São Paulo, SP, 18 (AFI) – O Juventus vive um dos momentos mais delicados de sua história recente. O clube da Mooca, que recebeu R$ 2,3 milhões da Prefeitura de São Paulo para reformar e manter o Estádio Conde Rodolfo Crespi, não executou as obras e agora enfrenta sindicância interna, investigação policial e um rombo financeiro que ultrapassa R$ 5,3 milhões. O escândalo congelou também o projeto de modernização da Rua Javari dentro do modelo SAF.

INVESTIGAÇÃO SOBRE USO IRREGULAR DE RECURSOS

Segundo apuração interna, os valores repassados entre 2019 e 2022 teriam sido desviados para contas dos dirigentes Antonio Ruiz Gonsalez, Paulo Troise Voci, Ivan Antipov e Raudnei Anversa Freire. Os apontados negam irregularidades e afirmam que todas as contas foram aprovadas à época.

O clube, porém, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Lavagem de Dinheiro, apontando mau uso dos recursos e afirmando que o dinheiro teria sido usado para pagar empréstimos feitos pelos próprios dirigentes — um possível caso de “benefício privado com verba pública”.

A prefeitura notificou o Juventus pelo atraso de 25 meses no projeto de restauro, multou o clube em R$ 2,95 milhões e ainda cobra o ressarcimento dos R$ 2,36 milhões repassados, elevando a dívida total para mais de R$ 5,3 milhões.

SAF PARALISADA E IMPASSE NA REFORMA DA JAVARI

Com a crise política e financeira, o projeto de SAF, que previa a modernização da Javari e ampliação para cerca de 15 mil pessoas, está parado. A Reag — antiga interessada — deixou o grupo após investigações da PF apontarem ligações com o PCC, o que também respingou na Portuguesa.

A Contea Capital assumiu o comando do projeto, mas encontra o clube travado pela disputa interna e pelo impasse jurídico. Sem definições, não há avanço prático no plano de modernização.

A Secretaria Municipal de Cultura disse que reformas emergenciais ainda podem ser realizadas, mesmo com a dívida, desde que aprovadas pelo Departamento de Patrimônio Histórico. A direção juventina, contudo, afirma que só dará sequência ao projeto após responsabilização dos ex-dirigentes.

TJ SUSPENDE SINDICÂNCIA E PROCESSO SEGUE INDEFINIDO

A sindicância aberta pelo Juventus está temporariamente suspensa por decisão do Tribunal de Justiça, após pedido de Ivan Antipov, que alegou falta de direito de defesa. O processo só poderá ser retomado após novo julgamento.

Enquanto isso, a crise se arrasta, afeta o planejamento esportivo e freia qualquer expectativa de evolução estrutural para 2026.

Em nota, o Juventus declarou que não comenta investigações em andamento, mas reafirmou compromisso com transparência e preservação do patrimônio moral e material do clube.