ESPECIAL GUARANI: Começou como o Vettel, terminou como o Rubinho...
Time começou a temporada bem, mas terminou decepcionando
Campinas, SP, 29 (AFI) – Dia 29 de abril de 2012. após uma vitória sobre o maior rival, a Ponte Preta, por 3 a 1, o Guarani estava de volta a uma final de Campeonato Paulista depois de 24 anos. Nem o mais pessimista bugrino imaginaria o pesadelo que a temporada do time iria se tornar dali para a fernte. Inúmeras sequências de lesões, derrotas, série sem vitórias seguidas, troca de treinador, racha na diretoria, no elenco e, por fim, a derrocada. Menos de sete meses depois daquela conquista história, no dia 24 de novembro, o Guarani amargara mais um rebaixamento – o oitavo em onze anos – desta vez na Série B do Campeonato Brasileiro.
A vitória sobre o maior rival na semifinal no Campeonato Paulista parecia um sinal de que novos ares rondavam o estádio Brinco de Ouro. Diferente daqueles que o clube respirava nos últimos anos, com salários atrasados, ameaçadas de rebaixamento, dirigentes ultrapassados. No entanto, o tempo passou e o que se viu foi um verdadeiro mais do mesmo: dívidas aumentando, vendas obscuradas, brigas políticas, problemas judiciais e até ameaça de venda do estádio. Começou bem, mas terminou muito mal.
Os meninos de Vadão
A temporada 2012 do Guarani começou, na verdade, no final de 2011. À duras penas, o Bugre conseguiu se manter na Série B do Brasileiro, mesmo com mais de seis meses de salários atrasados. Jogadores como Fabinho, Denílson, Emerson entre outros tantos encorporaram o espírito de vestir a camisa alviverde e conseguiram evitar mais um vexame, mesmo com tantos problemas extracampo. Fora dos campos, o time conseguiu outra grande vitória com a destituição de Leonel Martins de Oliveira da presidência do clube.
A responsabilidade de assumir o Guarani caiu no colo de Marcelo Mingone, ex-dirigente das categorias de base do clube. Função na qual usava para empresariar diversos jogadores e gerir suas carreiras. A primeira missão era complicada: escolher um técnico que topasse assumir um time que não tinha jogadores, já que a maioria havia saído sem receber salários, e fosse competente o suficiente para evitar uma novo vexame, já que o time voltava à elite do Paulistão depois de dois anos. O escolhido foi Vadão.
Em sua quarta passagem pelo clube campineiro, o treinador usou seu jeitão agregador para atrair alguns jogadores de alto nível ao time e garantir a permanência de outros. Desta forma, chegaram Wellington Monteiro, Fumagalli, Bruno Recife, Domingos e ficaram Emerson e Fabinho. A combinação não poderia ter sido melhor: uma derrota, um empate e oito vitórias nas primeiras dez rodadas. Coisa que parecia impossível na virada de ano.
Vice, com justiça
Com apenas uma derrota dentro de casa e oito vitórias dentro de casa, o Bugre conseguiu se intrometer no grupo dos quatro grandes de São Paulo e terminou na quarta posição, com 36 pontos. Porém, o Guarani não teria vida fácil. O adversário nas quartas-de-final era o Palmeiras de Felipão. Uma semana antes do jogo decisivo, o Bugre perdeu um de seus principais pilares: o volante Wellington Monteiro sofrera uma lesão no joelho, que o afastaria dos gramados por mais de seis meses.
Vadão, por outro lado, ganhou um verdadeiro talismã: Bruno Mendes. Formado nas categorias de base do clube, o jovem de apenas 18 anos se destacou nas rodadas finais e fez dupla infernal com Fabinho no ataque bugrino, que a defesa do Palmeiras não conseguiu parar na vitória do Bugre por 3 a 2. Na semifinal, o adversário era a Ponte Preta, rival histórico.
Quis o destino, porém, que mais um heroi improvável fosse construído num dos dérbis mais importantes da história. Medina era o nome dele. Garoto de 20 anos, contratado junto ao Avaí, chegou no Brinco desacreditado, para brigar por uma posição na lateral-direita, que tinha como concorrentes Oziel e Cláudio Allax, mas quiseram os deuses do futebol que ele entrasse em outro lugar: o meio-campo.
Medina, que sequer havia sido titular, entrou na vaga de Fumagalli ainda no primeiro tempo e mudou a história do jogo. Ele viu a Ponte abrir o placar no final do primeiro tempo com o meia Caio. Na volta dos vestiários, o Bugre usou e abusou da velocidade pelos lados do campo e o meia/lateral marcou duas vezes, virando o placar e levando o Bugre de volta a uma final de Paulistão, após 24 anos. Uma verdadeira história de conto de fadas para o Guarani, que começou a temporada sem saber se teria jogadores suficientes para completar o elenco
Na final da competição, o Guarani teve o “azar” de enfrentar a máquina de jogar futebol chamada Santos. Uma das esperanças da torcida bugrina era de que o time – que havia perdido uma partida no Brinco e que estava embalado por seis vitórias consecutivas – usasse o fator casa para obter certa vantagem. Mas este sonho foi esmagado pelas mãos gananciosas de Marcelo Mingone, presidente do clube na época.
Após negar aos quatro cantos que inverteria os mandos da final, o mandatário, como era de se esperar, “vendeu” a partida de ida. Para tristeza da massa bugrina que ainda sonhava com o título. Os dois jogos da decisão seriam realizados no Estádio do Morumbi, em São Paulo. O resto é história. Neymar e Ganso deram show e 3 a 0 na primeira partida. Valente, o Guarani não abaixou a cabeça na segunda partida. O time até saiu na frente, foi buscar o resultado duas vezes, mas acabou sucumbindo novamente aos desmandos futebolísticos de Neymar, que marcou quatro vezes nos dois confrontos.
Segundo semestre – um novo ano
De ressaca pela boa campanha, Vadão foi obrigado a começar o segundo semestre e a Série B do Campeonato Brasileiro com um time remendado. Oziel, Neto, Wellington Monteiro e Fumagalli, todos machucados eram desfaques. Domingos foi negociado com o futebol árabe e Fabinho, ídolo da torcida, vendido ao Cruzeiro. A vida seguiu para o Bugre, não da forma que todos gostariam. A força do primeiro semestre não existia mais. A primeira vitória veio só na quarta rodada, por 4 a 1, contra o Ceará.
Jogadores de nome foram chegando. Schwenck, Ademir Sopa, Renato Ribeiro e Kleiton Domingues chegaram, mas o time não conseguia embalar. Cotado como um dos favoritos ao acesso, o Guarani se tornou coadjuvante na primeira metade do torneio. Antes da partida contra o América-RN, Gersinho, então auxiliar técnico do time, pediu para deixar o clube alegando problemas de saúde, mascarando um racha entre diretoria e comissão técnica. Poucas semanas depois, Claudio Corrente seguiu o mesmo caminho. Mingone estava sozinho na diretoria e Vadão na comissão técnica. As dificuldades, porém, estavam só começando.
Esperança de um futuro brilhante para o futebol bugrino, Bruno Mendes foi afastado pelo presidente Marcelo Mingone, pois uma negociação estava em curso, numa novela que durou mais de dois meses. O atacante disputou apenas uma partida na Série B – empate sem gols contra o Bragantino, fora de casa. Posteriormente, o jogador foi pivô de um dos casos mais vergonhosos da história bugrina. Isto porque, o passe dele estava penhorado e não poderia ser vendido.
Com atuações irregulares e sem perspectiva, o rebaixamento começou a bater na porta do Guarani na metade do segundo turno, em meados de outubro, quando o time rolou ladeira abaixo. Derrotado pelo Bragantino dentro de casa, o Guarani foi goleado por Goiás e América-MG, respectivamente e Vadão perdeu o emprego. Vilson Tadei foi chamados às pressas para tentar evitar a degola, mas demorou três rodadas para vencer pela primeira vez.
Na semana decisiva do confronto que poderia evitar o rebaixamento, o Guarani viu Marcelo Mingone ter o mesmo destino de seu antecessor Leonel Martins de Oliveira e sair do clube pelas portas do fundos, por sua administração temerária. O grand finale do dirigente foi a negociação de Neto e Gabriel Boschillia, outra promessa da base, e limpar os cofres do Bugre.
Apenas no segundo turno foram uma vitória em 13 jogos. Foram nove derrotas e quatro empates. Para desespero da torcida bugrina, que viu o time sofrer o oitavo rebaixamento no dia 24 de novembro com a derrota por 2 a 1 para o São Caetano dentro casa. Explicações ninguém teve. Suspeita de elenco rachado, esquemas de empresários para escalar jogadores e muita falta de comprometimento com a camisa bugrina. Um fim melancólico para um começo promissor. Que venha 2013, com emoções mais alegres ao Bugre.





































































































































