Consumo consciente: a responsabilidade que começa na arquibancada

Isso significa que a próxima edição da Copa poderá ser a que emitirá mais poluentes em toda a história do torneio

Pesquisas apontam que, anualmente, o futebol produz entre 64 e 66 milhões de toneladas de CO₂, o mesmo que toda a Áustria ou 60% a mais que o Uruguai

a
Foto: Cristalcopo/Divulgação

São Paulo, SP , 23 (AFI) – Com grandes eventos esportivos se aproximando, como a Copa do Mundo de 2026, diversas organizações, além daquelas inseridas no meio sustentável, estão com os sinais de alerta ligados para construir ambientes mais conscientes e sustentáveis dentro e fora dos estádios. 

Pesquisas apontam que, anualmente, o futebol produz entre 64 e 66 milhões de toneladas de CO₂, o mesmo que toda a Áustria ou 60% a mais que o Uruguai, segundo o Scientists for Global Responsibility (SGR). De acordo com o mais recente relatório da SGR, a Copa do Mundo de 2026 deve gerar cerca de 9 milhões de toneladas de dióxido de carbono.

Isso significa que a próxima edição da Copa poderá ser a que emitirá mais poluentes em toda a história do torneio. 

AÇÃO

Nesse sentido, recentemente, a Universidade Scuola Superiore Sant’Anna, de Pisa, criou o Projeto GARFIELD, em associação com quatro clubes da Europa: Aris FC, da Grécia; Betis, da Espanha; Hoffenheim, da Alemanha; e o Porto, de Portugal.

Esta é uma ação que busca combater o Greenwashing, estratégia de marketing na qual empresas e clubes se  apresentam como sustentáveis e conscientes, mas não cumprem os requisitos da prática.

O projeto incentiva os clubes europeus a seguirem  norma criada pela Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD), em vigor desde janeiro de 2023, que reforça a necessidade de as entidades esportivas divulgarem informações sobre desempenho social, ambiental e de governança (ESG). 

CLUBES BRASILEIROS

No cenário nacional, alguns clubes estão buscando alternativas para conscientizar os torcedores sobre problemas socioambientais, incentivando atitudes mais responsáveis e contribuindo com as comunidades locais. Com isso, novos projetos vêm se consolidando e virando referência, como o ‘Recicla Junto’, da Cristalcopo.  

O programa de responsabilidade socioambiental e de economia circular foi criado em 2019 – tendo o E.C. Criciúma como primeiro parceiro – para coletar e reciclar os resíduos gerados por torcedores durante os jogos.

Até hoje, a iniciativa já coletou mais de 470 mil quilos de resíduos. Em agosto de 2025, o projeto ganhou ainda mais reconhecimento e chegou até o Rio de Janeiro, com um acordo realizado com o Vasco da Gama para atuar em todos os jogos da equipe no estádio São Januário. 

“Não podemos, jamais, perder a atenção para as questões ambientais que nosso planeta atravessa. É de suma importância a execução de mais projetos sustentáveis, principalmente nos próximos anos, que deixem de ser exceção e passem a fazer parte da rotina dos estádios em todo o território brasileiro e também fora do Brasil. As arquibancadas brasileiras, que proporcionam verdadeiros espetáculos constantemente e por isso atraem a atenção de milhões de pessoas, podem ser também exemplos para uma sociedade que preza pela construção de um mundo mais sustentável”, afirma Augusto Freitas, presidente-executivo da Cristalcopo e fundador do Recicla Junto.