Campinas 251 anos: Dérbi é reconhecido como patrimônio cultural

A edição 210 do clássico será no dia 2 de agosto, um sábado, às 17h, no Moisés Lucarelli, pela 15ª rodada da Série C

O Dérbi Campineiro é celebrado nos estádios, mas também nos bares, nas ruas grafitadas, nos cantos e faixas que tomam a cidade na véspera e no dia do jogo

Campinas, SP , 14 (AFI) – Em 26 de junho, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) aprovou, em reunião no Planetário do Parque Portugal, o reconhecimento do Dérbi Campineiro — o clássico entre Guarani e Ponte Preta — como patrimônio cultural imaterial da cidade.

A proposta foi embasada pela pesquisa de Marcela Bonetti, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Seu estudo reuniu entrevistas, registros históricos, depoimentos orais e visitas aos estádios Moisés Lucarelli e Brinco de Ouro da Princesa. A atenção ao papel da torcida como “categoria social central” reforçou a visão de que o dérbi é um ritual vivo, transmitido entre gerações.

“O dérbi é mais do que futebol, é um elo afetivo entre gerações”, ressaltou Bonetti. Para o diretor de Patrimônio Histórico da Ponte Preta, Marco Antônio Castiglieri, o registro “traz a história para a rotina das pessoas”, enquanto o vice-presidente do Guarani, Erik Franco, destacou a importância de fortalecer a base de torcedores futuros, citando a inauguração de uma área “kids” no clube.

? ESCULPIDO NA HISTÓRIA DESDE 1912

O primeiro Dérbi ocorreu em 24 de março de 1912 — seu placar permanece desconhecido. O primeiro duelo com cobrança de ingresso data de 1915, realizado no Hipódromo de Campinas, com vitórias de 1 a 0 do Guarani e 2 a 1 da Ponte Preta. A partir daí, o clássico tornou-se uma das maiores expressões culturais da cidade.
Até hoje, os dois clubes protagonizaram 209 partidas: o Guarani venceu 71, a Ponte Preta 68, e registraram-se 69 empates. O histórico mostra equilíbrio, com 274 gols do Guarani e 272 da Ponte.

MUITO ALÉM DA BOLA

O Dérbi Campineiro é celebrado nos estádios, mas também nos bares, nas ruas grafitadas, nos cantos e faixas que tomam a cidade na véspera e no dia do jogo. Esse ritual coletivo atravessa famílias, reforçando tradições, memórias e um senso de pertencimento comum.

Além disso, a partir de junho, os dois estádios passaram a integrar o roteiro oficial do “Tour Campinas”, convido os amantes de futebol e cultura a vivenciar o clássico e conhecer sua história dentro da cidade.

tHjhxCGg image — Foto: Raphael Silvestre/Guarani FC

CONTEXTO E PRESERVAÇÃO

O reconhecimento insere o Dérbi Campineiro na Lei Municipal 14.701/2013, que protege manifestações imateriais. Agora o clássico conta com respaldo institucional para ser preservado, divulgado e valorizado como parte da identidade campineira.

A secretária de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, afirmou que “ser da Ponte ou do Guarani é parte da biografia de muitos campineiros” e que o dérbi passa a “estar registrado num livro de celebrações”, elevando-o a expressão cultural oficial da cidade.

EM RESUMO

O Dérbi Campineiro — confronto histórico entre Guarani e Ponte Preta, que remonta a 1912 — ganhou reconhecimento oficial como patrimônio imaterial da cidade de Campinas. A iniciativa resgata não apenas o valor esportivo, mas também o papel simbólico e afetivo que o clássico exerce sobre a comunidade, reafirmando-o como elemento central na cultura e memória local.

PRÓXIMOS JOGOS

O próximo dérbi também será histórico, mas com um marco negativo. A dupla campineira vai se enfrentar na terceira divisão pela primeira vez. A edição 210 do clássico será no dia 2 de agosto, um sábado, às 17h, no Moisés Lucarelli, pela 15ª rodada da Série C.