Cido Jacaré, de lateral do Bugre a leiturista na Sanasa

Cido Jacaré, de lateral do Bugre a leiturista na Sanasa

Cido Jacaré, de lateral do Bugre a leiturista na Sanasa

No rodízio semanal entre personagens de Guarani e Ponte Preta neste espaço, por motivo plenamente justificável repito postagem sobre Guarani e antecipo publicação.

Morreu Cido Jacaré no dia 24 de janeiro passado.

Por que o apelido de Jacaré? Questão óbvia. Boca larga, que guarda alguma semelhança com o réptil. E foi apelidado após chegar a Campinas em 1968. No Santos, seu clube anterior, era chamado de Aparecido.

O saudoso lateral-esquerdo Diogo era absoluto no time bugrino até que, no segundo tempo da partida contra XV de Piracicaba pelo Paulistão, Estádio Barão de Serra Negra, dia 23 de março de 1968, Cido Jacaré o substituiu.

O time bugrino da época? Pois não: Dimas; Miranda, Paulo Davolli, Beto Falsete e Diogo (Cido); Tião Macalé e Bidon; Joãozinho, Cardoso, Vanderlei e Carlinhos (Escurinho). Dorival Geraldo dos Santos foi o treinador naquele jogo em que o Guarani perdeu por 2 a 1. O Miranda em questão nada tinha a ver com aquele campeão brasileiro de 1978.

A partir daí Cido tomou conta da posição, praticamente determinando o encerramento da carreira de Diogo, um reserva que raramente teve outras chances.

Cido era um jogador forte, marcava relativamente bem, e tinha aceitável domínio de bola.

RENGANESCHI

Na temporada seguinte, o treinador Armando Renganeschi – já falecido – incorporou o professor Pardal ao inverter os laterais de posições, sendo ambos destros. Wilson Campos foi para a lateral-esquerda e Cido à direita.

Essa brincadeirinha prosseguiu até que o lateral-esquerdo Ferrari regressou ao Guarani com propósito de encerrar a carreira, em 1970. Aí Wilson Campos retomou à sua posição, enquanto Cido foi para o banco de reservas.

Lamentavelmente Cido abusava de bebida alcoólica. E da ‘branquinha’. O ‘bafo’ de cachaça era sentido até antes do treino matinal, e assim o declínio na carreira seria inevitável. Sequer conseguia superar Ferrari, nitidamente em final de carreira, e por isso os dirigentes bugrinos foram buscar Alberto, no Rio de Janeiro, em 1971, para cobrir a lacuna no setor.

BEZERRA

É tão curiosa a história de laterais-esquerdos do Guarani na época que Alberto, lento para acompanhar ponteiros velozes, teve que ser deslocado à quarta-zaga, abrindo espaço para recuo de Bezerra, então ponteiro-esquerdo, para a lateral.

Nesse vaivém de laterais-esquerdos bugrinos, Cido Jacaré já havia seguido a sua trajetória no Noroeste e encerrou a carreira de atleta no Catanduvense.

Foi aí que retornou a Campinas e o bugrino Sidney Pavan – influente na Sanasa à época – convenceu o presidente da empresa pública, Lauro Péricles Gonçalves, a contratar o ex-atleta como leiturista de medidor de consumo de água. E assim ele prosseguiu na empresa até a aposentadoria.

Claro que Cido não se distanciou do futebol. Foi árbitro da Liga Campineira de Futebol e se relacionou frequentemente com desportistas de Campinas.