ESPECIAL SÉRIE D: Élvis 'renasce' e Tombense levanta caneco no centenário

O 'atacante dos gols decisivos' levou o Tombense até a final do Brasileiro e, nos pênaltis, garantiu o título no centenário

O Campeonato Brasileiro da Série D confirmou: “O Élvis não morreu”, e ele fez história com a camisa do Tombense Futebol Clube. Claro que não é do ‘Rei do Rock and Roll’

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Campinas, SP, 31 (AFI) – O Campeonato Brasileiro da Série D confirmou: “O Élvis não morreu”, e ele fez história com a camisa do Tombense Futebol Clube. Claro que não é do ‘Rei do Rock and Roll’, mas sim o ‘atacante dos gols decisivos’. O paranaense Elvis Vieira Araújo, de 24 anos, levou o clube mineiro a sua primeira taça nacional e justamente no ano do centenário.

Se na fase de grupos Élvis não balançou as redes, a partir das quartas de final, quando a competição tornou-se mata mata, o atacante tornou-se decisivo com a camisa carcará e não decepcionou nem o mais cético torcedor. Foram quatro gols, contra Moto Club-MA e Confiança-SE.

O primeiro, ainda discreto, aconteceu no estádio Castelão, em São Luís, contra o Moto Club, quando os mineiros estavam perdendo por 2 a 0. Foi dos pés do ‘atacante decisivo’ que saiu o primeiro gol, aos 19 minutos do segundo tempo, enquanto mais tarde Rafael completou e sacramentou o empate. Na partida de volta, Élvis não pipocou e marcou o segundo gol da vitória no estádio Antônio de Almeida.

Nos pênaltis, Tombense vence o Brasil de Pelotas e se consagra campeão da Série D no ano do centenário

Nos pênaltis, Tombense vence o Brasil de Pelotas e se consagra campeão da Série D no ano do centenário

Nas quartas de final, o Carcará enfrentou o Confiança, time com a segunda melhor campanha na Série D. O primeiro jogo, em Tombos, não fugiu do scrip. Em partida muito aberta, Élvis não perdoou e aos 15 minutos do segundo deu a vitória para o time da casa. Mas ainda não era hora de contar vitória! Na volta, em Sergipe, o Dragão sergipano estava esmagando o Gavião mineiro, até que, aos 45 minutos do primeiro tempo, o ‘atacante decisivo’ abriu o placar para os visitantes. Mais tarde, Audemir descontou, mas já era tarde.

A CAMPANHA VITORIOSA

Após 10 rodadas, seis vitórias e duas derrotas, o Tombense terminou a primeira fase na liderança do Grupo A6, com 18 pontos, a frente de Operário-MT, Luziânia-DF, Goianésia-GO e Grêmio Barueri-SP. Este último, por sinal, foi responsável por um dos momentos históricos na Série D. No dia 15 de agosto, pela 5ª rodada, na Arena Barueri, os jogadores do Abelha não entraram em campo alegando salários atrasados.

Agora na oitavas de final, o Tombense viu a sua frente o Metropolitano, tradicional clube de Santa Catarina. O primeiro jogo, no estádio Monumental do Sesi, em Blumenau, Francismar a Marcelo Cordeiro deixaram tudo igual e o placar ficou no 1 a 1. Na volta, dentro do estádio Antônio de Almeida, Daniel Amorim sacramentou a vitória por 1 a 0, que deixava o Gavião Carcará vivo na disputa.

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Foi então que começou o show de Élvis. Com quatro gols decisivos, o atacante colocou o centenário clube mineiro na final da Série D do Campeonato Brasileiro. Moto Club e Confiança não foram capazes de parar o badalado jogador e sua banda, que agora faria o seu maior desafio na história: vencer o Brasil de Pelotas na grande decisão.

Se houvesse uma cartilha explicando como transformar uma partida de futebol em um espetáculo emocionante, a final entre Brasil de Pelotas e Tombense seria o primeiro exemplo. Após um jogo completamente truncado no estádio Bento Freitas, em Pelotas, o placar não saiu do 0 a 0 e a decisão ficou para Muriaé, Minas Gerais. Porém, mais uma vez nervosos, os adversários não conseguiram mexer no placar e o título foi decidido nas cobranças de penalidades.

Das arquibancadas do estádio Soares de Azevedo, os torcedores viram Coutinho e Chicão desperdiçarem uma cobrança para cada lado. Mais tarde, Léo Dias, que entrou no decorrer da partida no lugar de Márcio, bateu muito mal e Darley defendeu. Foi então que decisão ficou novamente para os pés de Élvis. Sem titubear, o ‘atacante decisivo’ balançou as redes e fez do Tombense o sexto campeão da Série D.

A IMPORTÂNCIA DO TÍTULO

O ano de 2014 não foi importante somente pelo primeiro título nacional da história do Tombense, mas também porque o clube mineiro também completou 100 anos. Em 1999, os empresários Eduardo Uram e Lane Mendonça assumiram a gestão e profissionalizaram o clube. De lá pra cá, o Gavião aumentou sua posição de destaque no futebol mineiro e esse ano terminou o estadual na 7ª posição.

Em Muriaé, os jogadores comemoram o título da Série D ainda no gramado

Em Muriaé, os jogadores comemoram o título da Série D ainda no gramado

OS PAULISTAS

Mais uma vez os times paulistas decepcionaram no campeonato nacional e, assim como em 2013, nenhum representaram passou das oitavas de final. A última vez que um clube do estado conquistou o acesso à Série C foi em 2012, com o Mogi Mirim, hoje na Série B. Foram três representaram em 2014: Grêmio Barueri, Ituano e Penapolense.

Atual campeão paulista, deixando para trás os tradicionais clubes da capital, o Ituano foi o clube que chegou mais longe e mesmo assim não convenceu. Classificado na vice-liderança do Grupo A7, atrás apenas do Brasil de Pelotas, o time de Itu viu à sua frente na oitavas de final o Moto Club-MA. Com uma vitória em casa e uma derrota em São Luís, ambas por 1 a 0, a vaga na quartas de final foi decidida nas cobranças de penalidades.

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Depois de uma grande campanha no Campeonato Paulista, o Penapolense também não convenceu na Série D. O time de Penápolis caiu na semifinal do estadual para o Santos, mas não foi capaz de passar por adversários como Londrina-PR e Metropolitano-SC na competição nacional. Apesar de ter uma campanha idêntica ao time catarinense, o CAP caiu por ter saldo de gols menor.

Rebaixado na Série C de 2013, o Grêmio Barueri foi a vergonha do estado de São Paulo na Série D do Campeonato Brasileiro. Os salários constantemente atrasaram e os jogadores ameaçaram dar um W.O. em muitas oportunidades, até que, no dia 15 de agosto a promessa se cumpriu. Foi a primeira vez na história da competição nacional que um time não entrou em campo.

Nenê Zini e Eduardo Uram com a taça da Série D

Nenê Zini e Eduardo Uram com a taça da Série D

A SÉRIE D

O Campeonato Brasileiro da Série D representa a quarta Divisão do Brasileiro. Excepcionalmente em 2014, a competição contou com 41 times, já que a CBF rebaixou cinco times da Série C em 2013. Todos foram divididos em oito grupos, sendo o primeiro com um participante a mais. Dos escolhidos, além dos rebaixados, os nove primeiros estados do RNF (Ranking Nacional das Federações) tiveram direito a dois representantes cada. Os demais, uma única equipe.

Das 41 equipes que iniciaram o torneio, apenas 16 se classificaram para as oitavas de final. No Grupo A1, o Rio Branco-AC ficou na liderança, seguido pelo Santos-AP. No Grupo A2, a primeira vaga ficou com o Moto Club-MA, enquanto que a segunda com o Remo-PA. No Grupo A3, a Jacuipense-BA, enqunato o Central-PE ficou com a segunda colocação.

No Grupo A4, Confiança-SE e Globo-RN se classificaram depois de muita batalha. Enquanto, Brasiliense-DF e Anapolina-GO, contaram com uma ajuda da CBF e a punição ao Villa Nova-MG no Grupo A5. Já no A6, deu o campeão Tombense e Operário-MT. Já no Grupo A7, o vice-campeão nacional Brasil-RS assumiu a ponta, seguido pelo Ituano. Já no A8 e último grupo, o Londrina-PR, com a melhor campanha, ficou com a liderança, com o Metropolitano-SC logo atrás.

O ACESSO

Além dos finalistas Brasil de Pelotas e Tombense, Confiança e Londrina conquistaram o acesso á Série C de 2015. E os outros dois promovidos tem algo em comum: o título estadual. O Dragão levantou a taça do Campeonato Sergipano nesta temporada, enquanto o Tubarão deixou para trás os tradicionais Atlético-PR e Coritiba e conquistou o Campeonato Paranaense.

XAVANTE ACORDOU?

Depois de uma intensa crise, o Brasil de Pelotas parece estar voltando aos seus tempos de glória. Após reconquistar a vaga na elite do Campeonato Gaúcho em 2013, o elenco pelotense terminou o estadual entre os três melhores e garantiu a presença na Série D do Campeonato Brasileiro.

Ainda desacreditado e com os pés no chão, o Brasil passou pela fase de Grupos com apenas duas derrotas, um empate e cinco vitórias convincentes. Na oitavas de final, os gaúchos deixaram para trás o Operário-MT, com uma vitória por 4 a 0 no jogo de volta, dentro do estádio Bento Freitas.

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No jogo do acesso, já nas quartas de final, o ‘Xavante’ viu a sua frente outro grande clube no cenário nacional: o Brasiliense-DF. Com uma vitória em casa e uma derrota fora, ambas por 2 a 1, a vaga na Série C de 2015 foi decidida nas cobranças de penalidades. Em um dia do goleiro Eduardo Martini inspirado, o time do técnico Rogério Zimmermann pode comemorar mais uma glória.

Mas ainda sim não era hora de baixar a poeira. Na semifinal do Campeonato Brasileiro e contra o Londrina, campeão paranaense, o Brasil presenciou um dos momentos mais lamentáveis da competição. Depois de uma vitória convincente em casa, por 3 a 1, o elenco viajou para o Paraná esperando um grande confronto, mas não foi o que aconteceu.

Com os nervos a flor da pele, jogadores e comissão técnica de Brasil de Pelotas e Londrina se confrontaram violentamente no gramado do estádio do Café. De acordo com o que foi relatado por jogadores e árbitro, toda a confusão começou depois que o técnico Rogério Zimmermann se recusou a deixar o gramado.