Chelsea vai continuar no topo após venda, dizem especialistas

"Foi na gestão do bilionário russo que o time passou a ser vencedor e ter alcance global", diz Armênio Neto sobre Abramovich

O oligarca Abramovich finalizou, nesta segunda-feira, a venda do Chelsea ao empresário americano Todd Boehly

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Chelsea mudou de dono (Foto: Divulgação / Chelsea FC)

Campinas, SP, 30 – O oligarca Roman Abramovich finalizou, nesta segunda-feira, a venda do Chelsea ao grupo de investimentos liderado pelo empresário americano Todd Boehly e pelo consórcio Clearlake Capital. O novo dono do atual campeão mundial almeja entregar 200 milhões de euros (R$ 1 bilhão) para o técnico alemão Thomas Tuchel montar uma equipe ainda melhor. O objetivo é diminuir a vantagem conquistada pelos rivais Manchester City e Liverpool.

Por causa das restrições impostas ao ex-dono do clube londrino, Abramovich, oligarca russo ligado ao presidente Vladimir Putin, o Chelsea ficou impossibilitado de renovar contratos, vender ou contratar novos atletas. As autoridades inglesas investigam para que o ex-proprietário não receba qualquer valor em relação à venda do time.

“O Chelsea sofreu grandes sanções por parte do governo inglês. Canais de receitas do clube foram bloqueados, houve limitações de gastos em viagens internacionais e restrições de venda de ingressos para os jogos. Com a aquisição do clube londrino pelo consórcio e o fim das punições, creio que o time conseguirá atrair investidores, realizar parcerias e se recuperar desse período conturbado”, diz Bruno Maia, executivo de inovação no esporte.

Abramovich Chelsea guerra
Abramovich (Foto: Reprodução)

COMO FICA O CHELSEA?

Nessas duas últimas décadas sob gestão de Abramovich, foram 21 títulos conquistados, dentre eles, duas taças da Liga dos Campeões, cinco títulos do Campeonato Inglês e, recentemente, o Mundial de Clubes. O time de Londres se consolidou entre as principais equipes do mundo e conquistou uma legião de fãs. Após o magnata russo confirmar que deixaria a administração da instituição, alguns questionamentos de torcedores apareceram nas redes sociais: o Chelsea seguirá forte como é hoje, em termos de investimento e competitividade?

Para Luiz Henrique Martins Ribeiro, advogado especialista em negócios no esporte, a relação do aspecto financeiro e investimento não é exatamente um problema ou motivo de preocupação para os torcedores, uma vez que se trata de um clube como o Chelsea, que já conquistou o espaço e o patamar que está hoje.

“O clube não perde só o maior investidor, mas um líder vitorioso, alguém que ama o futebol e em especial o time, pois sempre estava nos jogos, acompanhava de perto as competições e tomava decisões do dia a dia. Porém, diante da mentalidade vencedora que foi construída ao longo dos anos, é possível sim continuar no topo do futebol mundial, caso planejamento e convicção sobre gestão e futebol permaneçam nessa nova gestão”, afirmou Ribeiro.

Alex Santiago, advogado, professor de Direito Desportivo e vice-presidente de futebol do Fortaleza, segue uma linha de raciocínio parecida. “Eu acredito que mantém esse status de gigante europeu. É claro que existe uma questão imagética, por conta da guerra e da relação de proximidade do Abramovich com o Putin, que está sendo visto na Europa com muita reserva. Creio que se trata muito mais de uma mudança de posição do bilionário russo para conservar a imagem do Chelsea do que propriamente uma mudança de impacto de gestão ou então no dia a dia do clube.”

Todd Boehly, líder do consórcio que comprou o Chelsea, tem larga experiência na gerência de agremiações esportivas. O empresário americano é um dos proprietários do Los Angeles Dodgers, equipe heptacampeã do principal campeonato de beisebol do mundo, do Los Angeles Sparks, time feminino de basquete, e conta com participação do Los Angeles Lakers, franquia da NBA com 17 títulos e ampla tradição.

“O futuro do Chelsea após a venda é um problema de qualquer grande empresa de dono fundador. É preciso considerar que tem muito da visão, da personalidade e do esforço do Abramovich na administração. É necessário que os novos proprietários estejam preparados para administrar o clube e seguir conquistando bons resultados” explicou Jorge Braga, CEO do Botafogo e um dos protagonistas no que diz respeito à venda da SAF para o americano John Textor.

Além de Todd Boehly, o bilionário suíço Hansjörg Wyss, o magnata do setor imobiliário Jonathan Goldstein e a companhia de investimento Clearlake Capital completam o consórcio que vai comandar o Chelsea.

“Roman Abramovich terá seu nome associado ao Chelsea para sempre. Foi na gestão do bilionário russo que o time passou a ser vencedor e ter alcance global. Isso é algo inesquecível para o torcedor. Trata-se de uma história que não há como ser apagada. Agora, depois da conclusão da venda, o clube viverá novos tempos. Atletas, comissão técnica e funcionários poderão trabalhar com menos incertezas e pressões políticas. Os patrocinadores da equipe seguirão seu planejamento conectado ao time e as novas empresas sentirão mais segurança em associar suas marcas ao clube londrino”, afirma Armênio Neto, especialista em negócios do esporte.

Renê Salviano, CEO da agência de marketing esportivo Heatmap e com vasta experiência em captação de patrocínios e projetos especiais em esportes, disserta sobre a internacionalização da marca e os frutos colhidos pelos investimentos.

“O Chelsea se tornou uma potência principalmente nos últimos 10 anos, por conta de toda a verba aplicada pelo Abramovich. Além disso, houve uma reformulação comercial com objetivo de internacionalização de marca e, obviamente, uma força especial na criação dos elencos. Esses esforços ocasionaram grandes títulos e uma nova potência mundial no esporte.”

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