Dia dos bombeiros: Times da Série B precisam apagar incêndio
Campinas, SP, 2 (AFI) – Profissionais reconhecidos pelo combate a incêndios, os bombeiros seriam muito bem-vindos a alguns times do Campeonato Brasileiro da Série B nesta quarta-feira, dia em que se comemora o Dia do Bombeiro. Seis times passam por um momento conturbado e estão à beira da crise (ou, na gíria dos bombeiros, na iminência de um incêndio): CRB, América, Marília, Bahia, Fortaleza e Ponte Preta.
Lanterna da competição, o CRB, de Alagoas, é a exceção, pois já está em crise. Sem vencer há cinco partidas, tem apenas cinco pontos. Fora de campo, a situação também não é nada animadora. Os jogadores não recebem salário há três meses e ameaçam entrar em greve.
Para piorar, alguns conselheiros do próprio clube ameaçam entrar na justiça contra a atual diretoria, alegando falta de transparência no balanço financeiro dos últimos anos. Com um ambiente deste, a Série C deve ser o destino do CRB, em 2009.
Até agora, em nove rodadas, já passou nas mãos de dois treinadores: Roberval Davino, que ficou até a sétima rodada, e João Costa, que até agora, em duas partidas, empatou uma (2 a 2 com o Marília, em casa) e perdeu outra (3 a 1, para o Santo André, no ABC, na última terça).
Pelo menos do que se tem conhecimento, as outras cinco equipes não estão na penúria administrativa, porém, o futebol demonstrado dentro de campo tem irritado e decepcionado, e muito, os torcedores.
Gostei de ser debochado!
Pior time da Série A no ano passado (foi rebaixamento matematicamente com rodadas de antecedência), o América, de Natal, só não segue o mesmo caminho em 2008, na Série B, pois tem um concorrente a altura: o CRB. Fora isso, o Mecão, ou neste caso, Mequinha tem se esforçado bastante para conquistar seu segundo rebaixamento seguido.
Antes da vitória, por 3 a 2, sobre o Paraná, na última rodada, vinha de três derrotas seguidas, aproveitamento que deu aos potiguares a vice-lanterna, com apenas seis pontos. Mas o América supera o CRB no quesito de desorganização em relação a troca de treinador.
A diretoria começou apostando no ultrapassado Luiz Carlos Ferreira (conhecimento como Rei do Acesso, mas que nos últimos anos tem colecionado rebaixamentos). Se deu mal. Ferreirão (foto) pediu demissão logo após a segunda rodada, quando foi derrotado em casa, por 1 a 0, pelo Bahia.
Sem opções no mercado, a saída foi confiar em Carlos Moura Machado, dirigente e técnico das categorias de base do América. Outro golpe. O treinador ficou apenas cinco jogos e deu lugar a Ruy Scarpino, que estreou bem, mas, logo-logo, pode ser mais uma vítima da incompetência alheia.
Troca, troca e nada…
E trocar de técnico não é novidade nesta Série B. O Marília, por exemplo, que entrou para a zona do rebaixamento depois dos jogos da última terça-feira, iniciou a campanha com o próprio Ruy Scarpino, mas está, desde o dia 26 de maio, com o eterno Jorge Raulli. A diretoria, apesar do esforço, não vê resultado dentro de campo.
Já são duas partidas sem vitória. Sem contar as dispensas e contratações, que já ultrapassaram a casa dos 10. Bahia, Fortaleza e Ponte Preta, os outros times incendiários, também já estão em seu segundo comandante na Série B.
Saudade de casa!
Em Salvador, o Bahia, que voltou à divisão no ano passado, após bela campanha na Série C, parece sentir a falta da Fonte Nova. O estádio, então casa do tricolor, foi palco da tragédia que matou oito pessoas no último jogo do Bahia na Série C do ano passado e acabou interditada. Sem casa, o Bahia manda seus jogos em Feira de Santana, mas os resultados não são os mesmos
Na 17ª posição, com nove pontos, já são três jogos sem vitória. A goleada, por 4 a 1, para o Juventude, na última rodada, começou a desencadear as primeiras críticas ao trabalho do técnico Arturzinho, comandante do acesso em 2007. Ele substituiu Paulo Comelli, a partir da quinta rodada, quando estreou com vitória fora de casa sobre o Criciúma, por 2 a 1.
Falta de um comandante!
No Fortaleza, a crise começou a desencadear com a saída do técnico Heriberto da Cunha, hoje no Barueri, na sexta rodada. De lá para cá, o time não se encontrou. Passou pelas mãos de interinos e agora está sob o comando de Luiz Carlos Barbieri, que estreou com derrota em casa: 3 a 2 para o ABC. O resultado foi quinto consecutivo sem vitória.
Ponte Preta, mas pode me chamar de Mãecaca!
Vice-campeã paulista, a Ponte Preta esqueceu o futebol em Guaratinguetá. É que desde a segunda semifinal do estadual, a Macaca não encantou mais e, pior, só decepcionou. As duas derrotas para o Palmeiras na final do Paulistão (o que já era de se esperar) abalaram o elenco.
Na Série B, foi um vexame atrás do outro, apesar da singela 12ª posição, com 10 pontos. Devido às derrotas para Gama, Marília e América, que até então não haviam vencido na competição, e o empate, por 1 a 1 com Corinthians, 100% até então, a equipe campineira ganhou o apelido de “Robin Hood”.
Após o tropeço frente ao Brasiliense, na última terça (2 a 0 na Boca do Jacaré), a Ponte reabilitou mais um time e passou a ser chamada pelos próprios jogadores de “mãe da Série B”. É a Mãecaca!
Por sinal, a Ponte, assim como a grande maioria dos times em momento difícil, também está em seu segundo técnico. Paulo Bonamigo substituiu Sérgio Guedes (foto), que resgatou o orgulho pontepretano, mas não teve a confiança da diretoria para seguir com o trabalho.