Vazamento revela gastos pessoais pagos pelo Corinthians na gestão Duilio

A denúncia ganhou força após a divulgação de uma planilha com 176 compras, totalizando R$ 86.524,62 em apenas 36 dias

O Corinthians arcou com despesas como cerveja, cigarros, remédios para disfunção erétil, flores, lanches, entre outros

Corinthians bancou gastos pessoais na gestao duilio
Duilio Monteiro Alves, ex-presidente do Timão - Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

São Paulo, SP, 22 (AFI) – Um escândalo financeiro abalou os bastidores do Corinthians nesta semana. Documentos e comprovantes fiscais vazados revelam que, durante a gestão do ex-presidente Duilio Monteiro Alves (2021–2023), o clube arcou com despesas de caráter pessoal, como cerveja, cigarros, remédios para disfunção erétil, flores, lanches, produtos de limpeza e até serviços de salão de beleza.

A denúncia ganhou força após a divulgação de uma planilha com 176 compras, totalizando R$ 86.524,62 em apenas 36 dias, entre setembro e outubro de 2023.

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ESCÂNDALO!

Embora as contas do clube referentes ao ano passado tenham sido aprovadas com ressalvas pelo Conselho Fiscal, a nova revelação coloca em xeque a integridade da gestão de Duilio. O ex-presidente nega qualquer irregularidade e afirma que os documentos foram manipulados com fins políticos.

Ainda assim, os comprovantes apresentados têm notas e cupons fiscais com nomes, CPFs e endereços de Duilio e de seu ex-motorista, Denilson Grillo, o “Carioca”. O clube, por sua vez, declarou que as faturas originais desapareceram e que já registrou um boletim de ocorrência sobre o sumiço.

GASTOS EXCESSIVOS

Entre os gastos registrados, o supermercado “Oliveira Minimercado” chama atenção: sete notas somaram R$ 32.580 em “serviços de buffet”, emitidas em um curto período. O endereço do estabelecimento, no Jardim Ângela (zona sul de SP), é o mesmo de uma residência onde os moradores afirmam que nunca houve atividade comercial. Além disso, a empresa alterou seu nome e atividade econômica dias antes da emissão das notas — de “Oliveira Obras de Alvenaria” para o atual nome.

Outro destaque é o “Oba Hortifruti”, onde foram feitas 38 compras de picanha, cerveja, frutas, doces e outros itens. Também há notas de redes de fast food, lavanderia, farmácias (com a compra de Cialis e Tadalafila) e até de uma loja de brinquedos, com aquisição de um cachorro de pelúcia.

Curiosamente, o relatório também contém dois recibos sem valor fiscal: R$ 3.350 pagos a Maria Aparecida de Souza e R$ 2 mil a Sidney Balbino dos Santos, ex-assessor parlamentar de Andrés Sanchez. Santos também aparece em outro cupom, como comprador de roupas no valor de R$ 339,98.

No setor de transportes, os gastos chegaram a R$ 13,8 mil, incluindo combustível, estacionamento, táxis e manutenção de veículo. Uma única nota fiscal somou R$ 9.470 com serviços automotivos. Em um posto específico, localizado na zona sul de São Paulo, foram registradas três compras no mesmo dia, o que levanta suspeitas de duplicidade de reembolso.

MAIS DETALHES

Segundo o relatório, Duilio teria recebido R$ 80 mil em espécie (em três repasses) para cobrir essas despesas, e o restante — R$ 6.524,62 — seria reembolsado ao clube. O próprio Denilson Grillo, que teria assinado o documento, negou ser o autor da assinatura, mas a mesma aparece em outro registro público, usado por ele para abrir uma empresa.

Além disso, há registros de compras durante viagens do clube. Em 3 de outubro, dia do jogo entre Fortaleza e Corinthians pela Sul-Americana, uma farmácia na capital cearense emitiu nota fiscal de Cialis, remédio para disfunção erétil.

Em nota, Duilio se defendeu das acusações:

“Não tenho qualquer receio sobre despesas da Presidência à época em que tive a honra de presidir o Corinthians – numa gestão que reconhecidamente controlou gastos e elevou o faturamento do clube para além da marca do R$ 1 bilhão. […] Só vou me manifestar quando o clube franquear acesso a eles, pois aí terei dados oficiais para rebater as mentiras”.

Wesley Melo, diretor financeiro à época, alegou desconhecer o relatório. João de Oliveira, então presidente do Conselho Fiscal, também afirmou não reconhecer os documentos.

ANDRÉS NA MIRA

O caso segue sem posicionamento oficial do Corinthians, mas deve ser tema de intensas discussões no Conselho Deliberativo e pode culminar em apuração interna e até desdobramentos na Justiça.

A polêmica também resgata o uso do cartão corporativo por Andrés Sanchez, ex-presidente do Timão, em 2020. O Conselho Deliberativo promete investigar despesas pessoais pagas com verba do clube, como uma estadia de réveillon em Tibau do Sul (R$ 9.416) e outra compra em Fernando de Noronha (R$ 6.980).

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