes, incumbidos de fazerem incansável vaivém. Alguém com o fôlego dele à época se enquadraria hoje, com vantagem, sobre aquilo que Artur faz quando escalado no time do treinador Tite.






































































































































