De volta ao passado, Atlético Mineiro lembra dos tempos dos 'Juízes de Ouro'

Famoso árbitro Joaquim Cocó foi lembrado pelo ex-jogador Buião da década de 60 em entrevista à emissora da capital mineira

Para a torcida da Raposa, o Atlético Mineiro, outrora chamado de “time do povo” virou o “time do roubo”.

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Belo Horizonte,MG, 15 (AFI) – A rivalidade entre os dois principais clubes mineiros, Cruzeiro e Atlético, teve picos de audiência nesta semana. O ponto alto acabou sendo o ex-jogador Buião, um ponta direita velocista, que revelou detalhes da Taça Brasil de 1964, quando o Galo chegou à final com o Santos de Pelé e Cia. Mas antes disso, contou com a ajuda de uma famoso árbitro, com fama de gaveteiro, chamado Joaquim Cocó.

Buião: ponta veloz

Buião: ponta veloz

A entrevista de Buião à uma emissora de Belo Horizonte foi alvo de gozações entre as duas torcidas. Para a torcida da Raposa, o Atlético Mineiro, outrora chamado de “time do povo” virou o “time do roubo”.

Bem ao estilo mineiro de bom contador de histórias, Buião revelou em detalhes tudo que aconteceu nas semifinais daquele ano, quando o Atlético levou o folclórico Joaquim Cocó para apitar o jogo decisivo contra o Metropol, em Florianópolis.

JUÍZES DE ‘OURO’
Foi entre os anos 50 e 60 que os atleticanos abriram grande vantagem no retrospecto dos confrontos com os rivais cruzeirenses. Época de árbitros marcados ou mão leve. Como Joaquim Cocó Gonçalves, Alcebíades Dias ou então o popular Cidinho “Bola Nossa”. Todos nunca disfarçaram a preferência clubística pelo Galo. Pobre da Raposa. Tanto que até hoje a vantagem é do Galo sobre a Raposa:182 vitórias, contra 160 do Cruzeiro e 130 empates.

“Naquela época era norma de que o time visitante levasse o juiz. O Atlético levou o Cocó”, revela Buião. Depois ele lembra que Nilson era um centroavante catimbeiro, que começou a provocar um zagueiro adversário. E combinou com o Cocó de forçar uma falta.

“Não deu outra. O Nilson fez uma cena e o beque deles foi expulso. A gente perdia de 1 a 0, mas nós viramos o placar para 2 a 1”, fiz, dando risada.

Em 1966, no Mineirão, Buião - primeiro agachado à esquerda
Em 1966, no Mineirão, Buião – primeiro agachado à esquerda

PEIXE NÃO PERDOOU…
Se todo o esforço de bastidores dos dirigentes do Galo garantiu o time na final daquele ano, o que não deu foi segurar o timaço do Santos, com Pelé e outros tantos em fase sensacional. Mais de 40 mil torcedores lotaram o Independência.

“Tinha até cadeiras do lado do gramado”, relembra Buião.

Mas nem com aquela multidão teve jeito do Atlético segurar o insuperável Santos, que aplicou uma goleada por 5 a 0. No segundo jogo, além do desgaste emocional e da desvantagem numérico, o Galo ainda enfrentou uma dura viagem de ônibus até a capital paulista.

“Nós ficamos alojados no Pacaembu. A gente estava arrebentado pela viagem de mais de 12 horas. Não teve jeito, levamos mais 4 a 0”.

Viação Buião atende Vespasiano

Viação Buião atende Vespasiano

Foi assim que, naquela época, o popular Atlético Mineiro, então chamado de “time do povo” virou o “time do roubo”. E humilhado por Pelé e seus companheiros de Santos. Para Buião, que soube guardar bem o que ganhou em 18 anos de carreira, sobrou uma empresa de transportes, com ônibus e vans que até hoje atende a população de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Ele fez seu pé de meia em 1968 quando foi negociado com o Corinthians e ganhou os 15% do passe, que era o que rezava a lei. Buião comprou umas peruas para seu pai, que iniciou o negócio da família, tocado com a ajuda dos irmãos. No começo transportava estudantes. E mantém o negócio até hoje, agora com 60 anos e sempre lembrado como um dos principais jogadores do Galo, onde voltou e atuou até 1976. Em 155 jogos marcou 25 gols, um número alto para quem sempre foi conhecido como um garçom, para atender os demais atacantes.

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