Campinas, SP, 20 (AFI) – Blog do Ari. Indistintamente na vitória e derrota, o ex-treinador Jair Picerni fazia questão de dizer que futebol é resultado, que qualquer avaliação de uma equipe se prende basicamente pelo resultado, independentemente das circunstâncias.

Para torcedores e parte significativa da mídia, repercussões nas vitórias invariavelmente são canalizadas em aplausos. Em caso de derrotas, costumam buscar alguém para ‘Cristo’, e isso faz parte da rotina dos clubes de Campinas.

ITUANO

Na derrota para o Ituano, atribuíram tudo de ruim para o Guarani, e até colocaram o treinador Daniel Paulista na berlinda, com citações de que seria demitido em caso de derrota no dérbi.

Como pauto pela independência, fiz questão de alardear neste espaço que o primeiro tempo do Guarani diante do Ituano foi aceitável, pois havia jogado em condições de igualdade contra um competitivo adversário.

E mais: coloquei com clareza que a repetição daquele rendimento o colocaria na condição de favorito no dérbi campineiro, considerando-se a letargia da Ponte Preta.

Adiantou? Claro que não. Torcedor é passional, e pra contribuir com o cenário obscuro o treinador Daniel Paulista ‘sentou a madeira’ na equipe bugrina, citando como derrota vergonhosa para o Ituano, desconsiderando que o adversário criou quatro oportunidades ao longo da partida, e em três delas registro de falhas grotescas do zagueiro Ernando.

DÉRBI

Aí o Guarani aplicou goleada no dérbi por 3 a 0 e passaram a impressão de que o time colocou em prática aquilo que supostamente teria faltado em Itu.

Na prática o Guarani nada mais fez no dérbi de que repetir aquele primeiro tempo de Itu, tido como desprezível para o passional torcedor e segmentos da mídia que acompanham o sopro do vento.

No dérbi, o Guarani apenas se valeu da força do conjunto, organização tática e teve sabedoria para explorar erros grotescos da Ponte Preta, a exemplo de que fez o Ituano sobre o zagueiro bugrino Ernando, em noite pra esquecer.

Entendam que disciplina tática e organização não significam que o Guarani voltou a praticar o futebol da temporada passada, mas se enquadra em plano aceitável.

PEDRA CANTADA

Quanto a Ponte Preta, tentaram se iludir com vitórias sobre Novorizontino e Ferroviária, que na prática não serviram de parâmetro para o desajuste mostrado pela equipe neste Paulistão.

Justificativas sobre falta de condicionamento físico adequado e ritmo de jogo de atletas seriam admissíveis até a terceira rodada.

A partir dali, convenhamos que era desculpa esfarrapada.

Jogos sobre jogos e o trabalho do treinador Gilson Kleina foi poupado por aí, mas aqui não.

ERROS DE KLEINA

E precisava Kleina insistir com o irregular zagueiro Fabrício, mesmo que o preço disso seria escalar três zagueiros?

Se Norberto não convence e Kevin sequer deveria ter continuado no clube nesta temporada, na lateral-direita, por que não se deslocar o volante Marcos Júnior ali? Por sinal isso já aconteceu até mesmo na Ponte Preta.

Será que não ficou claro para o então treinador da Ponte que a equipe não contou com um meia que pudesse abastecer atacantes?

Aí, sem organização por dentro e falta de transição pelos lados, o jeito foi a bola chegar quebrada ao ataque na base do chutão.

E por que o presidente Marco Eberlin não viu isso? Ou se viu por que deixou de tomar providências?

Na prática, o futebol da Ponte Preta foi tocado na base de se empurrar com a barriga, e deu nisso.

ERROS EM CONTRATAÇÕES

Claro que equívocos em contratações de jogadores evidenciam que Eberlin não estava devidamente conectado com a Série B da temporada passada.

Se tivesse não seria admitido a contratação do meio-campista Matheus Jesus, considerando-se as últimas passagens dele por Bragantino e Náutico.

Volante Wesley sequer foi titular num time modesto como o CRB, o mesmo ocorrendo com Pedro Júnior no Vila Nova (GO).

NOVO TÉCNICO

Enfim, os jogadores estão aí e a expectativa do torcedor pontepretano é que o sucessor de Gilson Kleina tenha discernimento para escalar os melhores, que coloque em prática o mínimo de organização dos jogadores em campo.

Além disso, que cobre do grupo que esteja na plenitude da forma física para a sequência do trabalho, até porque o risco de rebaixamento à Série A2 do Paulistão é real.

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