Doze anos sem o treinador Zé Duarte

Doze anos sem o treinador Zé Duarte

Doze anos sem o treinador Zé Duarte

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Este 23 de julho marca o 12º ano da morte do treinador José Duarte, um campineiro com brilhantes passagens quer na Ponte Preta, quer no Guarani.

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Dos quatro vices do Paulistão da Ponte Preta, dois deles foram sob a batuta de Zé Duarte: em 1977 e 79.

A melhor marca no Guarani foi chegar à semifinal do Campeonato Brasileiro de 1982, ocasião em que foi derrotado por 3 a 2 pelo Flamengo no Estádio Brinco de Ouro.

Zé Duarte foi um paizão que sabia puxar o jogador indisciplinado ou temperamental num canto e o aconselhava.

O bom ambiente no elenco passava pela tolerância, principalmente quando o jogador era tido como imprescindível.

JORGE MENDONÇA

Quando o também saudoso meia Jorge Mendonça fazia noitadas às sextas-feiras, Zé Duarte o escondia no Departamento Médico durante o treino recreativo nas manhãs de sábado, mas impunha a condição de que o atleta ajudasse o time a ganhar o jogo do domingo:

– Jorjão, quero você inteiro pro jogo, combinado?

– Deixa comigo seu Zé – prometia e cumpria Jorge Mendonça.

Ao constatar o seu ex-atleta em situação degradante, em balcão de bar, Zé Duarte se irritou:

“O Jorge gosta de todo mundo. Só não aprendeu gostar dele mesmo. Uma pena”.

O gerenciamento do dia a dia de Zé Duarte nos clubes que dirigia ia além de conceitos técnicos e táticos.

Quando a boleirada abusava da noite, a planificação de trabalho era simples: obrigatoriedade de apresentação às 7h no clube para o café da manhã. Não se importava com a ociosidade do grupo até ás 9h, quando começava a etapa de treinamentos. E após o banho da tarde, a boleirada tinha que esperar o jantar servido no clube por volta das 18h30.

“Com o bucho cheio eles (jogadores) evitam sair à noite pra beber”, era a estratégia.

Zé Duarte tinha olho clínico na indicação de reforços. Raramente errava e assim fazia boas campanhas por onde passava, e ainda dava lucro aos clubes com vendas de passes de jogadores.

Se não vingou no Cruzeiro, Fluminense e Internacional, teve passagens marcantes no Bahia e Atlético Paranaense.

FUTEBOL FEMININO

Quando tido como acabado para o futebol, a resposta do treinador foi topar o desafio de treinar a seleção brasileira de futebol feminino em 1995. Pacientemente ensinou o bê-á-bá para as meninas, e o fruto do trabalho foi o quarto lugar na Olimpíada de Atlanta (EUA) em 1996.

Até meados da década de 60, Zé Duarte ganhava a vida trabalhando como encanador. Futebol apenas no comando do time amador do Proença, aos domingos.

Aí, o saudoso presidente do Guarani Jaime Silva o levou ao clube pra organizar as categorias de base, com a finalidade que copiasse o exemplo do Fluminense de garimpar garotos, na preparação à equipe principal.

Em 1966 Zé Duarte foi treinar o juvenil da Ponte Preta de Dicá e Nelsinho Baptista, entre outros, com atribuição de ainda supervisionar os serviços de cozinha.

Pois ele ganhou reconhecimento da torcida da Ponte ao acreditar na molecada, e assim ajudou o clube na recondução à divisão principal do Campeonato Paulista, após nove anos de fracasso na divisão inferior.

Apesar disso, topou o desafio de voltar a dirigir o juvenil do Guarani por mais quatro anos, a partir de 1970.

No vaivém em clubes campineiros, retornou à Ponte em 1976 e, alternadamente, por mais de uma década teve passagens por Bugre e Macaca com seu característico chapéu que ganhou da família Cury.

Nas entrevistas, sempre conduzida com simplicidade, raramente não repetia o bordão ‘a verdade é uma só’.