Decisão do STJD é inédita e caso teve lances de suspense e ironia

Macaca perdia votação por 4 a 0, mas virou para 5 a 4. Sessão ocorreu no Ceará, de onde são os árbitros e bandeirinhas.

Macaca perdia votação por 4 a 0, mas virou para 5 a 4. Sessão ocorreu no Ceará, de onde são os árbitros e bandeirinhas.

Fortaleza, CE, 22 (AFI) – Numa decisão inédita no futebol brasileiro, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva – STJD – anulou a partida entre Aparecidense e Ponte Preta pela primeira fase da Copa do Brasil por interferência externa. Após uma votação apertada, com o empate por 4 a 4 entre os oito auditores, o ‘voto de minerva’ coube ao presidente do Tribunal, Paulo César Salomão.

Para o advogado do time paulista, João Felipe Artioli, “o caso abre uma jurisprudência, porque nos baseamos em imagens, fotos e depoimentos. Apresentamos provas cabais da interferência externa, e cumprimos as exigências da legislação” – analisou.

Paulo César Salomão, presidente do STJD, definiu a votação em Fortaleza
Paulo César Salomão, presidente do STJD, definiu a votação em Fortaleza

PRESIDENTE FOI DECISIVO
Segundo Paulo César Salomão, ficou claro que o auxiliar (bandeirinha), Samuel Oliveira Costa, mentiu em seu depoimento à sessão realizada nesta noite na sede da OAB de Fortaleza, no Ceará, numa audiência itinerante.

A comissão julgadora, chamada de instância máxima do órgão, é formada por oito membros. A decisão precisa ser de maioria simples, ou seja, cinco votos.

Em caso de empate na votação, o voto de mineira ou decisivo fica com o presidente do STJD, no caso Paulo César Salomão.

Além dele, fazem parte do Tribunal o relator Ronaldo Botelho Piacente e os seguintes auditores: João Bosco, José Perdiz, Antônio Vanderler, Arlete Mesquita, Flávio Boson e Sormane Oliveira de Freitas.

Confusão generalizada em paralisação de jogo em Aparecida de Goiânia

Confusão generalizada em paralisação de jogo em Aparecida de Goiânia

NOVO JOGO
Caberá agora ao departamento de competições da CBF determinar uma nova data para a realização de outro jogo, com início desde o primeiro minuto e com placar zero a zero.Existe a possibilidade deste jogo ser disputado em campo neutro, fora de Aparecida de Goiânia, onde ficou provado que muitos elementos estranhos à partida adentraram ao gramado. Teria faltado segurança ao estádio Anibal Batista.

A partida anulada terminou 1 a 0 para o time goiano em Aparecida de Goiânia (GO), dia 12 de fevereiro. Em princípio, a Aparecidense jogaria na segunda fase contra o Bragantino-PA, no Pará, dia 27. Agora tudo volta à estaca zero.

CASO DA LOTERIA ESPORTIVA
Em 2005 o STJD chegou a remarcar jogos, mas em circunstâncias diferentes. Na ocasião ficou provado um esquema de manipulação de resultados da Loteria Esportiva.

No total, 11 partidas do Campeonato Brasileiro foram novamente disputadas, inclusive duas envolvendo o Corinthians, que se sagrou campeão daquela temporada.

Delegado 'dá recado' ao árbitro e complica resultado
Delegado ‘dá recado’ ao árbitro e complica resultado

PAULISTA E CEARENSES
O curioso é que o próprio relator do processo, o paulista Ronaldo Botelho Piacente, abriu a votação dando perda de ganho à Ponte Preta.

E a votação ficou 4 a 0 a favor da Aparecidense, dando a impressão de que a votação seria por goleada. Mas depois houve o empate na votação dos auditores.

Em 2016, quando presidia o STJD Piacente chegou a apresentar a seguinte declaração sobre o caso de interferência externa:

“A interferência externa existe em todos os jogos. Em 100% deles. O que precisa ser levado em consideração é se o árbitro obtém essa informação e toma sua decisão por causa dela”

Antes da votação foram ouvidos os principais envolvidos na confusão, ironicamente, pertencentes ao quadro de árbitros da Federação Cearense: o árbitro Léo Simão Holanda e o auxiliar Samuel Oliveira Costa.

Imagem mostra claramente repórter conversando com delegado da partida.

Imagem mostra claramente repórter conversando com delegado da partida.

PROVAS CABAIS
Prevaleceu a argumentação dos advogados da Ponte Preta. A interferência aconteceu aos 44 minutos do segundo tempo, quando o time paulista perdia por 1 a 0 e chegou ao empate com Hugo Cabral. O resultado lhe daria a vaga na segunda fase.

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Tanto o árbitro, quanto o auxiliar, validaram o gol, mas a Aparecidense não deu continuidade no jogo e ficou reclamando de impedimento do atacante.

DEMORA NA DEFINIÇÃO
Depois de sete minutos, o delegado da partida, Adalberto Grecco, aparece na imagem conversando com o auxiliar Samuel Oliveira Costa, que correu até o árbitro Léo Simão Holanda e marcou o impedimento do jogador pontepretano.

A anulação do gol gerou críticas dos jogadores da Ponte Preta, que alegavam ter visto a possível interferência externa. Tudo foi provado no STJD.